A Diretoria da ABC lamenta o falecimento da Acadêmica Marta Vannucci, aos 99 anos. Ela foi a primeira cientista a se tornar membro titular da Academia Brasileira de Ciências em 1966. Antes, Marta também foi eleita membro associado da ABC em 1955.
Vannucci é considerada precursora da oceanografia no Brasil, foi a primeira diretora mulher do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IOUSP) e já foi reconhecida pelo CNPq como uma das pioneiras da ciência no Brasil. Nascida na Itália, em 1921, ela se mudou para o Brasil com a mãe e a irmã antes de completar nove anos de idade. Aos 25, ela defendeu sua tese de doutorado orientada pelo zoólogo Ernst Marcus, conhecido no mundo todo, de quem foi assistente de zoologia na USP.
Graças a sua atuação, Marta ajudou a tornar o Instituto Oceanográfico uma unidade de pesquisa da USP em 1951. Após dirigir o IO por cinco anos, ela se afastou do Instituto em 1969. Com a chegada da ditadura militar, Vannucci saiu do Brasil para trabalhar pela UNESCO na Índia como perita em oceanografia. Após a conclusão dos trabalhos na Índia, Marta foi para o México, também pela UNESCO, para organizar o laboratório de triagem de plânctons da Universidad Nacional Autónoma de México (Unam). Ficou por lá de 1972 a 1974, e voltou para a Índia, em Delhi, onde foi diretora do escritório regional da UNESCO. Ela se aposentou da UNESCO em 1989.
Marta Vannucci sempre se dedicou à oceanografia biológica, com ênfase nos estudos sobre o plâncton. Ela também organizou e presidiu o Primeiro Simpósio Latino-Americano Sobre Plâncton, realizado pela UNESCO, pelo Conselho Nacional de Pesquisas e pela USP.
O Acadêmico Ruben Oliven lembrou da passagem de Marta Vannucci, uma querida amiga, por sua vida. “Conheci Marta Vannucci em 1998, em Natal, quando recebi o Prêmio Érico Vannucci Mendes, criado por ela, o CNPq e a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) em homenagem ao seu falecido filho. Érico foi preso durante a ditadura e faleceu aos 42 anos de idade. O prêmio tinha como objetivo a preservação da memória nacional. Além de grande cientista, Marta era uma pessoa generosa e encantadora que viveu na Itália (onde nasceu), no Brasil e na Índia. Ela era uma das mais autoridades mundiais em manguezais. Lembro-me de caminhar com ela numa praia de Natal e de ela entrar na água para observar algas. Durante a reunião da SBPC, na qual recebi o prêmio, ela cuidava de mim como uma mãe e sempre dizia ‘você não pode se machucar, você vai receber o prêmio’. Acabamos ficando amigos e ela esteve na minha casa quando visitou Porto Alegre”, disse Ruben.
Nossos cumprimentos à família.
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Marta Vannucci, a primeira mulher a se tornar membro da Academia Brasileira de Ciências