A titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC) Patricia Torres Bozza foi entrevistada pela série de lives do Valor Econômico “G20 no Brasil”. A Acadêmica liderou o grupo de trabalho sobre Saúde no S20, grupo de engajamento do G20 em ciência, e abordou o tema durante a conversa, que também contou com a participação da sherpa do C20, o grupo de engajamento da sociedade civil, Alessandra de Nilo.
Durante a conversa as convidadas demonstraram como os trabalhos do S20 e C20 em saúde convergiram em temas e recomendações prioritárias. A líder do C20 destacou que uma das preocupações principais de seu grupo é sobre a necessidade de questões de propriedade intelectual impactarem menos no acesso às vacinas, como aconteceu de forma trágica na pandemia. “Ainda há 15 milhões de crianças no mundo que não foram vacinadas”, alertou.
Nesse âmbito, Patricia Bozza defendeu que uma das preocupações do Brasil é ter um sistema de saúde e produção de insumos capaz de suprir essa demanda durante crises sanitárias. Ela abordou também o problema da desinformação, que minou as taxas de imunização no mundo inteiro, inclusive num país com um sistema de saúde pública e uma cultura de vacinação robusta como o Brasil.
Outra questão foram os impactos das mudanças climáticas na saúde humana, cuja influência no surgimento de epidemias já vem se demonstrando. “As novas epidemias de dengue mostraram que o que era muito concentrado no verão aumentou sua sazonalidade, também vimos surtos de dengue em países onde nunca havia ocorrido antes”, exemplificou Bozza.
Extremos climáticos também trazem outras preocupações sérias, como os surtos de doenças infecciosas após as enchentes no Sul ou a queda brusca na qualidade do ar resultante do fogo que atinge todo o continente. “Nossa recomendação é para que haja de fato uma mobilização de financiamento para esforços climáticos em saúde, voltada a países de baixa e média renda, com o estabelecimento de um fundo central de clima e saúde”, disse a Acadêmica.
Outro problema sério da atualidade é a saúde mental. Segunda a Organização Mundial da Saúde (OMS), 5% da população mundial em idade ativa sofre com problemas psicológicos graves, e 15% com problemas moderados. “Isso causa impactos enormes na qualidade de vida e precisamos trabalhar pelo diagnóstico precoce e a prevenção. Em particular, o impacto de questões contemporâneas como as redes sociais na saúde mental de crianças e adolescentes é significativo e estudos já mostram um aumento nos casos de suicídio nessa faixa etária”, alertou.
Confira a entrevista completa: