O evento de diplomação e apresentação dos trabalhos dos cinco membros afiliados de Minas Gerais e do Centro-Oeste eleitos para integrar a ABC no período de 2022 a 2026 foi realizado no dia 19 de outubro, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Uma mesa composta por destacadas autoridades da área de ciência, tecnologia, inovação e educação abriu a cerimônia, prestigiando os brilhantes jovens pesquisadores.

Mesa de abertura: Lucas Mendes, Virgílio Almeida, Sandra Regina Goulart Almeida,  Evaldo Vilela, Paulo Sérgio Lacerda Beirão e Mercedes Bustamante | Foto: Foca Lisboa/UFMG

A vice-presidente regional da ABC para MG-CO, Mercedes Bustamante, explicou como funciona a categoria de membros afiliados, criada em 2007 para promover o engajamento de jovens pesquisadores de excelência, com até 40 anos, na ciência brasileira. “Eles são indicados e eleitos pelos membros titulares para fazer parte dos quadros da ABC por um período de cinco anos, não renováveis, durante os quais devem aproveitar ao máximo as oportunidades de networking que a ABC lhes dá e o espaço para propor atividades e participar daquelas conduzidas regulamente pela ABC.” Saiba mais sobre a categoria!

Bacharel e mestre em direito pela UFMG, o superintendente de Pesquisa e Tecnologia na Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Lucas Mendes de Faria Rosa Soares, cumprimentou os novos membros afiliados da ABC e reforçou, em sua fala, que “a ciência é mais do que um fim em si mesmo, é preciso impactar na sociedade”.

O Acadêmico Paulo Sérgio Lacerda Beirão, presidente da Fapemig, chamou atenção para o importante papel da ABC e SBPC em pensar o futuro do país. “Vocês, membros afiliados, serão o sustentáculo para a ciência brasileira nos anos vindouros. Apesar dos percalços que temos enfrentado, estamos juntos na busca por uma sociedade mais justa, bem desenvolvida econômica e socialmente”.

Virgílio Almeida, diretor da ABC e professor titular da UFMG, ressaltou que a ABC tem buscado uma modernização no sentido de uma maior interação com a sociedade. “E é muito bom ver, nesse evento alegre, que Minas Gerais vem criando uma bela nova geração de cientistas.”

O Acadêmico Evaldo Vilela, presidente do CNPq, declarou que a UFMG é uma universidade que dá muito orgulho ao país, destacando a criação de um centro de vacinas. “Ela reflete a força da união da Fapemig, CNPq e ABC, juntos nesse momento difícil. “Essa atenção que a ABC dá aos jovens talentos do Brasil é um exemplo. É pouco para o que o país precisa, mas é muito importante”, afirmou. “É uma juventude extremamente capaz e talentosa, que domina as ferramentas digitais. Temos trabalhado com esses jovens cientistas, com grande protagonismo deles, que têm contribuído muito, voluntariamente, nas ações do CNPq.”

Foto: Foca Lisboa/UFMG

A reitora da UFMG Sandra Regina Goulart Almeida agradeceu as várias parcerias com o governo do estado, inclusive na criação do centro de vacinas citado por Vilella. “A UFMG produziu um terço dos testes de covid-19 utilizados no estado e recentemente tivemos aprovação da Anvisa para nossa vacina contra covid-19, a primeira desenvolvida com tecnologia exclusivamente brasileira”, relatou. Sandra apontou que Minas Gerais é o estado que tem o maior número de universidades federais. “Então, os cortes de recursos promovidos pelo governo federal têm afetado demais o nosso trabalho. Especialmente por isso, agradeço todo o apoio que temos recebido do governo estadual.”

Ela manifestou seu prazer de receber a Academia Brasileira de Ciências, destacada por sua atuação e liderança, junto com a SBPC, em defesa da ciência brasileira. “Vários dos nossos professores são membros da ABC, inclusive dois dos diplomados nesta ocasião, Matheus Porto e Miriam Amaral, que parabenizo aqui. A presidente da ABC, Helena Nader, foi palestrante da abertura da nossa Semana do Conhecimento, na última 2ª feira. Como ela bem disse, precisamos que a ciência se torne uma política de estado e não de governo. Tem que ser perene, sustentada e sustentável”.

Sandra Goulart citou uma frase, destacada por Helena Nader, que remonta ao século XVIII: “Um estado forte exige uma ciência forte”. Lamentou, no entanto, que três séculos depois, ainda seja preciso repeti-la incansavelmente. “E a ABC vem fazendo isso. A Academia tem defendido o combate à desinformação, a divulgação da ciência e a defesa intransigente da liberdade de pensamento. Uma ciência fraca nos dá um estado fraco, que é aquele que não atende às demandas da sua população, não prioriza seu bem-estar nem suas perspectivas de futuro. E não é isso que queremos para o nosso país”.

Tiago Mendes, Boniek Vaz, Taís Gratieri, Miriam Amaral e Matheus Porto

 

Os cinco afiliados apresentaram, então, suas pesquisas. Conheça-os mais nos perfis abaixo:

Resolvendo complexidades em ciências à luz da espectrometria de massas
Na Universidade Federal de Goiás, Boniek Gontijo Vaz dedica-se ao estudo do petróleo, com vistas ao desenvolvimento de novos indicadores moleculares para subsidiar ações em seus processos de exploração e produção. Saiba mais!

Energia para o presente e o futuro
O engenheiro Matheus Porto, professor da UFMG, desenvolve sistemas de armazenamento de energia elétrica renovável em larga escala, capazes de substituir os sistemas convencionais. Saiba mais! 

Ciência para o tratamento das nossas águas
Na UFMG, a engenheira química Miriam Cristina Amaral pesquisa soluções para o aumento da disponibilidade de água, focando em diferentes tratamentos, tanto para reúso na indústria como para abastecimento. Saiba mais!

Liberação tópica de fármacos e análises de performance in vitro
Professora da Universidade de Brasília, Taís Gratieri se dedica ao desenvolvimento e à avaliação de tecnologias para administrar fármacos e ativos de forma tópica, ou seja, de maneira efetiva e não invasiva. Saiba mais! 

Biologia sintética e modelagem de sistemas biológicos
Professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Tiago Antônio de Oliveira Mendes coordena um grupo de pesquisa em biotecnologia molecular aplicada ao desenvolvimento de tecnologias para diagnóstico e controle de doenças infecciosas. Saiba mais!

 

O evento contou com dois palestrantes convidados: o Acadêmico Geraldo Wilson Afonso Fernandes, que falou sobre biodiversidade em ambientes extremos, e a Acadêmica Fátima Maria de Souza Moreira, que tratou da importância agrícola, florestal e ambiental da biodiversidade do solo. Um breve resumo de suas fascinantes apresentações está na matéria “PALESTRAS MAGNAS DO SIMPÓSIO DE MG-CO”. Confira!

 

Todos os Acadêmicos presentes: Ado Jório de Vasconcelos, Virgílio Almeida, Tiago Mendes, Raquel Minardi, Boniek Vaz, Taís Gratieri, Mercedes Bustamante, Geraldo Wilson, Virginia Ciminelli, Miriam Amaral, Matheus Porto e Daniel Majuste

Cerimônia de diplomação

Em nome dos membros afiliados em período vigente, a cientista da computação da UFMG Raquel Minardi saudou os novos membros afiliados. Ela refletiu sobre seus anos como membra afiliada da ABC. A cientista afirmou que já tinha interesse em divulgação científica e percebia sua importância, mas destacou que foi um evento promovido pela ABC – o 4º Encontro Nacional de Membros Afiliados da ABC  – o grande responsável por fazer com que ela “mergulhasse de vez”.

A partir de então, Minardi começou a buscar cursos, como o Amerek da UFMG, e a trocar ideias com especialistas no assunto para se aprimorar. Hoje, o Programa de Pós-Graduação em Bioinformática, onde a pesquisadora atua, está desenvolvendo uma rede de divulgação científica na área, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) – “um presente recebido da ABC”, nas palavras dela.

No final de 2019, Minardi foi eleita representante dos membros afiliados no Conselho Consultivo da ABC – papel que desempenhou junto com os outros eleitos, com Ana Chies Santos, Jaqueline Godoy Mesquita e Rodrigo Nunes da Fonseca. A pesquisadora destacou a sinergia do grupo para elaborar novas maneiras de promover interação on-line entre os afiliados, inclusive a criação do Programa de Mentorias da ABC, para ajudar no desenvolvimento das carreiras de jovens cientistas. Entre os feitos deste grupo, está a pesquisa pra traçar o perfil dos cientistas brasileiros em início e meio de carreira, que conta com 5.500 respostas.

Minardi encorajou os novos afiliados a aproveitarem as oportunidades que a ABC oferece, apesar de toda a pressão imposta aos jovens cientistas em suas carreiras, que geralmente estão no ponto alto em termos de compromissos de liderança científica. “Eu convido vocês a pensarem nessa nossa categoria de afiliados em médio e longo prazo. Para nós, hoje, é muito importante ter voluntários dispostos a ter ideias, propor ações e trabalhos em comum, pensando em formas conjuntas de alavancar nossas carreiras e a ciência brasileira.”

Acesse aqui  pdf da apresentação com mais detalhes

Em nome dos novos membros afiliados, Matheus Pereira Porto agradeceu à ABC, ressaltando que é inestimável para eles o valor do reconhecimento dos cientistas brilhantes que compõem a Academia. Relatou o papel de liderança que os afiliados já assumem dentro de seus departamentos e grupos de pesquisa: “Estamos todos lutando em prol da ciência e do valor da universidade. Cada um na sua vocação, mas sempre com foco no que a universidade significa: a possibilidade de ascensão social através do conhecimento, a independência tecnológica permitida pela ciência e, na extensão, uma forma de atuarmos a favor da qualidade de vida”, destacou.

Ele relatou que conhece esse valor como poucos, porque tem um vínculo umbilical com a universidade: sua mãe trabalhava na UFMG e ele cursou lá todas as fases do ensino, desde a creche até o doutorado.

Dentro da ABC, Porto avaliou que o papel dos afiliados envolve contribuir para romper as barreiras entre a universidade e a sociedade, participando das atividades da ABC da melhor maneira possível.

Encerramento

Emocionada, Mercedes Bustamante afirmou que apesar de serem inegáveis as dificuldades que os cientistas estão enfrentando no Brasil, ver as apresentações dos novos afiliados aqueceu seu coração. “Essa emoção vem também de perceber a beleza do propósito de vocês, jovens pesquisadores, tão empenhados em seus projetos. A gente tem essa clareza de que os tempos difíceis não vão terminar, eles vão prosseguir por muito tempo, mas precisamos continuar fazendo boa ciência no Brasil”, incentivou a professora. “Para nós, que já estamos aqui há mais tempo, ver o sucesso dos novos pesquisadores é uma verdadeira injeção de ânimo.”

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