O tema da fuga de cérebros reuniu Angelica Thomaz Vieira (UFMG), Bartolomeu Cruz Viana Neto (UFPI), Denise Morais Fonseca (USP), Ernani de Sousa Ribeiro Junior (UFC), Felix Alexandre Antunes Soares (UFSM), Gustavo Silva Wiederhecker (Unicamp), Patricia Garcez (UFRJ), Renan Campos Chisté (UFPA), Renata de Meirelles Santos Pereira (UFRJ) e Tais Nóbrega de Sousa (Fiocruz-MG) para uma das salas de debate do I Workshop Online dos Membros Afiliados da ABC, coordenada por Ana Chies Santos (UFRGS). As discussões do grupo, relatadas aqui, não se propõem a representar a opinião do conjunto dos membros afiliados da ABC.
Para eles, o investimento feito em ciência, tecnologia e inovação por cinco décadas no país, que resultou no atual corpo de pesquisadores qualificados, distribuídos nas universidades e centros de pesquisa brasileiros, está em grande risco. Sem recursos nem oportunidades no mercado de trabalho, cada vez mais pesquisadores em início e meio de carreira buscam oportunidades no exterior.
No Brasil, a maioria dos jovens cientistas atuam no meio acadêmico, principalmente nas universidades. Se fixados, surgem desafios adicionais, como a falta de oportunidade de financiamento efetivo em início e meio de carreira. Quando disponíveis, esses recursos são muito aquém da demanda para o desenvolvimento de trabalhos de pesquisa de excelência, especialmente em etapas de implementação. Além disso, têm se mostrado incertos, visto que a efetivação e a continuidade do aporte de recursos não vêm se demonstrando garantida, mesmo após a aprovação dos projetos por agências de fomento.
A falta de financiamento é agravada pela falta de estrutura física para pesquisa, além da alta carga burocrática atribuída aos jovens cientistas em início de carreira. Esta inclui o acúmulo de atividades de gestão e representação, além de uma sobrecarga de trabalhos administrativos.
Por fim, foi discutida a situação de fragilidade profissional percebida pelos estudantes e recém doutores, que não estimula a continuidade de suas atividades de pesquisa. A falta de valorização da carreira acadêmica associada a um movimento de descrédito do conhecimento científico contribui para a realidade dramática de perda de jovens talentos para outros países.
Diante deste cenário, o grupo propôs soluções. Elencaram como itens principais a criação de programas para fixação de jovens recém egressos de experiência no exterior; a ampliação e transparência de programas de financiamento específicos para o início de carreira; a criação de perspectivas de financiamento de longo prazo; e a ampliação e garantia de bolsas de estudo e pesquisa em todos os níveis.
Enfim, há uma necessidade urgente de políticas de valorização da pesquisa científica e ensino, sobretudo com foco em oportunidades e em opções de fomento para jovens pesquisadores, para que estes possam dar o justo retorno à sociedade que os manteve financeiramente durante todo o seu processo de formação profissional.