Renan Pedra de Souza nasceu em 1984, na cidade de Belo Horizonte, no estado de Minas Gerais. Porém, até os oito anos de idade morou em Salvador, no estado da Bahia, antes de retornar para a sua cidade natal. Os pais sempre trabalharam fora: a mãe, como auxiliar administrativa e o pai, como engenheiro civil. O mais velho de três irmãos, Renan diz que viveu a infância “típica de criança de conjunto habitacional”, que jogava futebol com os vizinhos, brincava esconde-esconde e de escorregar no papelão.

No colégio, suas disciplinas preferidas eram a química e a matemática. Sua intenção sempre foi ser professor. Ele escolheu as ciências biológicas por não querer enfrentar a prova de física na segunda etapa dos vestibulares, quando ocorriam as provas discursivas. No primeiro período da faculdade, uma professora sugeriu que todo aluno de biologia deveria fazer iniciação científica. Renan foi. E assim surgiu sua paixão pela ciência.

Em cinco períodos Renan Pedra de Souza concluiu a graduação e se manteve na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para cursar o doutorado em farmacologia bioquímica e molecular. Deste período, ele destacou que as pessoas mais importantes para ele foram o professor Marco Aurelio Romano Silva, orientador do doutorado, e o professor James Lowery Kennedy, orientador do doutorado sanduíche e depois do pós-doutorado, no Centro para Adicção e Saúde Mental (CAMH, na sigla em inglês), no Canadá. Ele incluiu a Acadêmica Antoniana Ursine Krettli como modelo do que seria ser uma ótima professora, com presença em sala de aula, imensa bagagem teórica e cobrança de excelência por parte dos alunos.

Além da formação em ciências biológicas, Renan também é graduado em estatística pela Fundação Mineira de Educação e Cultura (Fumec, 2018) e em sistemas de informação (UFMG, 2019). Ele também realizou um segundo pós-doutorado na Virginia Commonwealth University (VCU), EUA.

O trabalho de Renan Souza busca identificar as características que são capazes predizer o curso de uma doença ou de seu tratamento, como informações clínicas, sociais e genéticas. Atualmente, Souza estuda essas características no contexto da COVID-19, buscando compreender porque algumas pessoas apresentam a doença de maneira mais grave que outras.

Atualmente, ele é professor associado do Departamento de Genética, Ecologia e Evolução do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), atuando como professor dos cursos de graduação em biomedicina e farmácia; orientador permanente no Programa de Pós-graduação em Genética; e como pesquisador na área de medicina de precisão, com ênfase em farmacogenética, farmacogenômica e epidemiologia molecular.

A busca pelo desconhecido é o que mais encanta o Acadêmico na ciência. Ele completou: “A realidade, o que já é conhecido, não comportam todas as perguntas que podemos formular. E a possibilidade de explorar essas perguntas através da ciência é um grande fator propulsor. Na minha área, o que mais me interessa é justamente a possibilidade de tentarmos predizer o futuro e intervir nesse futuro se for conveniente como, por exemplo, a possibilidade de evitar a ocorrência de um efeito colateral a um medicamento ou mesmo encurtar a hospitalização devido a uma doença.”

A indicação para ser membro afiliado da ABC pegou Souza de surpresa. Ele enxergou o título como resultado dos anos de trabalho na área, e também um lembrete de que o que é feito na Academia também possui um propósito social imenso e que deve ser sempre lembrado. “Um dos pontos em que gostaria de atuar é exatamente a expansão do pensamento científico na educação básica e uma estrutura de financiamento contínuo da ciência como um projeto nacional”, afirmou.

A maior paixão de Renan é viajar: “Ainda numa interseção com a ciência, desbravar o desconhecido, agora geográfico, é o que mais me alegra nos momentos distantes da universidade”, contou. “Até o momento são 50 países desse mundão já visitados. A diversidade humana e cultural é apaixonante. Todo ser humano deveria ter a chance de confrontar sua realidade com outras existentes no planeta para se questionar sobre o que vale a pena levar e o que deveria ser descartado”, refletiu o cientista.