Leia a matéria de Carlos Fioravanti para a revista Pesquisa Fapesp, publicada em julho de 2020:

“O Brasil tem de saber andar mais rápido e com as próprias pernas, principalmente em casos de pandemias”, afirmou o imunologista [e membro titular da ABC] Ricardo Gazzinelli, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Belo Horizonte e da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), em um debate no canal a cabo GloboNews no dia 14 de junho. Ele é coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Vacinas e lidera um dos projetos nacionais de vacinas, no qual começou a trabalhar com sua equipe em fevereiro, ao ver o avanço rápido da pandemia. “Não precisamos viver apenas de importar tecnologias”, diz.

Gazzinelli conta que já implantou um gene de coronavírus em um vírus de influenza atenuado, que deve ingressar nas células humanas e, se funcionar como esperado, teria uma dupla função, ao induzir a produção de anticorpos contra a covid-19 e a própria influenza. Em colaboração com colegas do Butantan e do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, ele espera começar os testes de segurança e eficácia em camundongos e coelhos no segundo semestre deste ano, a serem viabilizados com cerca de R$ 3 milhões do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), R$ 400 mil da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) e outros R$ 400 mil da Fapesp.

O imunologista Jorge Kalil, coordenador do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração (InCor) da Faculdade de Medicina da USP e do Instituto de Investigação em Imunologia, sediado no InCor, um dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) apoiados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Fapesp, por sua vez, recebeu R$ 4,5 milhões do MCTI para trabalhar em seu projeto de vacina.

Com sua equipe, ele seleciona proteínas do coronavírus que poderiam ser os melhores alvos de vacina. “É um trabalho árduo”, diz. Segundo ele, o gene responsável pela produção da proteína viral poderia ser implantado em vários tipos de vetores e estimular a produção de imunoglobulinas A e G e a ação de células de defesa, como os linfócitos T helper e citotóxicos, capazes de eliminar as células infectadas. Como Gazzinelli, Kalil pretende começar os testes em modelos animais ainda neste ano e os clínicos no próximo.

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