Wanderson Romão nasceu em e 1983 na cidade interiorana de Colatina, no estado do Espírito Santo, onde viveu até os 19 anos. Descendente de imigrantes italianos, foi o filho do meio de mãe trabalhadora doméstica e de pai comerciante de gado, teve uma infância tranquila, jogando futebol e andando de bicicleta. Wanderson cursou todo o ensino fundamental e médio em escolas da rede pública, migrando para a rede privada apenas para realizar o curso pré-vestibular, no Colégio Darwin. As disciplinas que ele mais gostava eram geografia, matemática e ciências.

Ele conta que sua motivação para ingressar no curso superior veio das aulas de química do cursinho. Foi quando ele fez a escolha da área, que o ajudaria a entender os “porquês” dos fenômenos da natureza. Seu interesse pela ciência foi crescendo à medida em que ele se especializava, na trajetória entre a graduação e o doutorado.

Em 2004, iniciou o curso de graduação em química na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Já no primeiro ano do curso, Wanderson teve a primeira experiência em pesquisa no Laboratório de Química Computacional, sob a orientação do professor Milton Morigaki, como aluno voluntário. O projeto utilizava o programa Gaussian para prever a estrutura de complexos organometálicos e bimetálicos que eram sintetizados no Laboratório de Química Inorgânica. Eram desenvolvidos conhecimentos sobre os grupos pontuais de moléculas, cálculos de otimização de energia, e predição do espectro na região do infravermelho médio. O programa calculava isômeros constitucionais e, por conta disso, era possível prever e propor a estrutura química correta.

Em 2005, ele teve uma experiência marcante: a possibilidade de participar pela primeira vez de um encontro científico, a 28ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química. No mesmo ano, seu então orientador, Prof. Morigaki, pediu que Wanderson procurasse o Prof. Geovane Lopes de Sena, que coordenava um projeto na área de polímeros relacionado ao envelhecimento de dutos flexíveis e tinha uma bolsa de iniciação científica disponível, que vinculada a um projeto com o Cenpes/Petrobrás. “Naquela época, o enxerguei uma grande  oportunidade, por se tratar de um projeto com uma das maiores empresas nacionais. Fui contratado como estagiário e participei da construção do Laboratório de Materiais Poliméricos da UFES”, relatou. Ele obteve um treinamento de uma semana no Cenpes/Rio de Janeiro para operar um viscosímetro automático (equipamento utilizado para medir a viscosidade dos fluidos). Foi um dos primeiros registros profissionais em sua carteira de trabalho.

Romão contou que, ao final do projeto, o laboratório estava implementado, tendo três reatores automatizados. Os resultados gerados serviram para a produção de seu trabalho de conclusão de curso (TCC). O TCC, posteriormente, foi publicado em uma revista internacional na área de materiais poliméricos.

Dentre todos os professores o inspiraram durante o seu crescimento profissional como pesquisador, porém, Romão destacou principalmente seu orientador de mestrado, o professor Marco-Aurelio de Paoli, aposentado do Instituto de Química da Unicamp. “Ele me mostrou que sempre precisamos evoluir, seja cientificamente ou intelectualmente. Conta que na reta final do curso de graduação, em 2006, De Paoli foi convidado para ministrar uma palestra sobre célula solares e compósitos poliméricos na UFES. Romão compareceu à palestra e teve o privilégio de almoçar com o docente e se apresentar. Após a conversa, mais uma grande oportunidade surgia: De Paoli decidiu orientá-lo, caso fosse aprovado no processo seletivo. Era o começo de mais uma nova jornada científica.

No início de 2007, Romão foi aprovado em quinto lugar no exame de mestrado do Instituto de Química da Unicamp. Ele ingressou na área de físico-química e trabalhou no Laboratório de Polímeros Condutores e Reciclagem (LPCR). Durante o curso de mestrado, cursou disciplinas que incluíam em introdução em termodinâmica e a cinética e à espectometria de massas.

Para contextualiar, Romão relata que, em 2006, alguns vendedores de embalagens de óleo vegetal de resina PVC estavam perdendo mercado para as resinas da indústria PET. Entretanto, o preço comercial do primeiro era menor do que o segundo. A indústria de PVC não entendia como isso estava acontecendo e começaram a suspeitar de possíveis fraudes na indústria de PET. Como até 2008, o PET reciclado era proibido na indústria de alimentos, a indústria de PVC acreditava que a resina virgem de PET poderia estar sendo misturado com resinas de PET reciclado, o que tornava o preço do produto final menor do que o concorrente (resinas de PVC). Como não existia nenhuma técnica ou metodologia analítica de caráter qualitativo ou quantitativo capaz de detectar a presença de PET reciclado em resinas PET virgem grau-alimentício, surgiu então seu projeto de mestrado intitulado “Metodologia para detectar a presença de PET reciclado em embalagens PET para alimentos”, que contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Romão realizou o mestrado em físico-química pela Unicamp em 2009 e concluiu seu doutorado em ciências pela mesma universidade no ano de 2010.

No mesmo ano, ao ingressar no doutorado (aprovado em 12º lugar e bolsista do CNPq), o prof. Wanderson decidiu mudar de área, indo trabalhar no Laboratório Thomson de Espectrometria de massas, coordenado pelo prof. Dr. Marcos Nogueira Eberlin (IQ-Unicamp). O autor decidiu pela área de Química Forense, aonde novas técnicas de ionização em espectrometria de massas vinham se mostrando atrativas na resolução de problemas que requerem soluções rápidas, simples e que envolvem um mínimo ou nenhum preparo de amostra. O título do seu projeto de doutorado foi “Novas aplicações da Espectrometria de Massas em Química Forense”. Apesar do autor ser bolsista do CNPq, foi decidido enviar um projeto para a FAPESP, no qual, foi aprovado (processo 2009/07168-9). Inicia-se uma área que posteriormente será implementada e desenvolvida com sucesso no Estado do Espírito Santo.

Atualmente, o prof. Wanderson Romão dedica-se principalmente à pesquisa aplicada nas áreas de química forense em questões de segurança pública, Petroleômica (estudo do perfil químico do petróleo a nível molecular) e química dos alimentos. Em todos os casos, o grupo do professor Romão emprega métodos analíticos de alta resolução, destacando a espectrometria de massas. Na área de química forense, a ideia é o desenvolvimento de métodos mais precisos e baratos e que possam atender tanto a sociedade quanto a polícia forense. Como exemplo simples, Romão fala do desenvolvimento de um aplicativo de reconhecimento de falsificação de papel-moeda. Já na área de petroleômica, os principais assuntos estudados são asfaltenos, parafinas, ácidos naftênicos e naftenatos de sódio. Todas essas classes de compostos químicos podem de alguma maneira prejudicar o processo de produção do petróleo e seus derivados.

Atualmente, o grupo de pesquisa do Acadêmico é composto por vários discentes (17) e professores (6), e todo o trabalho vem sendo divulgado pelo site do Laboratório de Petroleômica e Forense da UFES e pelo canal do youtube, do prof. Wanderson Romão, ES Química Forense, com o objetivo de divulgar a ciência e a tecnologia desenvolvida dentro das Universidades e Institutos Federais. No decorrer de sua carreira, Romão recebeu a Menção Honrosa em Reconhecimento às Contribuições ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Estado do Espírito Santo, prêmio concedido pelo Governo do Estado do Espírito Santo, bem como o Prêmio Destaque Forense de melhor artigo em Ciências Forenses no biênio 2014-2015, concedido pela Sociedade Brasileira de Ciências Forenses. Romão também é pesquisador de Produtividade em Pesquisa do CNPq, Nível 1D. Ainda é revisor de mais de uma dezena de revistas científicas de alto fator de impacto.

Para equilibrar a pesada rotina de trabalho, Romão conta ter aderido a um estilo de vida bem esportivo. Ele gosta de andar de bicicleta em modelo mountain bike, fazendo trilhas ou no asfalto durante horas, além de ser praticante de crossfit e fazer aulas de natação. É amante de grandes nomes da MPB, como Paralamas do Sucesso, Titãs, Nando Reis. Do cenário internacional, gosta de Coldplay, U2, e outros. Entre seus filmes favoritos estão: “A luta pela esperança”; “A procura da Felicidade”; a série dos Vingadores; “Perdido em Marte” e “Interestelar”.