Leia na Agência Fapesp a reportagem de André Julião, de Piracicaba:
Reduzir as emissões e aumentar o sequestro de gases do efeito estufa na agricultura, ao mesmo tempo em que se aumenta a produtividade de alimentos, fibras e energia. Este é o desafio do Centro de Pesquisa de Carbono em Agricultura Tropical (CCarbon), sediado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP) e lançado oficialmente no dia 17 de novembro, em Piracicaba.
O CCarbon é um dos cinco novos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) da FAPESP anunciados em março, selecionados entre 38 projetos submetidos à chamada lançada em 2021 (leia mais em: agencia.fapesp.br/41018/).
“Além da qualidade das pesquisas já realizadas aqui, pesou para a escolha dessa proposta a pertinência do tema, num momento em que estamos caminhando para a transição verde, ao lado da transição digital”, disse [o Acadêmico] Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP, durante cerimônia solene realizada na Esalq-USP.
O diretor do CCarbon, Carlos Eduardo Pellegrino Cerri, [que foi membro afiliado da ABC no período 2007-2012] lembrou que cerca de 20% das emissões globais de gases do efeito estufa são decorrentes da agricultura. No Brasil, porém, essa parcela é de 27%. Isso num contexto em que o país tem uma meta de redução de 37% das emissões até 2025 e de 43% até 2030.
“Nos propomos não só reduzir as emissões como a capturar mais carbono, pelo solo. A agricultura, portanto, pode ser parte da solução do problema e o Brasil tem papel fundamental nisso”, explicou o professor da Esalq-USP.
O novo centro, portanto, vai desenvolver soluções inovadoras e estratégias para mitigar as emissões, como definir as melhores práticas de manejo. Segundo Cerri, as soluções existentes hoje estão, em sua maioria, relacionadas ao clima temperado do hemisfério Norte, não necessariamente servindo para a agricultura tropical praticada no Sul Global.
“Nossa ambição é ser um centro de classe mundial. O que gerarmos aqui possa servir para outros países tropicais e mesmo para os Estados Unidos e a Europa”, resumiu Mauricio Roberto Cherubin, vice-coordenador geral, diretor de pesquisa do CCarbon [e membro afiliado da ABC eleito para o período 2023-2027).
Diretor de inovação do Centro, [o membro afiliado da ABC eleito para 2021-2025] Pedro Henrique Santin Brancalion lembrou que o carbono está se transformando em uma commodity, e das mais valorizadas. Nesse cenário, o Brasil tem potencial de atuação como foi a dos países árabes para os combustíveis fósseis.
“Podemos contribuir para resolver um problema da humanidade. Diante da escala, temos de ser ambiciosos. A inovação, portanto, é crítica. Uma das vantagens é que aumentar o estoque de carbono aumenta também a produção. E a vegetação nativa restaurada tem papel fundamental nos serviços ecossistêmicos”, resumiu.