O presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Luiz Davidovich, participou, no dia 15/7, de um debate promovido pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Estado do Ceará. Coordenado pelo secretário Inácio Arruda, o tema do evento foi “Ciência.Br: Inovação e Tecnologia a Serviço do Desenvolvimento Nacional” e teve como objetivo discutir o protagonismo e as lições adquiridas pela ciência brasileira com o surgimento da pandemia causada pelo novo coronavírus.
Também participaram da conferência Tarcísio Pequeno, presidente da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap); Ênio Pontes, diretor do Proifes (Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico, Técnico e Tecnólogo); Claudia do Ó Pessoa, pesquisadora associada da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz); e Cristiane Borges, diretora-geral do Polo de Inovação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará.
A crise causada pela pandemia do novo coronavírus no Brasil e seu impacto na ciência, o contingenciamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e o tripé formado pelas principais agências de fomento à pesquisa brasileira foram os principais assuntos levantados por Luiz Davidovich no debate. Para ele, o momento que vive o Brasil e o mundo pode ser comparável com o fim da Segunda Guerra Mundial e o terror causado após a criação da bomba atômica. “O que temos agora é uma outra bomba, o coronavírus”, disse o presidente da ABC.
“A pandemia chega ao Brasil em uma situação ruim, com poucos pesquisadores em tempo integral trabalhando em empresas, um imenso e constante processo de desindustrialização”, afirmou Davidovich.
Se não bastasse o contexto sanitário e social complexo, o presidente também lembrou que a ciência vive uma escassez e bloqueio de recursos, como os do FNDCT, o que pode impedir a recuperação do país no pós-pandemia. “Os recursos do FNDCT devem ser aplicados em pesquisa de interesse empresarial, mas a maior parte está sendo aplicada em quitação da dívida pública do país”, lembrou Davidovich, ao afirmar que esse processo é uma violação ao artigo 218 da Constituição Federal, que garante que o Estado deve promover o desenvolvimento científico.
“O risco que enfrentamos atualmente não afeta apenas a ciência e os cientistas, afeta o país e seu futuro sustentável”, disse Luiz Davidovich, ao defender o tripé formado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Esta associação de agências de fomento à pesquisa científica brasileira é o que permite o desenvolvimento de tecnologias e negócios inovadores nacionais.
O presidente da ABC também destacou a campanha “Liberem o FNDCT” pela liberação do total de recursos contingenciados pelo Governo ao investimento em ciência. Um manifesto, lançado no Dia Nacional da Ciência (8/7), apoiado por mais de 70 entidades e associações científicas, foi uma ação da Iniciativa para a Ciência e Tecnologia no Parlamento (ICTP.br), integrada pela Academia Brasileira de Ciências.