Há 66 milhões de anos, um asteroide colidiu com a Terra no local onde hoje fica a península de Yucatan, no México. Além de pulverizar instaneamente tudo que havia no local da colisão, o pedregulho de 12 km de diâmetro destroçou o equilíbrio do clima e dos ecossistemas de todo o mundo.

Ali começou uma cadeia de eventos que ficou famosa por extinguir quase todos dinossauros (a exceção foram as aves). Essa não foi a primeira extinção em massa que o planeta enfrentou, nem a pior. Mesmo assim, mais de 75% da fauna terrestre bateu as botas, e os poucos sobreviventes se irradiaram para dar origem ao mundo como o conhecemos. 

Para entender como os mamíferos se aproveitaram do vazio de répteis para dominar a Terra, conversamos com a paleontóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Marina Bento Soares. Ela explicou por que os dinossauros nunca foram totalmente extintos, como eram os primeiros mamíferos da Terra e como era vida de um mamífero que comia dinossauros.

Junto com Alexander Kellner, também paleontólogo, ela é autora de dois dos capítulos do livro A Evolução é Fato, que conta com a participação de 28 pesquisadores brasileiros. Você pode baixá-lo gratuitamente aqui

A obra aborda diferentes capítulos da história da vida na Terra, de um jeito didático e acessível, sempre através do prisma da seleção natural. O livro levou três anos para ficar pronto, e foi feito pela Academia Brasileira de Ciência (ABC), que se manteve atualizada sobre descobertas científicas durante todo o processo. 

A maior parte das explicações inclui exemplos brasileiros – o que, aliás, não faltam quando falamos de fósseis. A conversa a seguir faz parte de uma série de entrevistas que a Super está publicando com os autores dos textos.

Por que nem todos os animais que viviam na Terra foram extintos da mesma forma que os dinossauros no final do Cretáceo? 

Marina: Eventos de extinção em massa sempre aconteceram ao longo da história da vida na Terra. Não foi uma, nem duas, nem três, foram muitas. Porém, existem cinco delas que são consideradas as big five, que são aquelas em que mais de 75% de todas as espécies, seja vertebrado, invertebrado, planta, foram extintas. A do Cretáceo, que afetou os grandes dinossauros e outras espécies, foi a mais recente, mas não foi a pior.

Essas extinções são explicadas por uma série de causas, sempre tem uma cascata de eventos, uma coisa vai levando à outra. Na extinção dos dinossauros, assim como em outras, há eventos de vulcanismo envolvidos. Mas, aliado a isso, a gente tem o tal do corpo celeste que se chocou com a Terra.

Mas é importante dizer que não foram só os dinossauros que foram extintos nesse momento. Vários grupos foram afetados, e vários se recuperaram. Tartarugas, répteis, aves e mamíferos.

Na verdade, os dinossauros não foram extintos nessa extinção do Cretáceo, porque as aves são dinossauros. Aves surgiram diretamente dentro de um grupo de dinossauros terópodes e são consideradas dinossauros. Então, é por isso que hoje falamos em dinossauros não-avianos, que são aqueles que foram extintos, e os avianos, que estão aí até hoje.

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