Leia entrevista da Acadêmica Mayana Zatz à Diogo Abreu, da Agência CNI de Notícias, em 9/3:

Nascida em Israel, a pesquisadora e professora do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva da Universidade de São Paulo (USP) Mayana Zatz alerta para a importância dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) para a realização de pesquisas científicas no Brasil, inclusive na área médica, em destaque por conta da pandemia do novo coronavírus.

À frente de algumas das pesquisas mais avançadas do país, a renomada bióloga e geneticista classifica de “urgente” a derrubada dos vetos presidenciais à lei pelo Congresso que proíbe o contingenciamento de recursos do FNDCT, aprovada em dezembro.

Em janeiro, o Poder Executivo sancionou a lei, mas vetou o cerne do texto, que é a garantia de liberação total do fundo para investimentos em ciência, tecnologia e inovação (CT&I). “Contamos com os parlamentares para derrubar os vetos do presidente”, disse Mayana Zatz em entrevista à Agência CNI de Notícias.

A pesquisadora mencionou exemplos de pesquisas importantes da USP que contaram com recursos do FNDCT, entre elas a que relaciona o vírus Zika à microcefalia. Zatz também advertiu que outros importantes projetos em andamento serão interrompidos no Brasil caso os recursos do fundo sigam bloqueados para investimentos. Leia a entrevista abaixo:

AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS – Qual é a importância do FNDCT para a realização de pesquisas na USP e no país?

MAYANA ZATZ – O mais importante é que sem recursos a gente não faz pesquisas científicas. Para contextualizar, desenvolvemos inúmeras pesquisas, sobre diversos temas, no Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do Instituto de Biociências da USP. Elas têm uma enorme complexidade. Precisamos como nunca dos recursos do FNDCT para a ciência e tecnologia. As vacinas contra a Covid-19 só foram desenvolvidas em tempo recorde porque países desenvolvidos têm investido pesadamente em pesquisa científica.

Aqui no Brasil inúmeros projetos serão interrompidos se não houver possibilidade de obter esses recursos. O FNDCT é fundamental para não interrompermos as pesquisas em ciência e tecnologia. Contamos com os parlamentares para derrubar os vetos do presidente ao projeto que descontingencia os recursos do FNDCT. Essa é uma questão urgente para a ciência no país.

ACNotícias – Como o FNDCT foi importante na pesquisa da USP que relacionou o vírus Zika à microcefalia?

MZ – Quando tivemos uma explosão dos casos no Nordeste (em 2015) e bebês nascendo com microcefalia, a partir de mães infectadas, notamos que o número de bebês que nasciam com microcefalia era relativamente pequeno, menos de 10%. Fomos para o Nordeste e fizemos uma pesquisa em campo e um estudo genético em que resolvemos focar em gêmeos. A partir do sangue, a gente tem uma tecnologia para diferenciar qualquer tipo celular. Derivamos no laboratório genes desses gêmeos. Geramos células tronco neuroprogenitoras, que vão dar origem ao cérebro. Aí infectamos essas células com o vírus da Zika.

Descobrimos que, para desenvolver a síndrome da zika congenita, o bebê tinha que ter genes de suscetibilidade. A gente conseguiu demonstrar no laboratório o que vinha acontecendo na vida real. E isso tudo só foi possível a partir de financiamentos públicos, que nos permitiram fazer essas pesquisas.

(…)

Leia a entrevista na íntegra, aberta, no site da Agência CNI de Notícias.

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