Jeremias Leão nasceu em 1984, na cidade de Jaguaretama, no estado do Ceará. O mais velho de três irmãos, foi o primeiro da família a ingressar em uma universidade pública, tendo iniciado sua graduação na Universidade Federal do Ceará (UFC) em 2003. 

Primeiro matemático da área da estatística a ingressar na ABC, ele considera a eleição uma valorização das ciências matemáticas como um todo, principalmente dos jovens pesquisadores nessa área. Além disso, há a alegria pessoal de ver sua trajetória acadêmica reconhecida e vislumbrar a possibilidade de atuar mais efetivamente na luta pela ciência no Brasil: “Acredito que minha principal contribuição é evidenciar a interdisciplinaridade da estatística com as diversas áreas do conhecimento”, disse o Acadêmico.  

Filho de um casal de professores, os maiores estímulos para Jeremias seguir no magistério estavam dentro de casa. Embora tivesse mais afinidade com a área das ciência exatas, também gostava das ciências sociais – por influência do pai, que dava aulas de história e geografia para o segundo segmento do ensino fundamental. Entretanto, a maior influência que Jeremias identifica em suas escolhas foi seu professor de matemática do ensino médio, Manelito. “Ele foi um grande incentivador de muitos estudantes na minha escola a ingressar em universidades, sendo que ele conseguia identificar os talentos de cada um e ia estimulando. No meu caso, o caminho era o vestibular para algum curso da área de exatas”, comenta.   

Após um longo tempo de pesquisas sobre os cursos e as universidades, Jeremias decidiu prestar o vestibular para matemática na UFC em 2001, almejando entrada em 2002. Porém, não conseguiu a nota mínima na prova de física e esse limão virou uma limonada: pesquisou mais, mudou o curso para estatística, por ter achado que teria mais oportunidades no mercado de trabalho, se dedicou aos estudos por mais um ano e foi aprovado em 2002. Nesse processo, ele viu a possibilidade de fazer previsões ou indicar quais tratamentos devem ser utilizados para uma determinada doença com base na análise de dados, o que se mostrou de fato útil anos depois.  

Já na universidade, o Acadêmico não fez iniciação científica, apesar de ter convivido com professores pesquisadores no curso. Foi bolsista de monitoria e, em seguida, conseguiu estágio numa empresa de pesquisa, o Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), onde conta ter se vivido um período de grande aprendizado. “Pude aprender todos os passos na montagem e organização de uma pesquisa, como também com as análises e geração de informações.”  

Leão concluiu a graduação em 2007 e iniciou a pós no ano seguinte, na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Desde o término de seu mestrado, em 2010, o Acadêmico concilia as atividades acadêmicas com a docência: no mesmo ano, ingressou como professor na Universidade Federal do Piauí (UFPI), onde atuou até setembro de 2015, quando foi redistribuído para a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), onde permanece até hoje.  

O estatístico finalizou seu doutorado em 2017 pela Universidade Federal de São Paulo (UFSCar)/Universidade de São Paulo (USP). Desde então, é membro permanente do Programa de Doutorado em Matemática em Associação Ampla da UFAM com a Universidade Federal do Pará (UFPA) e do Programa de Pós-Graduação em Matemática da UFAM. Depois se tornou professor do Departamento de Estatística e pesquisador do Grupo de Bioestatística da UFAM. Também é pesquisador dos Grupos de Análise de Sobrevivência e Confiabilidade da UFSCar e Modelagem Estatística e Probabilidade da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Por seu desempenho de excelência em pesquisa, foi agraciado com bolsa de produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) nível 2.   

Atualmente, Leão direciona sua pesquisa para a análise de dados médicos através de técnicas de análise de sobrevivência, especificamente em análise de modelos de longa duração e fragilidade. Os modelos de longa duração (ou fração de cura) são utilizados durante a inspeção de um grupo de pacientes acometidos com câncer, por exemplo, para estimar quais desses indivíduos podem “ser curados” (ou não) graças ao tratamento que estão realizando. Já os modelos de fragilidade tentam quantificar a variabilidade entre um grupo de indivíduos que está sob tratamento. “Grosso modo, é possível identificar a propensão que cada indivíduo tem, ou não, para desenvolver uma determinada doença, de acordo com diversos fatores que podem ser observados na coleta dos dados.”  

Quando veio a pandemia causada pela covid-19, Jeremias Leão aproveitou a oportunidade para se engajar em outros grupos de pesquisa, expandir o conhecimento e usar diversas ferramentas estatísticas que ajudam na análise de dados epidemiológicos, tendo desenvolvido importantes trabalhos. Um deles, intitulado “Brazil’s policies condemn Amazonia to a second wave of COVID-19”, foi publicado na revista “Nature”, um importante periódico internacional.  

Afora a ciência, Jeremias adora viajar, aprender novos idiomas e assistir filmes, além de ser um grande fã de esportes – principalmente futebol, basquete e xadrez. Nordestino morando no Norte por razões de trabalho, Leão afirma que sempre retorna para sua terra natal para matar as saudades e fazer novas descobertas.