No dia 20 de julho, em pronunciamento oficial para rádio e televisão, o ministro da Educação recomendou o retorno imediato às aulas presenciais. Diante disso, pesquisadores do grupo de trabalho ModCovid19, que reúne cientistas e  matemáticos focados em modular cenários possíveis da pandemia no Brasil, atualizaram um estudo simulando os efeitos da volta às aulas com a aplicação de diferentes protocolos de segurança. 

O trabalho é coordenado por Tiago Pereira da Silva, membro afiliado da ABC elito para o período 2019-23, e foi realizado a partir de observações feitas para a cidade de Maragogi, no Alagoas. O levantamento aponta que a forma mais segura de receber os alunos é com turmas alternadas, monitoramento de casos suspeitos e a utilização de máscaras PFF2 pelos professores. Esse cenário leva em conta ainda a utilização correta de máscaras pelos estudantes e ainda assim prevê um aumento de 10% no número de casos na comunidade escolar. 

 

Os dados obtidos para contaminação com diferentes protocolos para volta às aulas (Fonte: cemeai.icmc.usp.br)

Quanto ao fornecimento de máscaras pelas escolas, o professor afirmou que “esse é um problema de políticas públicas em larga escala. Uma máscara PFF2 custa em torno de R$ 15, o que é um impedimento para muitas pessoas. Para o Estado fornecer pode parecer caro, porém devemos comparar com o preço de uma internação”. 

Os números obtidos para Maragogi levam em conta contaminações não apenas de pessoas diretamente envolvidas na escola, mas também de seus familiares. No caso analisado, a Secretaria de Educação municipal fornecia máscaras comuns de tecido para os alunos. Tiago Pereira da Silva ressaltou que o ideal seria o fornecimento de máscaras PFF2 ou N95, e a viabilidade disso deve ser bem avaliada na elaboração de políticas públicas. 

É importante também destacar que o pior cenário possível – com o retorno presencial de todas as atividades, sem monitoramento de casos e com má utilização de máscaras – prevê um aumento de 1141% nas contaminações. É preciso considerar esse número na hora de elaborar protocolos sérios e efetivos para o retorno.