Leia artigo de opinião do Acadêmico Carlos Medicis Morel, coordenador do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS) da Fundação Oswaldo Cruz, publicado na Folha de SP, em 8/11:

A expressão “perfect storm” descreve bem o Brasil em 2020: um país atravessando uma tempestade perfeita. Não bastasse a crise política que se desdobrou em crise também econômica e social, e não bastasse o retrocesso ao mapa da fome e ao aumento da desigualdade, quis o “destino” que o governo eleito na onda das fake news adotasse o negacionismo, escancarando as portas do inferno para o coronavírus e a Covid-19.

Os fatos, boicotados e jogados ao mar, são resgatados e mantidos vivos por passageiros organizados (lembram-se do “consórcio de veículos da imprensa”, substituindo os números oficiais?). Incêndios e crimes ecológicos e étnicos se sucedem, e as responsabilidades são imputadas às vítimas, coroando a “verdade” das fake news. Guiado pelo comandante e sua fiel tripulação, o navio mira o olho da tempestade (ou será a borda da terra plana?).

“Eppur si muove!” (“mas ela se move!”), disse Galileu, baixinho, mantendo-se fiel à verdade, após ter sido forçado a negar sua teoria heliocentrista para escapar da fogueira da Inquisição. “Motim a bordo!”, ouço dos ainda lúcidos, não envenenados pelos discursos oficiais.

No Brasil estraçalhado pela pandemia, sabotado por quem deveria protegê-lo, é importante reconhecer as forças que impedem o naufrágio. A principal é esta entidade invisível, chamada SUS, que boicotou ordens superiores e deu a contraordem: “Às máscaras, cidadãos!” É do SUS que vem o principal grito de resistência, às custas dos que sucumbem tentando salvar vidas nos leitos de UTIs e enfermarias em improvisados hospitais de campanha.

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Leia a matéria na íntegra na Folha de S.Paulo.