O gosto pela ciência pode vir da curiosidade, mas entender a fundo o método científico – e o que faz dele uma ferramenta tão especial – também pode ser a faísca que faz nascer um cientista. No caso da médica-veterinária Joanna Maria Gonçalves de Souza Fabjan, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) e nova afiliada da Academia Brasileira de Ciências (ABC), essa compreensão aprofundada foi o que a fez se apaixonar, tanto pela pesquisa quanto pela sua própria área.
Joanna escolheu a Medicina Veterinária pelo motivo clássico: o amor pelos animais. Apesar de nunca ter tido um bichinho de estimação no apartamento em que cresceu, no Rio de Janeiro, as férias com a família em Teresópolis e Rio das Ostras, municípios do interior fluminense, fizeram com que ficasse encantada pelos animais de fazenda. “Me lembro bem de acompanhar a ordenha das vacas e achar tudo muito curioso e fascinante. No entanto, foi somente quando iniciei o curso que ficou claro a grandeza, a complexidade e a aplicabilidades da profissão. Isso fez o encanto aumentar ainda mais”, conta.
Sua trajetória acadêmica reflete essa multiplicidade de atuações. A pesquisadora cursou Medicina Veterinária na Universidade do Grande Rio (Unigranrio), no Rio de Janeiro; fez iniciação científica na Embrapa Leite, em Minas Gerais; fez especialização em pequenos ruminantes no Centro Universitário Octávio Bastos (Unifeob), em São Paulo; cursou mestrado em Zootecnia na Universidade Federal de Viçosa (UFV), de volta a Minas Gerais; e finalmente, doutorado em cotutela pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) e no Institut National de la Recherche Agronomique, na França.
“Considero de grande importância as experiências adquiridas nos diferentes grupos de pesquisa por onde passei e com os pesquisadores com quem tive a honra de aprender”, conta a Acadêmica, destacando seus orientadores Carlos Vasconcelos, da Unigranrio; Jeferson Fonseca, da Embrapa; Ciro Torres, da UFV; Vicente Freitas, da UECE; e Pascal Mermillod, do período na França. “Sou extremamente grata a cada um deles!”.
Hoje professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), Joanna é colega de docência de Carlos Vasconcelos, seu primeiro orientador, o que é motivo de imenso orgulho. Sua principal linha de atuação está no uso de biotécnicas reprodutivas em animais de produção, desenvolvendo inovações para tornar a pecuária brasileira ainda mais produtiva. “Ao otimizar a reprodução, essas tecnologias ajudam a reduzir o impacto ambiental da criação de animais, pois possibilitam a produção de mais alimentos com menos recursos. O Brasil é destaque na exportação de diversos produtos de origem animal, como carne suína, bovina e aves; no entanto, ainda importamos carne e laticínios de caprinos e ovinos. Ou seja, existe uma demanda não atendida totalmente pela produção nacional na qual temos margem para crescer”, explica.
Essa capacidade de gerar desenvolvimento sustentável é algo que a motiva a fazer ciência cada dia mais. “Entender que o método científico me permite ser parte da resolução de problemas como a fome me enche de certeza de que esse é o meu verdadeiro lugar. A ciência tem ainda um papel educativo e cultural, inspirando a curiosidade e incentivando o questionamento. É uma área encantadora e admirável para se dedicar!”.
Joanna recebeu a nomeação com entusiasmo e divide a honra com seu grupo de pesquisa, afirmando ser esse um estímulo a mais para a nova geração de pesquisadoras. Outro aspecto que destaca é poder atuar na divulgação para construir uma verdadeira cultura científica no Brasil. “Me traz a sensação de estar no caminho certo, mesmo com todas as dificuldades que possam existir ao longo do percurso”, resume.
Mas nem só de ciência vive a cientista. Nas horas vagas, Joanna adora viajar para conhecer novos lugares e culturas. Mas nada se compara ao seu amor pelo futebol e pelo Botafogo. Em 2024, o clube da estrela solitária está jogando, sem sombra de dúvidas, o melhor futebol do Brasil e, quem sabe, não tornará esse ano ainda mais especial na vida da Acadêmica.