Elisa Souza Orth nasceu em  1984, na cidade de Caçador, no estado de Santa Catarina. Aos dois anos, a família se mudou para Florianópolis, onde a menina passou grande parte da infância, exceto pelo período em que morou nos Estados Unidos, durante o doutorado de seu pai. Com uma infância de muita brincadeira e curiosidades, Elisa conta que adorava brincar de professora e cientista, visto que desde muito nova já possuía o sonho de seguir carreira na ciência.  

Sua mãe era professora de ciência e biologia de um colégio estadual e o pai era professor universitário na área da agronomia. A Acadêmica diz que foram eles os responsáveis por despertar seu interesse pela área da ciência. “Eu acompanhava os experimentos que faziam e adorava o processo todo de descobrir algo e testar”, relata. Outra influência, segundo Elisa, foi a primatologista Jane Goodall, que passou anos estudando o comportamento dos chimpanzés na África. “Eu acompanhava toda sua trajetória e queria ser como ela. Acabei escolhendo depois a área da química, mas a essência de ser cientista eu mantive. E mais ainda, a paixão pela ciência e pelo eu trabalho, algo que a Jane sempre demonstrou”, expressa a química. 

Elisa escolheu a área da química no momento em que teve o primeiro contato com a matéria no ensino médio, mas o sonho de seguir carreira acadêmica na ciência já vinha desde nova. Ingressou na graduação em química em 2002, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Realizou iniciação científica desde o primeiro período do curso e a partir do momento em que ingressou no laboratório, nunca mais saiu. Fez o mestrado e o doutorado em química, também pela UFSC, e pós-doutorado na mesma área pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). 

Elisa diz que foi o trabalho realizado no laboratório do professor Faruk Nome, seu orientador no mestrado e doutorado, que moldou quem ela é hoje, não só cientificamente, mas também como cidadã.  Além dele, outros professores e professoras marcaram sua formação e ela destaca a importância de encontrar referências femininas, escassas na sua época e, infelizmente, ainda hoje.  “Ver mulheres alcançando posições importantes nos inspira, principalmente na ciência, que por tanto tempo foi vista como uma profissão para homens. Então, ao ir num congresso e ver uma palestrante mulher, isso me inspirava”, ressalta Elisa Orth.  

Atualmente, Elisa Orth é professora associada do Departamento de Química da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e bolsista de produtividade em pesquisa 2 do CNPq. 

A Acadêmica explica que sua pesquisa é focada em três vertentes. Na primeira, ela busca formas de neutralizar e monitorar agentes tóxicos presentes nos pesticidas e em armas químicas. “Queremos encontrar formas seguras de acabar com substâncias altamente tóxicas, pensando em situações de apreensões ilegais, estoques indesejados e ogivas contendo armas químicas”, afirma. Além disso, seu grupo também procura formas de detectar a presença dessas substâncias químicas para alertar sobre o uso abusivo de agrotóxicos ou, ainda, sobre um possível ataque terrorista. A segunda vertente é a obtenção de energia limpa de maneira eficaz e num curto tempo, a partir do gás hidrogênio. “Por fim, a última vertente em que trabalho é na divulgação científica e questões de paridade de gênero. Procuro atuar em eventos, escolas, entre outros, falando sobre essa temática. Também temos levantado dados sobre o cenário da paridade de gênero no Brasil”, explica. 

Elisa Orth recebeu diversos prêmios nacionais e internacionais, dentre os quais o Prêmio Para Mulheres na Ciência L’Oréal-Unesco-ABC, em 2015; o Brazilian Women in Chemistry and Related Sciences da American Chemistry Society (ACS), em 2019; o Rising Talents da L´Oreal-Unesco e o Prêmio Jovem Cientista – 100 anos da tabela periódica da Iupac, ambos em Paris, nos anos de 2016 e 2018; e o Grande Prêmio Capes de Tese Milton Santos, na área de ciências exatas e da terra e multidisciplinar, materiais e biotecnologia, em 2012. 

Seu encanto pela ciência ela define em uma palavra: a descoberta. “Meus olhos brilham quando descubro algo novo, ou quando temos uma hipótese e testamos um experimento para comprovar aquilo. Ou, ainda, quando obtemos um resultado experimental inesperado e temos que tentar descobrir porque, através de novas hipóteses e novos experimentos”, relata a cientista. Fascinada pela ciência em geral, ela destaca a sua área pela possibilidade de resolver problemas sérios e reais, que envolvem, por exemplo, a temática de agrotóxicos e armas químicas. “Esses são problemas mundiais e que precisamos combater para garantir nossa segurança”, enfatiza. 

A pesquisadora afirma ser uma honra enorme e um sonho realizado fazer parte da Academia Brasileira de Ciências, como membro afiliado. Esse reconhecimento é uma inspiração, segundo ela, para seguir em frente com seu trabalho. “Além de reunir os melhores cientistas brasileiros, reconhecidos mundialmente, a Academia tem um papel fundamental na ciência brasileira e seu futuro. A ABC sempre está à frente das lutas pela valorização da ciência e tem sido fundamental em muitas conquistas importantes ”, diz. Ela complementa, ainda, dizendo que gostaria de contribuir na luta constante pela valorização da ciência e em questões de paridade de gênero. 

Fora da ciência, Elisa adora as artes, seja música, cinema, literatura, teatro ou outras. Na música, ama samba e MPB; amante dos livros e viciada em comprá-los, particularmente adora ‘Os Miseráveis’, de Victor Hugo; já no cinema, filmes franceses encantam a pesquisadora. Ela conta ser apaixonada por viajar e conhecer lugares e culturas novas. “Amo meu trabalho e amo viver: ir a bares, ouvir música, namorar, ficar com minha família, curtir meu filho, viajar e me divertir”, ressalta a Acadêmica.