Vinicius Farias Campos nasceu em 1984, na cidade de Cruz Alta, no estado do Rio Grande do Sul (RS), a 346km da capital Porto Alegre. O novo membro afiliado da ABC é biólogo (2007), mestre (2009) e doutor em biotecnologia (2011), tendo concluído todas as fases de sua formação na Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Caçula da família, filho de uma professora de escola municipal e de um policial civil, teve o irmão mais velho, que já cursava a Faculdade de Direito da Universidade de Cruz Alta (Unicruz) quando Vinicius ainda era criança, como inspiração para ingressar no ensino superior.
Ótimo aluno em matemática e física, Vinicius optou pelo curso de engenharia elétrica na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em seu primeiro vestibular, mas não foi aprovado. O acontecimento fez com que ficasse indeciso quanto ao seu futuro por pelo menos seis meses. Estudando por conta própria e também em um cursinho pré-vestibular, decidiu prestar vestibular para a UFPel, mas em uma nova área – já que, naquela época, a UFPel não oferecia cursos de engenharia. A paixão pela área de genética foi determinante para que o cientista optasse pela biologia, curso no qual foi aprovado. Ele deu início à graduação em 2003, aos 19 anos.
Logo após ingressar na universidade, no segundo semestre do curso, Vinicius Campos deu início à um estágio no Laboratório de Genética de uma outra universidade, a Católica de Pelotas (UCPel). Já no terceiro semestre, ele descobriu que a UFPel possuía um Centro de Biotecnologia e participou de um processo seletivo de iniciação científica para atuar no Laboratório de Engenharia Genética Animal. Foi então contemplado com uma bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs) e, já na reta final do curso, conseguiu uma bolsa do CNPq. “Por acaso, na universidade que fui estudar havia um centro com pesquisas muito avançadas na área de genética, o que reforçou minha certeza sobre a escolha do curso e da universidade”, comentou o Acadêmico.
Ao longo de sua vida na UFPel, Campos conta ter conhecido muitas pessoas marcantes, especialmente alguns grandes cientistas que o incentivaram muito em sua formação. Um professor marcante foi Tiago Collares, também membro afiliado da ABC, que na época da graduação de Campos estava no mestrado e foi seu orientador da iniciação científica. Considerado por Campos um “grande incentivador, amigo e hoje colega de profissão”, Collares foi seu orientador também no doutorado. Entre os momentos mais marcantes de sua jornada na UFPel, ele destacou os prêmios e colaborações: “O doutorado foi um período de grande aprendizado e recebi o Prêmio Capes de Tese de 2012 na área de biotecnologia”, lembrou o Acadêmico, que defendeu a tese em menos de dois anos e meio. No ano de 2021, ele teve a honra de receber novamente o Prêmio Capesde Tese – desta vez, como orientador.
Atualmente, Campos é professor associado do Centro de Desenvolvimento Tecnológico (CDTec) da UFPel no curso de graduação em biotecnologia. Também coordena um grupo de pesquisa no Laboratório Genômica Estrutural, no qual utiliza técnicas de biotecnologia para buscar melhorias na criação de animais de produção, principalmente bovinos e peixes. Além disso, seu grupo busca sempre parceiros do setor produtivo ou governamental para a transferência das tecnologias geradas através de suas pesquisas, visando um rápido retorno para a sociedade. O cientista colabora em diversas atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação com instituições do Brasil, Estados Unidos, Espanha, Argentina e Uruguai.
“A ciência, independente da área, trabalha sempre baseada em evidências, sempre buscando dados para dar alguma resposta. Foi assim que a ciência nos fez chegar até aqui, como sociedade e humanidade”, explicou Vinicius Campos, comentando os motivos pelos quais seguiu a carreira científica. “A partir da ciência fizemos descobertas, invenções e melhorias que aumentaram a nossa qualidade de vida de maneira geral. Um exemplo claro da capacidade da ciência em dar respostas para a sociedade foi o desenvolvimento das vacinas para a covid-19”, destacou o pesquisador.
Entre os muitos títulos em sua carreira, Campos é superintendente de Inovação e Desenvolvimento Interinstitucional da UFPel, coordenador da Regional Sul do Fórum Nacional dos Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia (Fortec) e membro da Unidade Embrapii InovaAgro da UFPel. É também presidente do Comitê Institucional de Propriedade Intelectual desde 2017, presidente do Comitê Gestor da Incubadora da Base Tecnológica Conectar da UFPel e membro do Conselho de Administração do Pelotas Parque Tecnológico.
Agora, com mais um título no currículo – o de membro afiliado da ABC -, Vinicius Farias Campos demonstra entusiasmo com as novas possibilidades. Ele avalia que ser um Acadêmico significa que a comunidade científica em geral está reconhecendo o trabalho dos jovens pesquisadores em suas áreas de atuação. “Fico extremamente contente de ter a trajetória reconhecida pela entidade científica mais importante do país. Esse reconhecimento traz a responsabilidade de lutar por melhores condições para a ciência e tecnologia no Brasil.” O fato de vir atuando como gestor de inovação nos últimos anos faz com que Campos creia que sua principal contribuição na ABC será fortalecer a área de inovação para dentro da Academia. “Pretendo demonstrar que a ciência desenvolvida nos laboratórios pode ser transformada em produtos e processos, ser transferida para o setor produtivo, gerar renda e melhorias sociais para o país”, explica o Acadêmico.
Quando não está nos laboratórios, Campos se dedica ao seu principal hobby: a música. Ele é guitarrista e, desde a faculdade, participou de muitas bandas de rock – algo que o ajudou a custear uma graduação longe de casa. “Então, a música é parte da minha vida, assim como a ciência.”