Foi realizado no dia 3 de setembro, terça-feira, no Centro de Atividades Didáticas 3 da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o Simpósio e Diplomação dos Membros Afiliados da ABC da Regional Minas Gerais & Centro-Oeste 2024-2028.

Na ocasião, apresentaram suas pesquisas, pelas quais foram eleitos, cinco jovens destacados cientistas: Ana Paula de Carvalho Teixeira (UFMG, Ciências Químicas), Daniel Mendes Pereira Ardisson Araújo (UnB, Ciências Biológicas), Luiz Antonio Ribeiro Junior (UnB, Ciências Físicas), Marcos Vinicius da Silva (UFTM, Ciências Biomédicas) e Sumbal Saba (UFG, Ciências Químicas).

Os cinco foram eleitos em 2023 e empossados automaticamente no dia 1º de janeiro de 2024, com mandato até 31 de dezembro de 2028. Conheça a trajetória de cada um:


Do Técnico ao Pós-Doutorado em Química

A trajetória da professora da UFMG Ana Paula de Carvalho Teixeira na química começou antes mesmo da graduação. Foi num curso técnico em biotecnologia que ela descobriu sua vocação para o mundo dos átomos e das moléculas.

 

 


O ‘pulsão de vida’ da ciência

O biólogo e professor da UNB Daniel Ardisson-Araújo superou condições adversas para ser pioneiro no ensino superior entre a família, e hoje cumpre mais uma etapa se tornando afiliado da ABC.

 

 


O poder simulacional dos computadores

Novo afiliado da ABC, o professor do Instituto de Fìsica da UnB Luiz Antonio Ribeiro Junior utiliza simulações computacionais para estudar e descobrir novas aplicações para nanomateriais.

 

 


Um cientista de muitos gostos

Biomédico e professor da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Marcos Vinicius da Silva só conseguiu decidir a carreira que seguiria de última hora, e hoje é um especialista em doenças tipicamente brasileiras.

 

 


Desde uma agulha até o céu, tudo é química

Professora de química orgânica da Universidade Federal de Goiás e nova afiliada da ABC, a paquistanesa Sumbal Saba encontrou no Brasil um lugar acolhedor para fazer ciência.

 

 


Mesa de abertura

A cerimônia ocorreu num dia de luto para a ciência mineira. Na véspera, faleceu o pioneiro da física brasileira Ramayana Gazzinelli, aos 91 anos. O pesquisador era membro titular da ABC e foi fundamental para a consolidação da pós-graduação da UFMG e para a criação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). A reitora da universidade, Sandra Regina Goulart Almeida, pediu uma salva de palmas à memória de Gazzinelli.

Ela ressaltou que é preciso defender investimentos perenes na ciência nacional. “Não podemos viver de ‘soluços’, não podemos esperar que dois anos serão suficientes para recuperar do desmonte, precisamos investir nas nossas instituições e na fixação de talentos. Com a ciência nós veremos o país que queremos, sem ela não veremos país nenhum”, enfatizou.

Em seguida, foi a vez do vice-presidente da ABC para a Regional MG & CO, Virgilio Almeida, que enalteceu os novos afiliados e a diversidade que trazem para dentro da Academia. Ele ressaltou que tempos de mudança requerem instituições sólidas e que é a missão da ABC promover o avanço da área. “Os Afiliados, com seu conhecimento e energia, têm enorme responsabilidade. A ciência diz respeito à ideias arranjadas com criatividade, testadas e validadas por modelos e experimentos. É importante termos claro que, nos momentos atuais de negacionismo e ataques, a ciência cada vez mais diz respeito a pessoas”, afirmou.

Carlos Alberto Arruda de Oliveira, presidente da Fapemig, voltou à lembrar de Gazzinelli e sua persistência para tirar a Fundação do papel. “O que eu via nele era a determinação para fazer diferente. A situação era desfavorável, com recursos limitados, e mesmo assim ele deixou um legado importantíssimo para Minas Gerais. Hoje temos o terceiro maior orçamento de fundações estaduais no Brasil”, lembrou.

A mesa de abertura contou com Carlos Alberto Arruda de Oliveira, presidente da Fapemig; Sandra Regina Goulart Almeida, reitora da UFMG; Virgilio Almeida, vice-presidente da ABC para a Regional MG & CO; e Clélio Campolina Diniz, ex-ministro de CT&I

Palestras Magnas

Luiz Davidovich

Durante o evento, foram ministradas duas palestras magnas por membros titulares da Academia. A primeira foi de seu ex-presidente Luiz Davidovich. Intitulada “Os sonhos de Einstein”, a palestra abordou as tecnologias quânticas, desde a origem do campo até agora.

Einstein formulou a ideia da dualidade partícula-onda da luz, ou seja, a percepção de que, dependendo do experimento, a luz pode se comportar como partícula – fótons – ou como energia. Esse foi o pontapé inicial para a física quântica, que adicionou camadas de complexidade à física que conhecíamos anteriormente. Hoje, tecnologias consolidadas como os lasers, ressonâncias magnéticas nucleares e o GPS só são possíveis graças à física quântica.

Porém o melhor ainda está por vir. “Com a segunda revolução quântica fomos apresentados aos qbits, ou bits quânticos, que possibilitam a computação quântica. Ao contrário dos bits tradicionais, binários, os qbits possibilitam uma gama muito maior de sinais. A computação vem evoluindo de forma que temos transistores cada vez menores, mas isso tem um limite, que é o tamanho do átomo, a partir daí só a física quântica poderá avançar”, afirmou Davidovich.

Hoje a computação quântica já é utilizada, por exemplo, para a fabricação de sensores ultra-precisos, como os utilizados para a descoberta das ondas gravitacionais, ou mesmo para realizar exames de última geração no cérebro de pacientes.

Vanderlan Bolzani

A segunda palestra magna ficou à cargo da presidente da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp), Vanderlan Bolzani. Intitulada “Biodiversidade, palavra feminina”, a Acadêmica frisou a importância de defendermos a riqueza natural brasileira por seu valor intrínseco. “Mais importante do que buscar sua utilidade, precisamos entender a natureza por ela mesma”, enfatizou.

Ao longo da apresentação, a Acadêmica levou o público por um passeio pelos diferentes produtos da flora brasileira e suas aplicações, desde a alimentação, mas principalmente em sua área de estudo, a química dos produtos naturais. “Nós cientistas olhamos para a natureza porque a partir dela descobrimos modelos moleculares inusitados que nenhuma espécie seria capaz de imaginar em sua beleza e sofisticação”.

Para ela, a luta pela conservação brasileira força aos cientistas serem mais do que apenas cientistas. “Não basta só a bancada, nós temos que ser intelectuais, temos que entender a nossa história, entender a nossa economia e o nosso desenvolvimento. Só assim para entendermos como fazer uso sustentável da nossa biodiversidade”, avaliou

Em meio aos gigantescos incêndios que assolam o Centro-Oeste e regiões do Norte e do Sudeste, Vanderlan fez um alerta: “Ao queimar o cerrado estamos destruindo uma biblioteca química que sequer conhecemos”.

Saudações aos novos Acadêmicos

Em nome do corpo de afiliados da ABC, o químico Eufrânio Nunes da Silva Júnior, afiliado no período 2020-2024, saudou os novos colegas. “Estar vinculado à uma academia não é apenas um símbolo de honra, mas também um compromisso contínuo com a excelência. Essa associação representa a culminância de um percurso de dedicação e esforço, e, simultaneamente, uma nova etapa em nossa jornada, marcada pelo desafio constante de elevar os padrões da ciência e do conhecimento. O prestígio das nossas instituições dependem da valorização que atribuímos a elas”, afirmou.

Falando em nome dos novos afiliados, a pesquisadora Ana Paula de Carvalho Teixeira agradeceu ao apoio de todos os colegas, alunos e familiares, e também das instituições que representam. “Tenho certeza de que, assim como eu, meus colegas sentem-se honrados com essa oportunidade e reconhecimento. Espero que possamos continuar desenvolvendo nossos trabalhos, orientando nossos alunos e nos lembrando de nossa missão. Somos uma das profissões com maior capacidade de impactar positivamente a sociedade ao nosso redor”, concluiu.

Eufrânio Diniz e Ana Paula Teixeira, afiliados da ABC

Assista à cerimônia completa: