A Marinha do Brasil promoveu, no dia 7/12, uma reunião virtual para a instalação da Comissão Técnico-científica para o Assessoramento e Apoio das Atividades de Monitoramento e Neutralização dos Impactos Decorrentes da Poluição Marinha por Óleo e Outros Poluentes na Amazônia Azul ‒ a ComTecPolÓleo.

Luiz Davidovich, presidente da ABC.

O presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Luiz Davidovich, a vice-presidente da ABC, Helena Nader e outros Acadêmicos participaram do evento e destacaram a importância das ciências do mar para a defesa do país e para o monitoramento e prevenção da poluição por acidentes marítimos.

O presidente da ABC falou sobre a importância da oceanografia para o Brasil, um país com mais de 7 mil quilômetros de extensão de litoral. “Precisamos de mais gente trabalhando nas ciências do mar. O mundo está interessado nos oceanos e o Brasil precisa entrar nesse time”, disse Luiz Davidovich. Ele ressaltou a colaboração entre a ABC, presidida pelo vice-almirante Álvaro Alberto,  e a Marinha do Brasil. “Vemos que hoje a guerra é do conhecimento, como no caso da China versus os EUA no caso do 5G, e nosso país tem que estar no primeiro time”.

Ilques Barbosa Junior, comandante da Marinha do Brasil.

O Almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen, diretor-geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, o Contra-almirante Marcelo Gurgel, diretor do Centro Tecnológico da Marinha no Rio de Janeiro, e Janice Trotte-Duhá ‒ Assessora do Diretor-Geral e da ComTecPolÓleo ‒ representaram a Marinha do Brasil na reunião. Segundo Janice, a Comissão tem como proposito assessorar o Comandante da Marinha (Autoridade Marítima) no estabelecimento de um mecanismo de articulação inclusivo, interinstitucional, entre os projetos de pesquisa a serem desenvolvidos, reduzindo sobreposições, otimizando a infraestrutura de pesquisa necessária, em modelo de gestão que permita o provisionamento de respostas consensuais, tempestivas, na eventualidade de situações de ameaça e de incidentes por derramamento de óleo e outros poluentes (por exemplo, plásticos) no mar. “Estamos ameaçados de ver ressurgir óleo em nosso litoral, como aconteceu recentemente na região costeira do Nordeste”, disse. Trotte se referia ao vazamento de cerca de cinco mil toneladas de óleo na costa nordestina, em 2019, que atingiu mais de 130 municípios brasileiros em 11 estados. Esse foi um dos maiores desastres ambientais no litoral brasileiro e ainda não se sabe a origem do óleo.

O comandante Marinha do Brasil, Ilques Barbosa Junior, agradeceu a colaboração da ABC e de seus membros à Marinha. “Estamos em contato com o MCTI para manter nosso navio de pesquisa hidroceanográfico Vital de Oliveira e estamos atentos à poluição no mar, que coloca em risco nossa navegação e a fauna e flora brasileiras”, disse o Almirante Ilques.  O navio ao qual ele se referiu pertence à Marinha e foi desenvolvido para apoio à pesquisas oceanográficas em geologia e biologia. o Comandante também agradeceu ao assessoramento do presidente da ABC ao Instituto de Pós-graduação da Marinha e à vice-presidente da ABC Helena Nader, chamada por todos de “nosso farol”. 

Acadêmico Evaldo Vilela, presidente do CNPq.

O Acadêmico Evaldo Vilela, presidente do CNPq, afirmou que a iniciativa reforça o desenvolvimento científico e tecnológico para a soberania do país. “A ciência vive momentos difíceis e sabemos que apenas por meio dela nosso país será capaz de atender os anseios de nossa sociedade”, disse. “A pandemia revelou que já não é mais possível construir uma nação com tantas dependências tecnológicas”.

O Acadêmico Odir Dellagostin, presidente do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap) manifestou seu apoio à iniciativa. “Temos em nosso país uma capacidade muito grande de pesquisa e universidades voltadas para o estudo dos sistemas marinhos”, disse.

Acadêmico Jerson Lima, presidente da Faperj.

O Acadêmico Jerson Lima, presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), ressaltou a importância do derramamento de óleo para o seu Estado. Ele defendeu a criação de um Instituto do Mar e ações complementares que sejam capazes de prevenir a poluição no mar. “Temos de formar redes para enfrentar esse problema”, disse.

Na reunião, foi divulgado o resultado de uma chamada pública para a liberação de recursos da Marinha do Brasil e do CNPq para atuação no âmbito da ComTecPolOleo. Os representantes da Marinha confirmaram que devem ocorrer novas conferências e webinários sobre a atuação do programa.