Leia entrevista de Bela Lobato com a Acadêmica Mara Hutz, uma das autoras do novo livro da ABC “Evolução é Fato”, para a revista SuperInteressante, publicada em 20/10:
Os Homo sapiens surgiram na África há cerca de 200 mil anos. Desde então, as comunidades humanas viveram a maior parte da sua existência de forma nômade, migrando de um lugar para o outro. Os primeiros dois terços da nossa história se passaram exclusivamente na África, e foi só há cerca de 60 mil anos que as populações começaram, lentamente, a migrar para outros continentes.
Saindo da África, os humanos seguiram se espalhando pelo norte, em direção à Ásia e à Europa. A migração para a Oceania se deu através das ilhas do sul da Ásia há cerca de 60 mil anos, e a América foi o último continente a ser ocupado.
A data exata da chegada às Américas, porém, é um tópico de debate acirrado entre os cientistas, já que existem teorias que disputam entre si. O consenso científico – ou seja, o que a maioria dos cientistas acredita – é que o povoamento veio da Sibéria para o Alasca, no norte da América do Norte, através de uma passagem chamada Estreito de Bering, há cerca de 14 mil anos. Seria algo relativamente recente, então.
Entretanto, existe outra versão que se baseia em evidências muito mais antigas do que essas, e argumenta que os humanos já viviam nas Américas há mais de 20 mil anos. Essa teoria é fundamentada por achados arqueológicos diversos, como adornos feitos de ossos de preguiça-gigante de 25 mil anos atrás encontrados no Mato Grosso.
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Todas essas informações são obtidas a partir de evidências de vários tipos: a arqueologia e a paleontologia podem estudar restos de humanos que morreram há muito tempo, de ferramentas que eles deixaram, restos de animais domesticados ou atacados por humanos, vestígios de construções, cemitérios etc. Tudo isso pode ser analisado geneticamente, anatomicamente e culturalmente, além de comparado entre si e com outros materiais
encontrados pelo mundo.
Com todas essas peças, os cientistas tentam montar um panorama histórico complexo, que vive sendo atualizado e rediscutido. Para entender um pouco mais sobre a história dos humanos nas Américas, a Super conversou com [a Acadêmica] Mara Hutz, doutora em genética e biologia molecular e professora da Universidad Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Em parceria com o biólogo [e Acadêmico] Fabrício Rodrigues dos Santos, ela é autora de um dos capítulos do livro A Evolução é Fato, que conta com a participação de 28 pesquisadores brasileiros. Você pode baixá-lo gratuitamente aqui. A obra aborda diferentes fases da evolução na Terra, de um jeito simples e fácil de ler. O livro levou três anos para ficar pronto, e foi feito pela Academia Brasileira de Ciências (ABC), que se manteve atualizada das descobertas científicas durante todo o processo.
A professora enfatiza que o conhecimento sobre essa história das Américas pode ser um elemento para a defesa dos povos nativos. “Conhecer essa história evolutiva é muito importante para para reconhecer os direitos dos povos indígenas atuais, para a demarcação das terras indígenas e a preservação da cultura ameríndia”, diz. “Eu não vejo isso nas discussões sobre demarcação de terras indígenas, sobre a preservação da cultura indígena. Essa é uma posição pessoal minha: eu acho que isso tem que ser levado em consideração, porque indica a importância de preservar essa cultura que está praticamente em extinção. E a gente não deve deixar isso acontecer”, acrescenta Hutz.
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