Juliana Hipólito de Sousa nasceu em 21 de dezembro de 1984 em Salvador, Bahia, onde também passou a infância com os pais e a irmã mais nova. Sua mãe é formada em contabilidade pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), e conciliava o emprego de professora acadêmica e o trabalho em uma outra empresa, onde conheceu o marido e pai de suas filhas. O engenheiro eletricista, formado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), se mudou para a Bahia por um convite da empresa e continuou trabalhando após o casamento, enquanto a esposa se dedicava à criação das meninas.

Algo marcante que a pesquisadora carrega consigo é o fato de que, desde pequena, sempre quis ser cientista. Suas primeiras lembranças incluem a paixão pelos brinquedos que incentivavam a realização de experimentos e as idas ao zoológico, parques e fazendas. Desde que aprendeu a ler, Juliana começou a colecionar edições de ciências e insetos que saíam em bancas de jornal. Apesar disso, nas salas de aula suas matérias favoritas eram matemática e português.

Na hora de escolher qual carreira seguir, Hipólito confessa ter ficado dividida entre os cursos de biologia e medicina veterinária, devido a sua paixão pelos animais. Ao final de 2002, já sofrendo com a pressão dos vestibulares, ela percebeu que precisava pôr um ponto final na história: “a paixão pelas ciências biológicas foi maior”. A Acadêmica conta que nunca conheceu nenhum biólogo além de apresentadores de televisão para ter como referência, mas que a possibilidade de viajar e de fazer algo para a conservação da natureza a motivou a entrar de cabeça na área.

Alguns meses após ingressar no curso de ciências biológicas na Universidade Federal da Bahia (UFBA), uma greve afetou as atividades acadêmicas por um longo tempo. Juliana enxergou, nessa paralisação, uma oportunidade: ela aproveitou a situação para buscar um estágio dentro de qualquer laboratório que a aceitasse. Fazer pesquisa sempre esteve entre suas metas, então, ela viu naquele momento uma chance de experimentar o que já queria.

Seu primeiro contato com pesquisa foi na área de Anatomia Vegetal com a professora Lea, que atuava como substituta na universidade. Algum tempo depois, ela começou a sentir que, apesar da sintonia com a professora, o trabalho estava manual demais e que já não sentia mais grande motivação para seguir. A professora, então, a indicou para outro laboratório que estava buscando estagiários. Foi nesse momento que ingressou em sua primeira iniciação científica formal e com bolsa, no laboratório de ecologia e biologia de abelhas com a professora Blandina Viana. “Eu me encontrei tanto ali que fiz toda a minha graduação, meu mestrado e doutorado no mesmo laboratório, fiz muitos contatos importantes nesse período também, mesmo sendo bastante tímida.” Com o seu primeiro trabalho de iniciação científica, a Acadêmica foi convidada a fazer parte de um trabalho que foi publicado na Science algum tempo depois.

Desde o início de sua formação acadêmica, Juliana investiga a polinização de plantas nativas e da agricultura. Ela já investigou desde aspectos mais clássicos dessa relação, até os efeitos da paisagem e processos sobre os polinizadores (seu mais recente enfoque). Atualmente, além de investigar os efeitos da paisagem sobre os polinizadores e plantas, a pesquisadora busca entender quais são os fatores que aumentam as populações naturais de polinizadores e quais os benefícios que esse aumento da quantidade de polinizadores traz à sociedade.

A pesquisadora conta que recentemente começou a investigar sobre a atuação de mulheres na ciência. “Comecei a investigar por hobby e pela importância do tema e tenho me envolvido cada vez mais em grupos e redes. Acredito em uma sociedade igualitária e diversa e que um dos caminhos para o reconhecimento e respeito da ciência está, não apenas na educação, mas também na melhoria dos espaços acadêmicos”, afirmou. Atualmente ela integra a Rede Kunhã Asé para Mulheres na Ciência.

Hipólito concluiu a graduação em ciências biológicas em 2008 e continuou na UFBA durante toda a sua formação acadêmica: concluiu o mestrado em ecologia e biomonitoramento em 2011 e em seguida deu início ao doutorado em ecologia e biomonitoramento com período sanduiche na Universidad Nacional de Río Negro (Argentina), finalizado em 2016. Realizou pesquisas em seu pós-doutorado no Instituto Vale de Desenvolvimento Sustentável entre 2016-18 e no Instituto de Investigaciones en Recursos Naturales (IRNAD, Argentina) no período de 2017-2019. Atualmente é bolsista de pós-doutorado Capes no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

A Acadêmica também é professora do corpo permanente dos programas de pós-graduação em botânica e ecologia (Inpa) e em ecologia aplicação e valores (URBA), é pesquisadora colaboradora no INCT Cenbam (Inpa) e no INCT-InTree (UFBA). Colabora como consultora ad hoc em periódicos especializados e é editora acadêmica de revistas nacionais e internacionais. Atua como jovem pesquisadora na plataforma BPBES, na elaboração do Relatório Relatório Agricultura, Biodiversidade e serviços ecossistêmicos.

A ciência segue encantando a pesquisadora em todos os aspectos, desde a sua parte mais aplicada a menos aplicada, até a sua comunicação para os diversos públicos. Ela confidenciou: “na minha área, me encanta realizar uma pesquisa que depois é reconhecida não apenas por publicações, mas pelas pessoas não cientistas. Me encanta saber que consegui demonstrar, por exemplo, que o café consegue aumentar a sua produtividade com a presença de abelhas e isso desperta um produtor para a necessidade de preservar áreas naturais em sua propriedade.”

Entre sua lista de hobbies, ela conta que adora maratonar filmes e séries, principalmente os da Marvel e da franquia Star Wars. Juliana tem um filho de cinco anos que nasceu logo após a conclusão do seu doutorado, com quem participa de um mundo lúdico. Ela também gosta de viajar, de ler e recentemente descobriu que ama correr.