O Acadêmico Isaac Roitman, professor emérito da Universidade de Brasília, pesquisador emérito do CNPq, membro da Academia Brasileira de Ciências e do Movimento 2022-2030 o Brasil e o mundo que queremos, publicou o seguinte artigo em 4/11 no Monitor Mercantil:

Incêndios florestais na Amazônia, incêndios no Pantanal, incêndios na Mata Atlântica, incêndios em hospitais, boates, museus e ônibus. Esse é um cenário dantesco no Brasil. Essa tragédia não é uma jabuticaba. Elas se espalham pelo mundo: incêndios incontroláveis na Califórnia (USA) e Austrália, tragédia de Beirute, etc.

Embora o fogo seja simbolicamente um dos fenômenos mais perigosos da natureza, a maior fatalidade (77%) é causada pela inalação da fumaça. A propagação da fumaça é mais rápida que a capacidade de reação de fuga do ser humano ou animal, o que a torna letal. Os microrganismos e os vegetais lamentavelmente, por serem imóveis, são carbonizados e viram cinzas.

Os incêndios florestais podem ser causados por acidentes (fogueiras, velas em rituais, fagulhas de máquinas, rompimento de cabos de eletricidade etc.) e causas naturais, como os raios. No entanto, a maioria é causada por humanos para a queima para a rebrota de pastagens, queima para plantios, vandalismo, queima de lixo, balões etc.

A morte de microrganismos, plantas e animais provoca um severo desiquilíbrio ambiental, muitas vezes irreversível. Nos últimos anos, esses biomas estão queimando no Brasil em proporções nunca vistas e de forma descontrolada, sem o apoio governamental necessário para o seu combate. Para agravar a situação, está havendo a suspensão de convênios e extinção ou enfraquecimento de secretarias que respondiam por políticas e programas de mudanças climáticas, combate ao desmatamento e queimadas, apoio aos povos indígenas e comunidades tradicionais.

A catástrofe cultural provocada pelas chamas pode ser exemplificada pela destruição de um acervo de 20 milhões de peças no incêndio do Museu Nacional no Rio de Janeiro. O descaso público pela educação, pelo desenvolvimento científico, arte e cultura pode ser destaque em uma ópera chamada “O Brasil em chamas”, que deve ser interrompida. Para agravar a realidade brasileira, a negação do valor do conhecimento leva a ideologia em favor de mitos criados pelo medo e pela desesperança.

A tragédia brasileira parece não ter fim. Milhares de pessoas sofreram e vão sofrer por muito tempo, pelas consequências da pandemia da Covid-19. A ignorância e a estupidez dominam os caminhos para o desenvolvimento de vacinas, essenciais para a interrupção da pandemia. O esforço planetário para enfrentar a pandemia deveria ser um elemento de união, com o protagonismo de todos os países. Ao contrário, tornou-se uma competição, uma olimpíada sem ética e humanismo. Ela não pode ser politizada. Uma chama invisível.

Leia a matéria na íntegra no Monitor Mercantil.