Em 22 de agosto de 2024, a diretoria da Academia Brasileira de Ciências (ABC) decidiu, por unanimidade conceder ao engenheiro Othon Luiz Pinheiro da Silva a Medalha Henrique Morize “em reconhecimento aos inestimáveis serviços prestados à Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil, especialmente no campo da energia nuclear”. Othon Luiz Pinheiro da Silva, engenheiro naval e nuclear formado pelo MIT, teve um papel crucial no desenvolvimento da tecnologia nuclear brasileira, desde coordenar projetos de construção naval até liderar inovações em propulsão e ciclo de combustível nuclear.
Othon é reconhecido por suas contribuições significativas à ciência e tecnologia do Brasil, o que levou à sua recente homenagem com a Medalha Henrique Morize pela Academia Brasileira de Ciências, entregue em homenagem realizada no dia 12 de dezembro de 2024. Durante sua carreira, ele trabalhou sobretudo na independência tecnológica do Brasil no setor nuclear, inclusive através da construção do primeiro reator nuclear projetado no país e o avanço no enriquecimento de urânio usando tecnologia nacional. Além disso, como presidente da Eletronuclear, Othon teve um impacto positivo na performance da central de Angra e apoiou a retomada da construção de Angra 3. Sua carreira é marcada por uma forte defesa do setor nuclear na matriz energética brasileira e colaborações valiosas no estabelecimento de uma política nuclear.
A medalha, que leva o nome do primeiro presidente da ABC, foi entregue pelas mãos da atual mandatária, Helena Bonciani Nader, que enalteceu o legado do premiado.
“Graças ao trabalho do Almirante Othon em acreditar que a ciência muda um país, o Brasil hoje domina toda a cadeia de enriquecimento de urânio. Conseguir isso sempre dependeu de materiais cuja venda é restrita, mas sua equipe conseguiu desenvolver aqui. Estamos falando de uma tecnologia cujo impacto vai muito além da área militar, contribuindo para geração de energia e para tratamentos de saúde. Gostaria de registrar aqui o meu agradecimento”, disse Nader.
Em seguida, foi dada a palavra a Joana Domingues Vargas, filha do ex-presidente da ABC José Israel Vargas, que falou em nome de seu pai.
“O vice-almirante e engenheiro Othon Pinheiro desenvolveu o enriquecimento isotópico do urânio para a centrifugação, uma contribuição extraordinariamente valiosa que ensejou a independência nuclear do Brasil. Ainda com base nas ligas magnéticas especiais utilizadas na ultracentrifugação, ele projetou uma mini turbina a fio d’água capaz de permitir a autonomia energética de pequenas comunidades. Trata-se de um método muito original e proveitoso que permite, por exemplo, gerar energia elétrica nos leitos dos cursos d’água da Amazônia, onde as pequenas cidades são dependentes de diesel”, explicou Vargas, “Registro que me detive apenas nas suas maiores contribuições à ciência e à tecnologia brasileira. Haveria muito mais o que falar em sua homenagem”.
Visivelmente emocionado, o homenageado compartilhou a honra com a equipe que comandou no programa nuclear.
“Os cientistas são os faróis, eles alargam as fronteiras do conhecimento. Depois vêm os engenheiros, os físicos, os técnicos, que, iluminados pelos cientistas, transformam esse conhecimento em tecnologia. Naquele programa, tive a honra de ter sido designado pelo grande Almirante Márcio Vianna da Fonseca. Costumo dizer que os almirantados são como vinhos, algumas safras são melhores que as outras, e esta era, sem dúvida, uma excelente safra. Na vida, eu nada mais fui do que um dedicado cumpridor de missões, que deu a sorte de conseguir juntar uma equipe fantástica de engenheiros, físicos, técnicos, que, iluminados pelos cientistas que estavam no sistema universitário, fizeram com que nós caminhássemos com as próprias pernas por caminhos que muitos países do mundo não conseguem caminhar. Muitos daquela equipe já se foram e eu me lembro deles com saudade, foram anos de muito trabalho mas, quando o ambiente é bom, isso traz grande satisfação. Sozinho ninguém faz nada, portanto, posso dizer que fui iluminado pelos cientistas com quem tive o prazer de conviver e agora recebo mais esta dádiva por eles”, agradeceu o Almirante Othon Pinheiro.
Estiveram presentes na cerimônia os membros da diretoria da ABC e os Acadêmicos Aldo Zarbin, Débora Foguel, Jorge Almeida Guimarães, e Renato Cotta. O atual comandante da Marinha, Almirante Marcos Olsen, o presidente do Clube de Engenharia, Francis Bogossian e a vice-presidente, Olga Simbalista, também participaram.
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Sobre a Medalha Henrique Morize
A Medalha Henrique Morize foi criada em 2014 com o propósito de homenagear indivíduos ou instituições que realizem ou tenham realizado contribuições expressivas para a Academia Brasileira de Ciências, bem como para o desenvolvimento da ciência brasileira. Os agraciados são selecionados pela Diretoria da ABC.
Até então, receberam a medalha Jorge Almeida Guimarães (2014), Américo Fialdini Jr. (2016), Helena Nader (2017), Jacob Palis Jr., (2018), Ildeu de Castro Moreira (2021), Eduardo Moacyr Krieger (2023), José israel Vargas (2023) e Luiz Davidovich (2023).
Saiba mais sobre o prêmio e sobre os recipientes da homenagem aqui.