*Leia o artigo escrito pelos presidentes da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Helena Bonciani Nader, e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Renato Janine Ribeiro, para a Folha de S. Paulo.
Ciência não é gasto, é investimento. O mundo inteiro sabe, menos o Brasil. A União Europeia trabalha na reformulação de um programa multibilionário de pesquisa colaborativa para ajudar a deter o declínio econômico e tecnológico do bloco. Os Estados Unidos aumentaram investimentos em tecnologias críticas e emergentes, como inteligência artificial e computação quântica, para manter a competitividade global. A China vem ampliando o total aplicado em ciência, chegando a 2,5% do PIB —há 30 anos, aplicava 0,5%.
Não são iniciativas ao acaso. Há fartas evidências de que o investimento em ciência e tecnologia aumenta a produtividade, fator que ajuda a elevar os níveis de renda. Países como Coreia do Sul, Inglaterra e outros que se destacam em inovação vêm ampliando aportes em pesquisa e desenvolvimento —e em ritmo superior ao Brasil, que investe apenas 1,2% do PIB.
Enquanto países desenvolvidos elevam investimentos, continuamos a garantir recursos aos solavancos, após pressão da comunidade científica. Um país que enfrenta enchentes no Sul e seca na Amazônia não pode relegar a ciência à mera despesa. A negligência em relação à área enfraquece nossa capacidade econômica, subestima nosso potencial para inovação e mina nossa competitividade. De quebra, estimula a “fuga de cérebros” para outros países.
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