No dia 31 de maio foi realizado o 1º Webinário ABC/CNPq: A Contribuição dos INCTs para a Sociedade, de uma série de quatro eventos a serem realizados ao longo do mês de junho. O Programa de INCTs envolve grandes projetos de pesquisa de longo prazo, com alto impacto científico e com formação de recursos humanos, em redes nacionais e ou internacionais de cooperação científica, envolvendo pesquisadores e bolsistas das mais diversas áreas.

A ideia é que, a cada semana, palestrantes falem sobre temas transversais aos mais de cem INCTs existentes. Saiba mais sobre a programação aqui.

A sessão de abertura contou com a participação do ministro de Ciência, Tecnologia e Inovações, Paulo Alvim; o presidente do CNPq, o Acadêmico Evaldo Vilela; o ex-presidente da ABC Luiz Davidovich; o presidente do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), Acadêmico Odir Dellagostin, e o diretor de Educação e Tecnologia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Lucchesi.

Uma política de Estado

“O Programa dos INCTs é uma política de Estado que mobiliza a capacidade da ciência brasileira”, destacou o ministro Paulo Alvim, apontando que “esse conjunto de webinários dá visibilidade à diversidade da ciência brasileira em favor dos avanços, sejam na geração de riqueza, sejam com o impacto da melhoria da qualidade de vida. É uma política pública de atuação em favor da sociedade brasileira, por meio da contribuição da ciência e tecnologia.”

Um projeto inclusivo, contemporâneo, de um país para todos

Representando o setor industrial, Rafael Lucchesi alertou para o fato de o Brasil estar perdendo, de maneira dramática, a participação no comércio internacional dos produtos de média e alta tecnologia. Se no meio século anterior o Brasil liderava o crescimento global entre as nações, hoje tem uma taxa que se reduz à metade da taxa de crescimento dos países desenvolvidos. “A indústria brasileira conduziu o desenvolvimento econômico nacional durante 50 anos, um período no qual o Brasil foi o país que mais cresceu entre todos os países do mundo. Mas desde os anos 80 o que vemos é uma perda de hegemonia na agenda de política industrial como condutor do projeto de país, como desenvolvimento nacional”, apontou.

Por isso, Lucchesi ressalta que a importância da atuação dos INCTs. “Eu penso que falta um rejuvenescimento, uma nova pegada para essa rede de institutos, ajustadas a nova realidade, ajustadas ao novo Marco Legal. É fundamental nós assegurarmos uma institucionalidade para a preservação dos recursos para a ciência, tecnologia, inovação. Isso deveria se colocar como um consenso nacional: fazer política pública em cima de evidências científicas, orientadas para o desenvolvimento nacional, para a geração de renda, de emprego, dinamismo econômico e de estrutura. Precisamos manter os recursos necessários para irrigar essa estrutura, como a maior parte dos países fazem, numa lógica de avaliação das principais cadeias globais de valor”, pontuou.

Em sua avaliação, nas últimas quatro décadas o Brasil vem regredindo porque falta um projeto baseado num pensamento contemporâneo, que possa incluir e construir um projeto de país para todos. Para tanto, Lucchesi entende que o Brasil tem que abraçar a agenda de educação, de ciência, tecnologia e inovação. “Então, festejo os 70 anos do CNPq e coloco a um desafio para o país, para que, baseado em ciência, em tecnologia e inovação, consiga fazer a revolução educacional que o Brasil nunca fez.”

“Temos que acelerar o passo”

Concordando com Lucchesi, Odir Dellagostin destacou que se o Brasil quiser recuperar um pouco desse atraso que enfrenta hoje precisa, obviamente,aumentar os investimentos em ciência, tecnologia, inovação e educação. “Mas precisamos mostrar para a sociedade as coisas boas que nós já temos e, entre elas, certamente estão os institutos nacionais de ciência e tecnologia. São projetos robustos, que envolvem múltiplas instituições, múltiplos pesquisadores, projetos que estão contribuindo para a formação de recursos humanos qualificados e estão contribuindo para resolver os problemas de hoje e de amanhã do nosso país.”

Brasil precisa de uma guinada de 180°

O ex-presidente da ABC Luiz Davidovich manifestou sua grande alegria em participar da cerimônia que serve para cumprir o que ele considera uma obrigação da Academia Brasileira de Ciências: “divulgar a ciência, divulgar o que está sendo feito pelas instituições de ciência no país, batalhar pelo desenvolvimento da ciência, tecnologia e da inovação no Brasil.”

O físico defendeu a necessidade óbvia de uma mudança de agenda econômica no país, rumo ao capital produtivo, com base na ciência, tecnologia e educação de qualidade em todos os níveis. “Comparando o que está acontecendo no Brasil nos últimos anos com o que tem acontecido em outros países, sejam os desenvolvidos ou aqueles em desenvolvimento, vivemos essa diferença de orientação que coloca cada vez mais o país numa estrada extremamente arriscada. Precisamos avançar, e os instrumentos para isso são múltiplos: indústria, ciência, tecnologia, inovação, melhor educação em todos os níveis. Menos desigualdade. Está aí a fórmula. Precisamos continuar batalhando por isso”.

A seguir, o vice-presidente da ABC, Jailson Bittencourt de Andrade, fez uma apresentação intitulada “Os INCTs e o futuro da CT&I no Brasil”


Assista  o webinário na íntegra aqui