A doutora em bioquímica toxicológica Lucielli Savegnago dedica seus estudos em tentar compreender o cérebro humano e achar novas formas de prevenir e tratar a doença de Alzheimer e a depressão maior.

Nascida e criada em Faxinal do Soturno, município a 265 km de Porto Alegre (RS), Lucielli Savegnago é a caçula de três irmãos. Filha de um alfaiate e de uma professora, a pesquisadora conta que sempre foi curiosa e gostava de desafios, o que estimulou seu gosto por biologia e química. Quando não estava imersa em perguntas e estudos, ela brincava à vontade na rua com os irmãos, praticando atividades como gata cega, spiribol, vôlei e pega-pega.

Com 16 anos, determinada a ir em busca do sonho de estudar na UFSM, ela se mudou para Santa Maria, a 53 km de sua cidade natal. Após um ano de cursinho, Lucielli resolveu prestar o vestibular para farmácia. Muito dessa escolha também conta com a influência da irmã mais velha, que já era profissional da área. O outro irmão da pesquisadora é profissional de educação física, e assim como os irmãos, também se graduou em universidade pública.

O interesse científico de Lucielli aflorou quando ela deu início a sua iniciação científica em fisiologia, ainda no primeiro semestre, no laboratório coordenado pelo professor Bernardo Baldisserotto. Ela permaneceu no grupo de pesquisa durante toda a graduação (4 anos). Sempre estimulada pela família – principalmente pela irmã – a graduação despertou o interesse em continuar estudando e fazer a pós-graduação.

Ela concluiu a graduação em farmácia com especialização em análises clínicas em 2001, com 21 anos. Realizou o mestrado (2004), doutorado (2007) e pós-doutorado (2008) em bioquímica toxicológica também pela UFSM. Durante esse período, seus orientadores sempre foram meus incentivadores, com destaque para a professora Cristina W. Nogueira, que ela enxerga como modelo de pesquisadora e pessoa. Após terminar o doutorado, em 2008, ela fez um concurso e assumiu como professora na Unipampa, campus Uruguaiana, onde permaneceu por dois anos. Em 2010, foi para a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), onde está até hoje e atua como professora associada e pesquisadora.

Em 2010, a acadêmica fundou o Grupo de Pesquisa em Neurobiotecnologia (GPN) junto ao Laboratório de Biotecnologia, o qual é pioneiro no Brasil, e está focado na busca de estratégicas biotecnológicas para a prevenção/tratamento da depressão maior e da doença de Alzheimer. “Na minha área, o que me deixa muito curiosa e o que motiva a pesquisar é que ainda não entendemos o nosso cérebro e que estamos na busca constante de novos tratamentos para a depressão, com menos efeitos adversos, pois ainda não sabemos a causa específica desse transtorno”, contou. “O que me encanta de maneira geral é a sensação indescritível de dividir o conhecimento e ver o papel transformador da educação. Acredito que podemos ajudar a humanidade através do conhecimento científico.”

A Acadêmica também é coordenadora do Laboratório de Neurobiotecnologia da UFPel. Entre os prêmios e reconhecimentos recebidos, destaca-se o Prêmio ABC/ L’Oréal/Unesco para Mulheres na Ciência em 2008. Participou como membro do comitê assessor da área ciências biológicas da FAPERGS, como membro do Comitê Institucional de Bolsas de Iniciação Científica da UFPel, membro do comitê de ética e experimentação animal da UFPel e foi coordenadora do Programa de Pós-graduação em Biotecnologia da UFPel. A Lucielli tem dois filhos, Maria Clara (5 anos) e João Pedro (3 anos), então a diversão e as

brincadeiras estão sempre garantidas. No tempo livre, ela também gosta de praticar esportes e assistir séries, além de reunir os amigos para um churrasco, um mate ou um café.