Em cerimônia virtual realizada no dia 28 de outubro, a editora britânica Nature anunciou o Parent in Science como a iniciativa vencedora do Prêmio Nature para Mulheres Inspiradoras na Ciência”, na categoria Science Outreach. A premiação é um reconhecimento pelo trabalho desenvolvido na sistematização de dados e luta pela implantação de políticas de apoio às mães na academia.

O objetivo do prêmio, oferecido pela renomada revista científica Nature em parceria com a The Estée Lauder Companies, é celebrar e apoiar as conquistas das mulheres na ciência, assim como de todos aqueles que trabalham para incentivar meninas e mulheres a permanecerem na carreira científica em todo o mundo. 

Em nota publicada nas redes sociais do projeto, os membros celebraram a conquista e o reconhecimento de suas ações: “Receber este prêmio hoje abre uma nova janela de possibilidades para o nosso movimento, bem como valida que nossa luta é genuína e urgente. Ainda temos muito que mudar no atual sistema acadêmico para realmente acolher as mulheres, principalmente as mães, e permitir que se desenvolvam plenamente como cientistas.”

O prêmio consiste num valor de US$ 40 mil, além do convite para apresentações e mentorias na empresa Estée Lauder.

“O reconhecimento pela Nature mostra a importância de discutirmos como tratamos a parentalidade na academia, o quanto essa questão afeta as pessoas e o quanto há disposição para repensar. Cada vez mais temos espaço pra discutir o assunto e propor alternativas, e a nature reconheceu isso. Que seja exemplo, e isso passe a ocorrer dentro das nossas universidades, programas de pós-graduação e departamentos”, destaca o Acadêmico Felipe Klein Ricachenevsky, membro do projeto.

 

Conheça o movimento 

O Parent in Science foi fundado em 2016, com a missão de mudar a forma como a parentalidade, e mais especificamente a maternidade, é percebida na área acadêmica. O movimento, criado por Fernanda Stanisçuaski, pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), conta hoje com 17 cientistas em seu núcleo central e 72 embaixadoras de diferentes instituições brasileiras, que dedicam tempo à luta pela implementação de um sistema mais justo nas instituições de ensino, agências de fomento e outras organizações públicas.

Ao longo de cinco anos de projeto, o Parent In Science já realizou diversas ações bem sucedidas. No início de 2021, a iniciativa obteve sua maior conquista até então: a inclusão formal do campo licença-maternidade na plataforma Lattes. Segundo a Acadêmica Adriana Neumann, mãe de Anna Carolina, trata-se de um êxito simbólico. “Não é só mais uma linha no Lattes, significa o reconhecimento e acolhimento de algo diferente do padrão adotado por muitos anos no sistema de avaliação de produtividade. Trata-se do começo de muitas transformações que ainda precisam acontecer para termos um ambiente científico de qualidade para todos.”

Entre os próximos objetivos do movimento estão a inclusão de um campo para a maternidade na Plataforma Sucupira da Capes, a conscientização sobre a importância do aumento do tempo da licença paternidade e a criação de políticas de apoio à permanência de mulheres na ciência, através de editais que incluam a maternidade. Neumann destacou a necessidade de pensar no pós-pandemia, uma vez que “os efeitos desta diminuição da produtividade das mulheres, em especial das mães, será percebido por muito tempo após o período de pandemia”.

Neumann declarou estar muito feliz com este prêmio. “Num momento de ataques terríveis a ciência brasileira, receber este prêmio é um estímulo para continuarmos lutando. Ele vem reafirmar o que já sabemos, mas infelizmente alguns não querem ver, que vale a pena lutar pela ciência e, principalmente, lutar  para que ela seja mais justa e diversa e, assim, ser de melhor qualidade e para todos”.

A ABC parabeniza todos os membros do projeto pela conquista!

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