Nascida em 1979, na cidade do Rio de Janeiro, Nara Lins Meira Quintão passou a infância em Santa Catarina, nas cidades de Mafra, Blumenau e Itajaí. Nara é filha de um funcionário público, Fiscal da Fazenda, e de uma Artista Plástica, e é a mais velha dentre os três filhos do casal, que são dois e quatro anos mais novos do que ela.

Quando criança, gostava de brincar de boneca e de professora. Na escola, a matéria que Nara mais gostava era a educação artística, pela qual ainda possui grande apreço. Foi nos anos como estudante, nas aulas de química, que ela começou a frequentar o laboratório, onde fazia atividades antes mesmo de adentrar na universidade. Em seguida, também fez experimentos no laboratório de farmacologia sob orientação do professor Adair Roberto Soares dos Santos, com seu atual marido, na época namorado, Cristiano Scheidt, quando ele era acadêmico do curso de farmácia. “Ambos me influenciaram muito. Com eles publiquei meu primeiro artigo científico como co-autora”, relata.

Ingressou no curso de fisioterapia em 1997, na Universidade do Vale do Itajaí (Univali). A pesquisadora diz ter feito uma graduação muito boa em todos os sentidos e destaca a importância da professora Luciana Jucá Narloch, então coordenadora do Curso de Fisioterapia na Univali, pelo papel de apoio e incentivo na carreira científica de Nara. No entanto, a pós-graduação foi um divisor de água em sua vida. Realizou mestrado e doutorado em farmacologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), concluídos em 2006.

Nesse período, Nara afirma ter tido a honra e o prazer de ser orientada pelo professor João Batista Calixto e vários de seus alunos, dentre os quais ela destaca a professora Maria Martha Campos. A pesquisadora conta que foi uma época de muito crescimento, da qual tem muita saudade e que gostaria de reviver, caso fosse possível. “Muito do que aprendi durante os quase cinco anos de pós-graduação tento passar hoje para meus alunos. Falo principalmente em responsabilidade, comprometimento, respeito e, obviamente, curiosidade”, ressalta.

Entre 2014 e 2015, fez pós-doutorado na área de neurobiologia da dor no Boston Children’s Hospital, da Harvard Medical School, nos Estados Unidos, sob a supervisão do professor Dr. Clifford Woolf. Possui experiência na área de farmacologia, ensaios pré-clínicos, com ênfase em farmacologia da dor e inflamação de caráter crônico. Além disso, investiga potenciais agentes analgésicos e anti-inflamatórios de origem natural ou sintética para tratamento de processos dolorosos de origem neuropática, inflamatória, metabólica ou câncer. Faz parte do corpo de professores da Universidade do Vale do Itajaí nos curso da Escola de Ciências da Saúde e no Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas.

Nara conta que trabalha com modelos de dor desde a iniciação científica por considerar uma área fascinante. “Hoje minha visão é muito mais ampla, vejo a dor não de forma isolada e sei do porquê ela hoje é tão difícil de tratar. Me refiro aos casos de dor crônica. Além de continuar investigando mecanismos importantes para o tratamento da dor crônica, busco formas de amenizá-la ou preveni-la”, esclarece. Também possui projetos em andamento investigando formas de combater a dor induzida por quimioterápicos, o que ela considera uma grande vitória para pacientes em tratamento contra o câncer.

Introduzida no mundo científico desde nova, Nara diz se encantar pela ciência pois ela nos mostra que somos capazes, nos faz questionar se o que sabemos ou vemos é realmente verdade e nos faz pensar sobre vários aspectos e pontos de vista. “A minha área de atuação me encanta pois sei que a dor é um dos sintomas mais importantes e destrutivos. O mínimo de alívio que possamos vir a possibilitar à um paciente é uma vitória”, afirma. O que faz ela acordar e trabalhar com prazer é, como dizia seu orientador, o professor Calixto, ver o brilho nos olhos dos alunos na sala de aula e no laboratório. “Trabalho muito com salas de primeiro período e os alunos carecem de pessoas que mostrem a eles que são capazes, que eles podem aprender e fazer tão bem quanto os demais. Eles precisam de exemplos”, conta.

Como reconhecimento de seu trabalho, a fisioterapeuta recebeu os prêmios de Melhor Trabalho apresentado por aluno de iniciação científica Pibic/CNPq na área de ciências da vida (2019); Melhores Painéis, no 38º Congresso Brasileiro de Farmacologia e Terapêutica Experimental (2006); Melhores Painéis, do International Symposium Nitric Oxide, Cytokines and Inflammation (2004) e Melhores Painéis, do XXXVI Congresso Brasileiro de Farmacologia e Terapêutica Experimental (2004).

Como membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências, Nara revela que o título significa o reconhecimento de muitos anos de dedicação e de amor pelo o que faz. “Significa, talvez mais do que para mim, um exemplo de sucesso nesta carreira para meus alunos. Pretendo cada vez mais fazer pesquisas que de fato possam trazer um retorno à sociedade e também despertar o mesmo amor que sinto em meus alunos de graduação e pós-graduação. Mais do que fazer, precisamos formar novos pesquisadores que amem a profissão”, declara.

Ela conta ter um estilo de vida muito caseiro, ama passar o tempo com seus dois filhos, um de dez e outro de quatro anos, e de fazer tudo junto a eles, especialmente assistir filmes infantis. Adora música, que considera uma aliada durante as inúmeras horas trabalhando na frente do computador, e dentre seus estilos preferidos, destaca rock, pop, músicas das décadas de 70, 80 e 90. Já suas bandas favoritas formam uma longa lista, como Kiss, AC/DC, The Killers, Queen, entre outros. “Sou do mar e da terra. Gosto de praias e fazendas. Adoro a primavera e o verão. Sou fã de boas comidas e boa decoração. Gosto de fazer trabalhos manuais e adoro arte”, revela.