“Sem a solidariedade e sem a compreensão de que o ‘cada um por si’ deve ser substituído agora pelo ‘cada um por todos’, nós não conseguiremos superar essa crise, não conseguiremos superar essa pandemia”, ressaltou o presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Luiz Davidovich, sobre o tema “Frente à COVID: a resposta solidária da sociedade brasileira”, na primeira sessão científica da Academia Nacional de Medicina de 2021. O evento ocorreu no dia 4/3 e formalizou o lançamento oficial da campanha “Vacina Salva”, idealizada pela Associação Brasileira de Agências de Publicidade (ABAP) em parceria com instituições científicas – Academia Brasileira de Ciências (ABC), Academia Nacional de Medicina (ANM), Academia de Ciências Farmacêuticas do Brasil (ACFB) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Além do presidente da ABC, o evento contou com a participação dos seus membros titulares Rubens Belfort Jr., presidente da ANM, e Nísia Trindade Lima, presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
ABAP: dando visibilidade à ciência
Em defesa da vacinação em massa como forma mais eficaz de combate à COVID-19, foram criadas pela ABAP peças publicitárias, incluindo spots de rádio, placas de rua (OOH) e um filme de 1 minuto, que será veiculado na internet, TVs e rádios de todo o país. Produzido pela ABAP com o intuito de reforçar a importância das vacinas e combater as fake news, o filme foi exibido pela primeira vez durante a sessão e, logo após, foi divulgado nas redes sociais.
A sessão foi conduzida pelo presidente da ANM, responsável por prestar homenagens à instituições e personalidade que, segundo ele, “merecem ser melhor reconhecidas pela sociedade brasileira” pelo papel fundamental que desempenharam no enfrentamento à pandemia. Belfort destacou a ABC, que, em suas palavras, tem trabalhado incansavelmente e tem sido presença constante em todas as frentes de luta.
Comunicação científica 4.0
Em sua fala, Davidovich abordou a atuação da ABC neste ano de pandemia e afirmou que a Academia teve que ampliar suas atividades, com o intuito de tentar abranger e compreender tudo o que vem acontecendo. “Todos nós tivemos que nos reinventar nessa pandemia, nossas instituições tiveram que se reinventar. E eu acredito que a ABC também se reinventou”, disse o presidente. Nesse sentido, a ABC realizou webinários semanais durante o ano de 2020 com temas diversos e caráter interdisciplinar. O título geral desses webinários foi ‘O Mundo a Partir da COVID-19’, com foco em grandes questões colocadas em evidência pela pandemia. Os Webinários da ABC serão retomados em 2021, a partir de 9 de março, quando o tema será Genética, Vacina e COVID-19. Para este webinário foram convidadas apenas mulheres cientistas destacadas no tema, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, em 8 de março.
Davidovich frisou ainda o sucesso da ciência em um momento como este, especialmente no caso do Brasil. “Isso foi muito importante e continua sendo, diante de atitudes que desconsideram a ciência, diante de ataques às universidades e às instituições de ciência e tecnologia. Então é muito importante mostrar o que a ciência brasileira já fez pelo Brasil e não foi pouco, foi muita coisa”, reiterou. “É extraordinário o conhecimento produzido em tão pouco tempo, do ponto de vista de ciência básica, de aplicações e de inovações tecnológicas, principalmente porque as primeiras universidades do país datam do início do século XX”. As universidades europeias, por sua vez, foram fundadas a partir do século XVII.
Por isso, o presidente da ABC salientou o indispensável esforço de mostrar para a população brasileira todo o trabalho que vem sendo desenvolvido há décadas pelas instituições de ciência, tecnologia e inovação. “Consideramos que debater essas questões e ilustrar a população brasileira sobre elas é uma obrigação moral que temos, ainda mais neste momento”, afirmou Davidovich.
Ele relatou que ao longo da pandemia a ABC publicou diversas notas esclarecendo à população sobre como enfrentá-la de forma correta, com base científica. E, assim como outras instituições do país, exerceu um papel que deveria ser de responsabilidade do governo: informar e enfatizar de forma clara a importância das mudanças de comportamento (distanciamento social, uso de máscaras, higiene constante das mãos), assim como a importância da vacina e da comprovação da eficácia de medicamentos.
Todo esse trabalho árduo e minucioso gerou resultados significativos. De acordo com o presidente, os webinários chegaram a atingir cerca de 500 assistentes ao vivo e milhares de visualizações após o fim dos eventos. Essa repercussão, que segundo ele seria inalcançável presencialmente, demonstrou ser um efeito positivo dessa nova forma de produção e divulgação científica que a pandemia exigiu. E comprovou também o interesse da sociedade em informação confiável e de qualidade sobre assuntos relativos à ciência, à pandemia e todas as suas implicações.
Social acima do individual: garantia de futuro
A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima ressaltou a importância da esperança neste período. “Os instrumentos da ciência, os testes e, sobretudo, a vacina – e a campanha é muito feliz, nesse sentido -, são uma esperança que vem da ciência. Mas essa ciência precisa estar articulada com a sociedade numa prática democrática”, afirmou. De acordo com ela, existe hoje uma forte corrente de individualismo em todo o mundo, em contraponto à solidariedade que se faz tão necessária. Trindade deu como exemplo a própria vacinação: “Uma das expressões da vacina é exatamente essa: nós vacinamos pessoas, mas para ser eficaz, ela precisa ser uma ação coletiva, uma proteção coletiva. A vacina é parte dessa solidariedade, que precisa ser fortalecida no seu aspecto democrático”.
Nísia sugeriu ainda uma agenda para o futuro baseada em ações sociais. “Como lidar com esse momento? O pacto tem que ser a afirmação de algumas ações essenciais no presente e prepararmos uma agenda de futuros possíveis para podermos construir, em bases democráticas, um projeto de país”, propôs. “É a partir dessa história de construção científica, de construções institucionais e de construções societárias que poderemos ter forças para a resiliência necessária nesse momento”, concluiu Nísia.
Também foram homenageados na sessão a Fundação Lemann, representada por Jorge Paulo Lemann, pela iniciativa do Fundo de Apoio à Aprendizagem; o Itaú, com o Instituto Todos Pela Saúde, representado pelo CEO Milton Maluhy; o consórcio de veículos da imprensa para o levantamento de dados diários de informações sobre a COVID-19, representado pelo jornalista Fabio Takahashi da Folha de São Paulo; a Fiocruz, representada pela sua presidente, e o Butantan, representado pelo diretor geral, Dimas Tadeu Covas.
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