Realizado virtualmente sob a égide do Fórum Ciência, Tecnologia e Sociedade (STS Forum, na sigla em inglês), o presidente da ABC, Luiz Davidovich, participou do 13º Encontro de Presidentes de Academias de Ciências, no dia 5/10.

O encontro costuma ser realizado anualmente em Kyoto, no Japão, reunindo cientistas, políticos, empresários e representantes da mídia de vários países para discutir o progresso da ciência e da tecnologia, que propicia crescimento econômico e aumento da qualidade de vida, mas também coloca uma série de desafios para a sociedade.

A edição 2020 do encontro, a primeira realizada virtualmente, por conta da pandemia de COVID-19, foi organizada pelo Conselho Científico do Japão e pela Royal Society, do Reino Unido, e contou com a participação de mais de 20 presidentes de Academias e organizações internacionais de C&T de todo o mundo. Na ocasião, dez Academias (a ABC entre elas) foram convidadas a fazer uma breve apresentação sobre recuperação sustentável e resiliente da COVID-19, abordando atividades desenvolvidas e desafios para o futuro.

Em sua participação no encontro, Davidovich relatou que, desde a eclosão da COVID-19 no Brasil, a ABC tem organizado webinários semanais, sob o tema “O mundo a partir do coronavírus”. Com estes eventos virtuais, busca-se discutir, sob o prisma da Ciência, temas diversos que olham e pensam o Brasil e seus desafios no horizonte futuro.

O presidente da ABC destacou a série de vídeos sobre COVID-19 produzida para o público em geral, bem como as diversas declarações e documentos emitidos para combater a desinformação e a falta de controle sobre a evolução da doença no Brasil.

Segundo Davidovich, o problema da desigualdade ficou evidenciado pela forma como a pandemia afetou mais drasticamente as camadas mais pobres da população, seja na quantidade de casos, como de óbitos. Tal cenário motivou a declaração “Pacto pela Vida e pelo Brasil”, que teve forte repercussão na grande imprensa e foi subscrita pela ABC em parceria com a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Ainda no que tange à elaboração de declarações, a ABC endossou e ajudou a preparar documentos globais, tais como a declaração das Academias de Ciências para a reunião do G-20 deste ano, bem como outras emitidas pela Parceria InterAcademias (IAP), Rede Interamericana de Academias de Ciências (Ianas) e Movimento pela Equidade Sustentável em Saúde.

Em sua fala na reunião, o presidente da ABC chamou a atenção dos participantes para o imenso desafio que está posto para a ciência e para as Academias: contribuir para a recuperação da crise sanitária, social e econômica que abalroou o mundo.

Tal desafio demanda o desenvolvimento de novos paradigmas de desenvolvimento, inspirados na Agenda 2030 e que levem em conta o conceito de Saúde Única (One Health, em inglês). Tal abordagem se faz necessária para que os países possam retomar o desenvolvimento de forma sustentável, respeitando o meio ambiente e garantindo a saúde do planeta. Isso tudo sem deixar de lado o compromisso ético de não se deixar ninguém para trás, assegurando que os benefícios da Ciência e do desenvolvimento sejam acessíveis a todos.

Por fim, Davidovich apontou a importância da cooperação internacional e o fortalecimento da ONU e suas organizações, que são organismos essenciais para a coordenação dos esforços globais. De forma semelhante, as Academias devem aprofundar a cooperação entre elas através de organizações como a IAP, o Conselho Mundial de Ciências (ISC, na sigla em inglês) e a Academia Mundial de Ciências (TWAS, na sigla em inglês). Isso é fundamental para que as Academias de Ciências e a comunidade científica internacional possam colaborar para a construção de um futuro melhor.