Leia este artigo escrito pelo Acadêmico Wanderley de Souza para o jornal O Globo, publicado em 5/1:
Desde a sua criação em 1980 pelo governador Chagas Freitas, a Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) vem passando por momentos tanto de pouca atividade quanto de grande dinamicidade. A Faperj é hoje o principal sustentáculo das instituições científicas localizadas no estado, incluindo as federais, estaduais e privadas. Sem ela, certamente o Rio não manteria sua posição de segundo polo científico do país.
A Faperj passou a cumprir sua missão de estimular a pesquisa científica no Rio a partir do governo Anthony Garotinho, seguido por Rosinha Garotinho, quando seu orçamento passou de R$18 milhões em 1998 para R$ 140 milhões em 2006, uma ampliação de cerca de oito vezes.
Todas essas ações tiveram continuidade ao longo do governo Sérgio Cabral e início do governo Luiz Fernando Pezão, de 2007 a 2014, quando o investimento chegou a R$ 376 milhões, uma ampliação de três vezes em relação ao de 2006. Com o aporte desses recursos, dezenas de novos e importantes programas foram implementados, criando uma expectativa de crescimento da ciência fluminense, tanto no seu componente acadêmico quanto de inovação tecnológica, com o apoio a empresas inovadoras. A partir de 2015, infelizmente, passamos a ter uma defasagem significativa entre o que o governo empenhava e o que efetivamente pagava, gerando uma crise de credibilidade da agência. Em 2015 houve empenho de R$ 412 milhões e pagamentos de apenas R$ 288 milhões. O mesmo ocorreu nos anos subsequentes. Como consequência, muitos projetos importantes que foram aprovados e contratados foram interrompidos ou desenvolvidos mais lentamente. Como tais fatos ocorreram em um momento de falência do sistema nacional, o efeito deletério sobre a ciência fluminense foi acentuado.
A eleição de Wilson Witzel e Cláudio Castro renasceu as esperanças para a Ciência fluminense. Novos programas como as redes de pesquisa em nanotecnologia, saúde, doenças infeciosas virais (Zika e Covid-19), entre outros, merecem destaque. Em 2019 houve um início de reversão do quadro, ocorrendo contratos da ordem de R$ 360 milhões e pagamento de R$ 265 milhões, reduzindo a diferença entre o contratado e o pago. Felizmente, o que merece ser comemorado, o ano de 2020 se encerrou de forma a gerar novas expectativas: o contratado e o pago se igualam, no valor de cerca de R$ 370 milhões.
Que esta tendência continue, criando um novo ânimo para a comunidade científica. Sugerimos para 2021, que antes de pensar em novos projetos, haja um esforço para recuperar projetos importantes aprovados e contratados em anos anteriores e que ainda sejam considerados como relevantes. Certamente, a hábil e dinâmica diretoria da Faperj, que conta com o apoio integral da comunidade acadêmica, tem a experiência necessária para esta travessia delicada e importante.