A Academia Jovem Global (GYA) acaba de publicar seu posicionamento oficial a partir das discussões feitas na conferência anual da entidade, realizada em junho deste ano. O evento reuniu mais de 600 participantes de 114 países e debateu o tema “Confiança na Ciência”. A ABC esteve representada pela diretora Márcia Barbosa.
Existe uma percepção crescente de que a confiança do público na ciência enfraqueceu. Teorias conspiratórias, negacionismo climático e movimentos anti-vacinas estão cada vez mais em evidência, expondo deficiências na forma como o trabalho dos cientistas vêm sendo assimilado por parte da população. A credibilidade é fundamental para que as evidências científicas possam embasar decisões e debates públicos.
O conhecimento científico está em constante evolução. A compreensão que temos hoje sobre determinado tópico pode vir a ser descartada amanhã à luz de novas descobertas. Essa instabilidade pode ser caótica em tempos urgentes, como durante a pandemia, e erodir a credibilidade da ciência. Entretanto, é sempre bom ressaltar, à nível global a grande maioria das pessoas ainda mantém uma sólida confiança nos pesquisadores.
A conferência Internacional de Jovens Cientistas GYA 2021 debateu formas de reforçar a confiança com o público e como a ciência pode seguir colaborando com os desafios da atualidade. As mensagens principais para os cientistas em início de carreira podem ser sumarizadas nos seguintes tópicos:
– Compreender os aspectos políticos e regulatórios: pesquisadores devem ser encorajados a colaborarem com as questões políticas ligadas à sua área de estudo. Instituições devem oferecer treinamento e capacitação em consultoria, diplomacia, educação técnica e comunicação pública.
– Comunicar-se com todos: Além de compartilhar seus trabalhos com a comunidade científica, pesquisadores devem considerar usar todas as mídias a sua disposição para alcançar o público leigo, adaptando sua linguagem e buscando capacitação na área de comunicação e divulgação científica.
– Ir além do modelo de déficit: É preciso entender que o modelo de déficit – que pressupunha que o público geral tem uma lacuna de conhecimento a ser preenchida pela simples inoculação de informação – está superado. É preciso entender a ciência como uma atividade social, estabelecendo redes com outros segmentos da população e contextualizando as evidências científicas e suas aplicações nos problemas concretos.
– Buscar perspectivas interdisciplinares: Estabelecer laços entre a comunidade científica internacional, superando as barreiras das áreas de conhecimento. Os desafios globais da atualidade requerem perspectivas e métodos que misturem os conhecimentos de cada disciplina.
– Buscar impacto: Buscar redes de trabalho que abordem problemas concretos, onde os jovens cientistas possam ter a chance de fazer a diferença e alavancarem suas carreiras.
– Ciência aberta: Apoiar modelos mais abertos e equitativos de trabalho científico, desde a pesquisa até a publicação.