Nascido em 1987, Gregório Manoel da Silva Neto nasceu e cresceu em Maceió. Seu pai trabalhava na área financeira como técnico em contabilidade e chegou a ser gerente financeiro de uma rede de clínicas. Sua mãe se tornou dona de casa depois do nascimento de seu irmão, segundo filho do casal.   

Na infância, Gregório gostava muito de futebol e videogames, mas era na escola que se destacava. Sempre muito curioso, lia todos os livros do ano letivo antes mesmo das aulas começarem. Seu ponto forte sempre foi a matemática: ele diz que já nasceu com certa aptidão, mas que gostava de todos os conteúdos escolares, com exceção de análise sintática. Além das exatas, como física e química, ele também era fã de história e geografia. “Era – e ainda sou – apaixonado por mapas e ficava horas os admirando”, relata.  

A escolha pela carreira foi por acaso: no primeiro ano do ensino médio, passando pelos corredores do Cefet-AL, onde estudava, viu o cartaz da Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM) e resolveu participar, mesmo desconhecendo completamente o exame. Nesse mesmo ano, a Fundação de Amparo à Pesquisa de Alagoas (Fapeal) iniciava seu Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica aos estudantes de Ensino Médio (Pibic-Jr) e o Cefet escolheu justamente a nota da OBM para selecionar os alunos que fariam a prova para a seleção do Pibic-Jr.  

Esse foi um momento decisivo para o futuro de Gregório, pois ele obteve a segunda maior nota do estado e decidiu, então, trabalhar com física, sem fazer ideia de que existia pesquisa em matemática. Durante o segundo ano do ensino médio, frequentou o Departamento de Física da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e no terceiro ano, diante da impossibilidade do meu orientador na física continuar me orientando, fui encaminhado para a matemática, certo de que faria vestibular para física, mas me encantei pela matemática”, conta o Acadêmico. 

Gregório fez a graduação em matemática na Ufal, tendo iniciado seu bacharelado em 2006 e concluído em 2008, ano em que deu início ao mestrado pela mesma universidade. Entre 2012 e 2014, fez o doutorado também na Ufal, na área de geometria diferencial, sob a orientação do Acadêmico Hilário Alencar.  

A escolha de Gregório pela pesquisa acabou sendo natural, fruto de sua grande curiosidade e de sua paixão pela matemática. “Saber como as coisas e a natureza funcionam e porque os fenômenos se comportam de tal e qual maneira, além de procurar ordem no universo, são necessidades espirituais básicas do ser humano e eu não fujo a essa regra”, reflete o cientista. Silva Neto afirma que a matemática possui uma beleza intrínseca comparável às mais belas obras de arte. “Se perguntar a um matemático o que é um resultado de impacto, provavelmente ele irá dizer (se for um bom matemático): é um resultado belo e profundo. Note que são dois adjetivos usados para descrever obras de arte. A capacidade da matemática de perceber e identificar padrões na natureza e notar semelhanças em objetos que podem ser, à primeira vista, incomparáveis, é de fato fascinante.” 

Atualmente, Gregório Silva Neto é professor adjunto da Universidade Federal de Alagoas, bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq do nível 2, membro do comitê editorial da revista “Professor de Matemática Online” da Sociedade Brasileira de Matemática e membro do corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Matemática da UFAL e do Programa de Doutorado em associação da Universidade Federal de Alagoas com a Universidade Federal da Bahia (UFBA). Seu currículo também inclui a coordenação do Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional (Profmat) na Ufal, de 2015 a 2019. Além disso, foi membro titular da Comissão Nacional de Avaliação dos Discentes do Profmat/SBM, de 2013 a 2015, e membro titular do Colegiado do Curso de Bacharelado em Engenharia Ambiental da UFAL, entre 2015 e 2017.  

Ele desenvolve pesquisas na área de geometria diferencial. “Esta é a geometria das superfícies, ou mais geralmente, a geometria dos ‘espaços curvos’, que são ‘superfícies’ de dimensão maior do que ou igual a dois. Imagine um espaço onde a distância mais curta entre dois pontos não é necessariamente uma linha reta… essa diferença é causada pela curvatura do espaço”, explica. Segundo Silva Neto, o estudo da área começou sistematicamente com os matemáticos alemães Karl Gauss e Bernhard Riemann no início do século XIX e ganhou grande destaque e impulso ao longo do século XX, ao ser usado por Albert Einstein para modelar sua Teoria da Relatividade. “Einstein mostrou que o espaço-tempo é na verdade um ‘espaço curvo’ quadridimensional e que a gravidade é na verdade a curvatura desse espaço. A área de pesquisa envolve determinar as propriedades geométricas dos espaços curvos e de objetos dentro desses espaços, bem como classificar todos os objetos que satisfazem propriedades geométricas pré-determinadas”, esclarece. Hoje, a geometria diferencial tem aplicações nas mais diversas áreas, como cristalografia, modelagem de tumores, computação gráfica, dentre outras.  

Por seu amor pela ciência, o pesquisador revela ser uma distinção única fazer parte da Academia de Ciências de seu país. “É a mais alta honraria que eu, como jovem cientista, poderia almejar. Estou à disposição da Academia para atuar pelo crescimento e fortalecimento da ciência no Brasil, que com frequência não recebe a atenção devida, pela sua importância no desenvolvimento nacional”, afirma.  

No tempo livre, Silva Neto é um entusiasta da música e está sempre aberto a novos sons, com um gosto muito eclético, que vai desde os clássicos – como Bach, Beethoven, Chopin, Vivaldi e  Mozart -, passando passando pelo bom rock’n roll, blues, música folk celta, Zouk africano e caribenho, samba, sertanejo de raiz e o forró nordestino de Gonzagão, Geraldo Azevedo, Dominguinhos, Trio Nordestino, dentre outros. Gosta de tomar uma boa cerveja – mais do que vinho – e conversar com amigos e familiares. Entre suas recentes resoluções, voltar à academia é uma delas: “Já levei um estilo de vida mais atlético, com idas frequentes à academia, mas atualmente estou sedentário”. Aprecia muito viagens e conhecer novos lugares, afirma que gosta de qualquer um a que ainda não tenha ido. No entanto, a maior parte de seu tempo livre é destinada à curtir sua filhinha Isabel Amália, nascida em 2019 Paixão do pai.