Da esquerda para a direita: Maria Zaíra Turchi, Evaldo Vilela, Leonidas Medeiros, Paulo Alvim e Fábio Madioli.
No dia 16 de abril, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) realizou evento em comemoração aos seus 70 anos. O evento ocorreu de forma presencial, mas contou com depoimentos em vídeo e foi transmitido pelo canal no YouTube do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). Os participantes apresentaram um pouco da história do CNPq, frisando a importância do Conselho para a ciência nacional.
Participaram da comemoração o presidente do CNPq e membro titular da ABC, Evaldo Vilela; o ministro de CTI, Marcos Pontes, que participou por meio de videoconferência; e outros secretários e diretores do Conselho. Além disso, o presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Luiz Davidovich, e outros membros da ABC foram convidados a gravar vídeos em homenagem à agência, dentre eles Jorge Almeida Guimarães, presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii); Antônio José Roque da Silva, diretor geral do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM); Lindolpho de Carvalho Dias, presidente do CNPq de 1993 a 1995; e Marcelo Morales, secretário de Pesquisa e Formação Científica do MCTI.
A cerimônia foi iniciada com um vídeo institucional, no qual foi apresentado um panorama geral da história do CNPq, desde a sua criação em 1951 pelo almirante Álvaro Alberto, destacando a trajetória da agência no fomento à ciência e à inovação no país. O vídeo também apresentou a atuação do CNPq na criação de diversos institutos renomados e do apoio direto a pesquisas em instituições que integram o sistema nacional de ciência e tecnologia.
O presidente Evaldo Vilela ressaltou a importância de comemorar esse momento em um período tão complicado quanto o atual, em razão das mais de 300 mil vidas perdidas para a COVID-19. Segundo ele, essa comemoração é a comprovação de que a ciência financiada e promovida pelo CNPq é a esperança de vencer esse triste período da história, pois é por meio dela que se constrói uma sociedade mais justa, a partir do conhecimento científico e tecnológico com as inovações.
Vilela salientou que a missão do conselho é estimular e apoiar cientistas brasileiros de todas as áreas do conhecimento e, mais recentemente, buscar a integração dessas áreas como forma de achar soluções para grandes problemas da sociedade. Ele realçou a atuação do CNPq na qualificação de jovens talentos para desenvolver pesquisa e contribuir para o desenvolvimento da nação. “E é essa a nossa missão: atualizar o CNPq de acordo com a evolução dos anseios da própria sociedade, de modo a gerar novos conhecimentos e aplicá-los em benefício das pessoas. Esse é o maior propósito do desenvolvimento científico e tecnológico nos dias atuais: gerar inovação para a prosperidade da nossa gente”, afirmou o Acadêmico.
Em vídeo, o presidente da Embrapii Jorge Guimarães agradeceu o convite e relatou que, em 2001, nos 50 anos do Conselho, ele foi convidado pelo então presidente para escrever um artigo, que foi intituldo “CNPq: história exemplar e muito desafio no futuro” e publicado na revista Ciência Hoje. Neste artigo, Guimarães destacou alguns pontos importantes sobre o desempenho e a trajetória da ciência e da tecnologia brasileira apoiadas pelo CNPq. Além disso, o Acadêmico também frisou a importância, para a agência, de se pensar nos próximos anos, considerando as novidades tecnológicas do início do século que estimulariam o CNPq a atuar de modo a trazer novos e mais eficientes instrumentos.
Acadêmico e diretor geral do CNPEM, Antônio José Roque da Silva contou que o Conselho foi fundamental em sua vida e carreira, pois foi por meio dele que pôde aprimorar seus conhecimentos em um doutorado em Berkeley, nos Estados Unidos. “Sem o apoio do CNPq, eu não teria conseguido de fato construir uma carreira científica. E esse exemplo, com certeza, se multiplica para milhares de outros pesquisadores. Então, ao longo desses 70 anos, o CNPq foi fundamental para a construção e o estabelecimento do sistema de ciência, tecnologia e inovação do Brasil”, afirmou. Ele destacou a grande importância de que a sociedade compreenda a relevância do CNPq e o apoie, para que ele possa continuar cumprindo, de forma exemplar, a sua missão.
O presidente da ABC Luiz Davidovich descreveu a estreita conexão entre a ABC e o CNPq, visto que em 1931 a Academia sugeriu formalmente ao governo a criação de um conselho de pesquisas e, em maio de 1936, o presidente Getúlio Vargas enviou uma mensagem ao Congresso Nacional, propondo a criação de um conselho de pesquisas experimentais. O almirante Álvaro Alberto, que foi presidente da ABC por dois mandatos propôs novamente a criação de um conselho em 1946, o que finalmente foi feito, em 1951, tendo Álvaro Alberto como primeiro presidente.
Davidovich também ressaltou o importante papel do CNPq ao longo dos anos, com a estruturação de comitês assessores e redes de pesquisa que influenciaram os rumos da ciência brasileira. “E, apesar dos sucessivos cortes orçamentários, que têm prejudicado enormemente a ciência e a inovação no Brasil, o CNPq continua tendo um papel central e singular, apoiando diretamente o pesquisador em uma ação transversal que cobre todos os campos do conhecimento”, afirmou. Além disso, ele também destacou que “criado no pós-guerra, deveria agora no pós-pandemia ser fortalecido, pois é uma instituição fundamental para o fomento da ciência, necessária para a recuperação da economia e o desenvolvimento nacional”.
O presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ildeu de Castro Moreira, realçou a necessidade de apoio aos programas do CNPq, por meio de recursos adequados, servidores suficientes e qualificados e com condições de trabalho. Ele declarou que somente assim será possível a continuidade e o aprimoramento da realização da missão de apoiar a pesquisa científica no Brasil. “Um CNPq fortalecido terá um papel muito importante na recuperação do país, em meio a esta grave crise sanitária, econômica e social na qual estamos imersos. É só olhar o mundo inteiro para ver a importância da ciência e da pesquisa básica”, manifestou Moreira.
O Acadêmico Lindolpho de Carvalho Dias, ex-presidente do CNPq (1993 – 95), relembrou o período de criação da agência, época em que ele estava entrando para a escola de engenharia. “O CNPq foi feito para apoiar a ciência e fez isso com notável eficiência, e continua fazendo. O que o CNPq deu de apoio e continua dando para a pesquisa é absolutamente fundamental e eu espero que isso continue por muitos séculos”, afirmou.
Já o secretário do MCTI e Acadêmico Marcelo Morales destacou o trabalho conjunto do CNPq e do MCTI. “O CNPq se confunde com a própria ciência brasileira e ele é sinônimo de soberania nacional. Foi a partir da fundação do CNPq que todo o sistema nacional de ciência e tecnologia foi organizado. É através do CNPq e da Finep, esses órgãos tão importantes, que nós temos o fomento à pesquisa”, concluiu.
O Ministério das Comunicações e os Correios também lançaram um selo comemorativo personalizado, alusivo ao aniversário do CNPq. Além disso, ocorreu o lançamento do livro “Diagnóstico da Política de Qualidade de Vida no Trabalho”, realizado em parceria do Programa de Qualidade de Vida do CNPq com o Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB). A obra compara experiências de pesquisas realizadas em 2010, 2015 e 2019, e faz uma análise da qualidade de vida no trabalho no CNPq, preceito incorporado à missão organizacional do conselho.
Assista aqui à transmissão online da cerimônia de comemoração.