O Simpósio e Diplomação dos Membros Afiliados da ABC da Regional Minas Gerais e Centro-Oeste 2023-2027 foi realizado em Belo Horizonte, no dia 13 de setembro, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Na ocasião, apresentaram suas pesquisas, pelas quais foram eleitos, e receberam seus diplomas cinco jovens pesquisadores de excelência – Eugenio Damaceno Hottz (ciências biomédicas, UFJF), Jamal Rafique Khan (ciências químicas, UFMS), Juliana Reis Machado e Silva (ciências da saúde, UFTM), Manuel Houmard (ciências da engenharia, UFMG) e Sérgio Henrique Godinho Silva (Ciências Agrárias, UFLA) – professores universitários dos estados de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul. Eles foram eleitos no final de 2022, empossados automaticamente em 1o de janeiro de 2023 e cumprirão o mandato entre os anos de 2023 e 2027.
Abertura
Foi então composta a mesa de abertura, com a pró-reitora Adjunta de Pesquisa da UFMG, Jacqueline Takahashi, Virgilio Almeida, vice-presidente Regional da ABC para a região MG&CO; Paulo Sérgio Lacerda Beirão, presidente da Fapemig; Maria Domingues Vargas, diretora da ABC; e Ruben George Oliven, vice-presidente Regional da ABC para a região Sul.
Jacqueline Takahashi dirigiu-se aos professores ou formados da UFMG presentes na mesa. Agradeceu muito à Fapemig, ali representada por seu presidente, o Acadêmico Paulo Beirão, professor emérito da UFMG, aposentado do Departamento de Bioquímica e Imunologia e também membro titular da ABC. “Obrigada, não só pelo trabalho de fomentar a pesquisa em Minas Gerais, mas por ter ajudado a Fapemig a se reinventar, de modo a fazer com que os recursos, nem sempre muitos, possam contemplar demandas emergentes ou historicamente menos favorecidas. Isso tem feito muito bem para a nossa região de Minas Gerais”, afirmou.
À química e Acadêmica Maria Vargas, Takahashi agradeceu pelo trabalho ativo no sentido de aumentar a representatividade feminina na ciência e em prol de políticas para pesquisadoras mães.
Takahashi parabenizou os novos membros afiliados da ABC pela excelência científica que os levou até ali. “Essa titulação será uma porta muito importante para os trabalhos e pesquisas de vocês”, afirmou. “Mais do que isso, vocês se tornam modelos para outros estudantes que sonham com a pesquisa.” A vice-reitora sugeriu que eles, enquanto liderança científica nas suas áreas, aproveitem as ferramentas tão eficientes de comunicação que têm nas mãos e lutem para que as posições contra a ciência não sejam mais fortes do que o reconhecimento do papel importante que a ciência tem no Brasil e no mundo.
Virgilio Almeida: precisamos falar para a sociedade
Nomeando cada um dos membros afiliados, o Acadêmico cumprimentou os jovens cientistas, de quem reconheceu as brilhantes carreiras , “repletas de artigos e inúmeras realizações no campo da ciência tecnologia e educação”. Em seguida, apontou sua prioridade naquele momento: falar sobre a relação da ciência com a sociedade e com as pessoas.
Ele declarou ser extremamente importante termos a clara perspectiva do que é ciência, principalmente nos tempos atuais, onde ataques ao pensamento científico são muito frequentes. “A ciência diz respeito a modelos, abstrações, hipóteses, dados, experimentos e teorias. Diz respeito a ideias arranjadas com a criatividade e o conhecimento, testadas e validadas por modelos teóricos ou por experimentação”, apontou.
Assim sendo, Almeida alertou que a ciência e a tecnologia são essenciais para o desenvolvimento sustentável do Brasil, para a segurança da sociedade e para a qualidade de vida dos cidadãos brasileiros. “Devemos ter em mente que a ciência também diz respeito a pessoas, e seu papel central ficou mais evidente desde a pandemia de covid, desde quando ocupam diariamente espaço na mídia, nas redes sociais, nas conversas cotidianas e na vida política do país – onde ela precisa estar, de fato, mais presente.”
Almeida destacou que a ciência cada vez mais é produzida em equipe, com o uso da tecnologia, e que quanto maior a diversidade das áreas de conhecimento dos signatários e de número de autores, incluindo a variabilidade de faixas etárias, mais significativos os impactos dos novos conhecimentos. “A inserção dos pesquisadores brasileiros no cenário internacional deve ser um objetivo permanente. No Brasil, aumentar a diversidade dos autores é um desafio, com a inclusão de mais mulheres, negros, indígenas e representantes de outros grupos vulneráveis”, apontou Virgilio Almeida.
Por outro lado, muitos pesquisadores brasileiros estão saindo do país, em busca de oportunidades. O Acadêmico ressaltou que o Brasil não pode se dar ao luxo de perder talentos, pois precisa deles para atacar os grandes desafios globais: desigualdade social, mudanças climáticas e ataques ao meio-ambiente. E fez recomendações. “Os cientistas brasileiros devem, cada vez mais, procurar duas coisas: a relevância local e a excelência internacional. São bons exemplos dessas questões complexas o desenvolvimento sustentável, a expansão da saúde para todos e a inteligência artificial”, observou.
De acordo com o palestrante, hoje vivemos uma nova ordem, onde máquinas e dispositivos fazem tarefas complexas que antes se pensava serem exclusivas de humanos. “Como evitar a exclusão e discriminação nesses tempos digitais? Com que olhar devemos explorar esses novos tempos? Vivemos tempos de mudanças, daí a importância de instituições sólidas como a ABC, que busca integrar cientistas brilhantes jovens e sêniores do país.”
O presidente da Fapemig disse que eles, membros afiliados, com seus conhecimentos, experiência e juventude, têm uma enorme responsabilidade. “Precisam formar recursos humanos para a ciência e a tecnologia”, ressaltou, alertando para um dos maiores problemas hoje no país, que é a pequena quantidade de cientistas qualificados em escala proporcional às dimensões continentais do Brasil.
Para lidar com essa circunstância, Almeida afirmou que o país precisa melhorar drasticamente sua atuação na educação. “A Academia e seus cientistas têm muito a contribuir com ideias para a expansão da educação científica no Brasil. Precisamos falar para a sociedade, precisamos contribuir para o entendimento de tantas questões que envolvem a ciência, num mundo totalmente conectado. A Academia tem a função de clarear os caminhos do desenvolvimento. Boas vindas, contamos com a luz e o brilho de cada um de vocês.”
Encerrando sua fala, Almeida fez diversos agradecimentos, em especial ao pessoal administrativo do Departamento de Ciência da Computação da UFMG (DCC/UFMG) e do Centro de Atividades Didáticas 3 (CAD3/UFMG).
Paulo Sergio Beirão: engajamento no grande esforço nacional
O Acadêmico apontou que a ABC é um think tank do Brasil, produzindo ideias que podem orientar a sociedade, para estimular um desenvolvimento socioeconômico sustentável, baseado em evidências científicas. Ressaltou que ela também tem tido uma atuação muito intensa em defesa da ciência, “quando ela é negligenciada ou mesmo atacada, com vivemos num período recente no nosso país que, eu espero, tenha sido superado de vez”, disse Beirão.
Dirigindo-se aos novos membros, destacou a importância de que percebam a importância dessa afiliação “e se engajem nesse grande esforço nacional para construirmos uma sociedade baseada no conhecimento.”
Ele demonstrou seu contentamento em ver ali representadas universidades do interior do estado, o que mostra que a boa ciência não é exclusividade das capitais. “É um dado muito significativo para mim. A Fapemig, que hoje presido, muito se orgulha de ter apoiado o desenvolvimento da ciência mineira em todo o estado. Parabéns aos novos afiliados, cujas carreiras já denotam a excelência científica, e sejam bem-vindos.”
Maria Vargas: a responsabilidade da afiliação
“Estou de volta à minha alma mater, o que me faz sempre muito feliz. É um prazer receber os novos afiliados. Já foi levantada a responsabilidade que vos aguarda, a participação nos esforços da Academia, esperamos muito contar com vocês”, disse a diretora da ABC. Demonstrando sua curiosidade em ouvir os novos membros, encerrou rapidamente sua fala, agradecendo a oportunidade.
As Palestras Magnas
As duas palestras magnas apresentadas na ocasião ficaram a cargo dos Acadêmicos convidados Ruben Oliven (UFRGS, ABC) e Débora Foguel (UFRJ, ABC). A primeira foi intitulada “Verdadeiro ou Falso: afinal, o que é real?” e a segunda “Papel da inflamação nas doenças amiloidogênicas: neutrófilos e suas redes extracelulares”.
Acesse aqui a matéria sobre as palestras!
Os diplomados
Em seguida, os membros afiliados apresentaram suas pesquisas. Conheça cada um deles a seguir:
A importância da experimentação
O biólogo e professor da UFJF Eugenio Damaceno Hottz estuda o papel das plaquetas na resposta imunológica contra a dengue as doenças cardiovasculares, a obesidade e a covid-19.
A matéria dos seres vivos
Professor da UFMS, o químico orgânico Jamal Rafique Khan busca novos medicamentos para o tratamento de câncer e doenças neurodegenerativas, além de trabalhar na síntese de novos materiais.
Como os médicos sabem qual é a doença?
Curiosa, a biomédica Juliana Reis Machado e Silva sempre quis essa resposta. Hoje, ela desenvolve pesquisas na UFMT em que avalia marcadores que diferenciam as doenças que causam síndrome nefrótica e estuda biópsias renais.
Engenharia de materiais contra a seca e a poluição
Professor da Escola de Engenharia da UFMG, Manuel Houmard pesquisa materiais inovadores para aplicações na indústria, na saúde e na proteção do meio ambiente.
Conhecendo o mundo com os pés no chão
Professor da UFLA e especialista em solos, Sérgio Henrique Godinho Silva atua na caracterização de solos, mapeando suas capacidades e limitações, por exemplo, para a agricultura e silvicultura.
A diplomação
O momento da cerimônia de diplomação foi precedido pelas saudações. A afiliada Raquel Cardoso de Melo Minardi , eleita para o período 2019-2023, saudou os novos membros em nome dos antigos. Ela contou que quando foi diplomada, não tinha ideia de qual seria a sua participação na ABC. “Em 2019 houve uma oportunidade de ser eleita para o Conselho Consultivo da ABC e eu e mais três colegas fomos eleitos. E aí veio a pandemia, decidimos nos reunir semanalmente – e foi a experiência mais maravilhosa que eu tive, junto com Ana Chies Santos, Jaqueline Godoy Mesquita e Rodrigo Nunes da Fonseca.”
O grupo começou a definir ações para promover junto aos afiliados. “Organizamos um evento on-line com mais de 100 pessoas – o I Workshop On-line de Membros Afiliados da ABC – e desse encontro com outros pesquisadores de todas as áreas e de todo país surgiram ideias muito interessantes, que começamos a conduzir juntos”, relatou Minardi, que é da área de ciência da computação da UFMG.
No ano seguinte, Raquel e Ana Cies continuaram omo representantes, e foram eleitos Andreza de Bem e |Marcelo Mori. No5º Encontro Nacional de Membros Afiliados, que aconteceu há poucas semanas, em São Paulo, Raquel, Jaqueline e Ana, as duas últimas já ex-afiliadas, apresentaram o Perfil do Jovem Cientista Brasileiro, realizado por mais de 70 membros afiliados da ABC com a colaboração do especialista em pesquisas de opinião Alessandro Freire, do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP). Além dessas iniciativas, Minardi contou que fizeram outras coisas, como o programa de Mentorias, que durou um tempo e foi muito bacana. “O que quero dizer é que vocês não obrigatoriamente vão seguir dando continuidade ao que já foi feito, mas podem se organizar e levantar demandas do grupo”, explicou.
Finalizando, Raquel avaliou que aproveitou o máximo que pôde a oportunidade como membra afiliada da ABC. “Para mim, não foi apenas um diploma na parede. Entre os erros e acertos que tive, certamente um erro que não cometi foi ficar parada. E depois desses cinco anos que mudaram a minha vida, o que ficou de mais precioso foi o grupo de colegas que fiz na ABC, inclusive membros titulares. Participem, aproveitem. Parabéns por essa conquista, estou à disposição.”
Juliana Machado e Silva falou em nome do grupo dos diplomados na ocasião. Ela se reuniu com os outros quatro eleitos, para que a manifestação fosse representativa de todos. Agradeceu a eleição para a ABC, valorizando sua história e sua missão; às instituições em que estudaram e em que trabalham hoje; às agências de fomento, Capes e CNPq, e em especial à Fapemig, que hoje financiam os seus orientandos, de modo que possam dar continuidade às pesquisas. Agradeceu ainda aos professores que tiveram, desde a pré-escola até os orientadores de pós-graduação, assim como às suas famílias e amigos, que os apoiaram, inclusive em tempos de desacreditação da ciência no país.
“O trabalho do pesquisador é coletivo. Assim, essa nomeação, embora individual, envolve muitas pessoas, desde colegas de diversas instituições no Brasil e do mundo, assim como, especialmente, aos nossos alunos, desde os de iniciação científica até os pós-doutorandos. Tudo que somos hoje devemos a todas essas pessoas também e a eles dedicamos essa eleição”, destacou Juliana.
Os agradecimentos que se seguiram foram direcionados à Academia, “por ser um agente integrador, reconhecendo e dando oportunidade a pesquisadores e pesquisadoras de qualidade e que será uma porta para a interação com outros cientistas, de outras áreas e origens geográficas do nosso país e de fora. Essa integração certamente agregará positivamente nas nossas carreiras”, ressaltou a Acadêmica.
Por fim, ela acrescentou as intenções do grupo: “Pretendemos participar de discussões que venham a fortalecer a disseminação da educação científica, de temas ligados às políticas de ciência e tecnologia, atuar ainda mais na divulgação de resultados de pesquisas de interesse da sociedade, participar dos grupos de trabalho e incentivar jovens e mulheres interessadas em ciência a seguirem a carreira científica.”
Prestigiaram o evento organizado pela ABC os Acadêmicos Alberto Laender, Débora Foguel, Eduardo Rios, Raquel Minardi, Renan Pedra, Santuza Teixeira e Virgínia Ciminelli.
Assistam aqui à gravação do encontro.
Veja a galeria de fotos da diplomação!
O evento foi transmitido ao vivo pelo canal da ABC no YouTube e a gravação está nas playlists.