Leia a matéria de Ana Lucia Azevedo para o jornal O Globo, publicada em 14/01:

Desde a emergência do coronavírus, nunca o aparecimento de novas mutações e linhagens preocupou tanto cientistas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e autoridades de saúde quanto agora. Em pouco mais de um mês, foram identificadas mais alterações genéticas potencialmente perigosas no Sars-CoV-2 do que em todo o período precedente da pandemia.

O coronavírus muda e se adapta à medida que mais pessoas se expõem a ele, renovando e impondo um ciclo vicioso à pandemia. Em tese, mutações como a E484K, que circula no Brasil, e a britânica N501Y podem tornar o vírus mais transmissível, levar a reinfecções e ainda prejudicar a eficácia das vacinas. Tudo isso precisa ser ainda investigado, mas não pode ser descartado.

Reinfecção enterrou esperança por imunidade coletiva

A volta explosiva da COVID-19 em dezembro enterrou de vez qualquer esperança de imunidade coletiva natural alcançada pela ampla exposição ao vírus. A reinfecção, dizem cientistas, não é uma hipótese que possa mais ser descartada.

A mutação E484K preocupa cientistas brasileiros. Para virologistas experientes como Amílcar Tanuri não há surpresa alguma. Avisos não faltaram de que a alta circulação levaria a adaptações do vírus.

Desde meados de 2020, Tanuri alertava que uma variante mais transmissível poderia estar em circulação no Rio. O que era suposição virou fato em novembro com a identificação da linhagem B.1.1.248 pelo grupo integrado por ele, Vasconcelos e outros pesquisadores.

— Existe, claro, preocupação com as vacinas. Se houver alguma mudança no genoma do coronavírus que possa afetar o alvo delas, isso preciso ser identificado para que as mudanças necessárias sejam feitas nos imunizantes — observa Tanuri.

O grupo dele começou esta semana a sequenciar mais genomas de pessoas com Covid-19 do Rio de Janeiro. Querem saber o quão disseminada está a nova linhagem que descobriram e também quais os seus possíveis impactos.

— Essa linhagem pode já estar no Brasil inteiro, já foi encontrada aqui, na Bahia e no Rio Grande do Sul. Sabemos que, se sequenciarmos, vamos encontrar. O problema é que infelizmente só há recursos para sequenciar pouco — acrescenta.

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