O Acadêmico Francisco Anacleto Barros Fidelis de Moura é físico, doutorado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Hoje, é professor associado na Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e atua, entre outras áreas de interesse de pesquisa, em física estatística.
Desde o inicio da pandemia de COVID-19 no Brasil ele vem acompanhando a evolução dos casos confirmados e/ou casos letais, tanto no país como especificamente no estado de Alagoas. O trabalho vem sendo feito em diversas frentes, em colaboração com outros colegas da Ufal, de física, matemática, computação, e/ou de forma independente.
Em seu canal do You Tube e em sua página no Facebook, Francisco Moura vem mantendo previsões e/ou estudos estatísticos acerca da COVID-19. Fez diversas previsões para tempo curto (10-20 dias) e algumas previsões de tempo longo (90-150 dias). Boa parte destas previsões acabaram acontecendo com um erro médio de aproximadamente 10-15 %. Em meados de abril, por exemplo, fez previsões acerca do número de casos letais no Brasil para outubro, obtendo com seus cálculos umr esultado de aproximadamente 150-170mil que, de fato e infelizmente, ocorreram. Suas previsões podem ser encontradas também em sua página da Ufal.
Para fazer tais previsões ele usa um modelo matemático chamado SIR. É um modelo básico, desenvolvido em 1927 por W. O. Kermack e A. G. McKendrick. O modelo SIR divide a população em suscetíveis (S), infectados (I) e recuperados (R) As quantidades S, I e R evoluem no tempo seguindo equações diferenciais, também chamadas de equações de “taxa”. A solução destas equações possibilita encontrar a variação de S, I e R com o tempo e, assim, entender a evolução da doença no Brasil, Alagoas ou qualquer outro estado.
Moura explica que o modelo SIR depende de dois parâmetros: a taxa de propagação da doença e a taxa de recuperação dos doentes. Para encontrar estes valores, ele usou dados oficiais do governo: a série histórica dos casos confirmados ou letais que pode ser encontrada no site do Ministério da Saúde.
“O estudo que faço também possibilita calcular o chamado “fator de reprodução”, um valor que identifica se a pandemia está fora de controle, quando é maior do que 1, ou está controlada, quando o valor é menor do que 1”, explicou Moura. Atualmente (12/10/2020), tanto no Brasil quanto em Alagoas, o valor está aproximadamente igual a 1. “Este valor ainda próximo de 1 indica que a pandemia ainda não está totalmente controlada e, portanto, ainda precisamos manter o máximo cuidado possível”, declarou o Acadêmico à ABC.