Fundada no reinado do imperador D. Pedro I, a Academia Nacional de Medicina (ANM), de forma frequente, recebia D. Pedro II que, por mais de 50 anos, foi um assíduo ouvinte das conferências sobre ciência e saúde. Sua cadeira permanece no Salão Nobre da ANM, até os dias atuais. Com enfermidade avançada, no dia 30 de junho de 1889 presidiu, pela última vez, a sessão de aniversário da instituição.

Nesta terça-feira (30/6), a ANM completará 191 anos e, como já é tradição, uma cerimônia solene marcará a comemoração. Considerada a mais antiga instituição na área da saúde em funcionamento permanente, foi criada em 1829 pelo médico cirurgião Joaquim Cândido Soares de Meirelles, sob o nome de Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro. A finalidade sempre foi responder às perguntas dos governos sobre todos os assuntos de interesse da saúde.

Em 2020, com a chegada da pandemia pelo novo coronavírus, suas habituais sessões científicas foram transferidas para o universo online, no qual o atual presidente, professor da Unifesp e oftalmologista Rubens Belfort Jr., estabeleceu uma agenda que aborda, exclusivamente, vários aspectos do SARS-CoV-2, desde março. Já os tradicionais chás acadêmicos foram suspensos pela primeira vez.

Durante a cerimônia de aniversário, nesta terça, serão anunciados os ganhadores dos prêmios da ANM. Foram 63 candidaturas – um número recorde -, que concorrem aos nove prêmios nesta edição. As premiações da ANM são também consideradas as mais antigas, pois foram criadas junto à idealização da instituição.

De 1829 a 2020, a Academia elegeu apenas um seleto grupo de 674 médicos brasileiros que ocupam as 100 cadeiras divididas entre as três Secções de Cirurgia, de Medicina e Ciências Aplicadas à Medicina.

Histórias pitorescas recheiam a trajetória da Academia Nacional de Medicina, como a entrada da primeira mulher, Marie Josephine Mathilde Durocher, eleita em 1871. Parisiense, veio para o Brasil aos sete anos e, já naturalizada, matriculou-se no curso de Partos da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1833. Para trabalhar como parteira e não sofrer discriminação, adotou uma indumentária masculinizada, vestindo-se de preto, com casaco, gravata, cartola e saia e esclareceu em uma publicação de 1871:

“Como primeira brasileira formada parteira, aos vinte e quatro anos, eu decidi que estava autorizada, ou melhor, obrigada a servir como um modelo para aqueles que viriam depois de mim.”

Famosas também foram as atuações da Academia Nacional de Medicina nas campanhas de saneamento, vacinação e durante o enfrentamento de outras epidemias como a de febre amarela, no início do século passado, e a pandemia de 1917. Credenciais que atraem novos médicos para o seu Programa de Jovens Lideranças Médicas. Outras iniciativas da ANM também são relevantes para a história da medicina em nosso país. A criação do Arquivo, cujo rico acervo possui informações relacionadas não só à história da medicina e da ciência brasileira com as fotos de Madamme Durocher, a parteira da família real portuguesa, mas também importantes acontecimentos da história política e social do país como o atestado de óbito do Imperador D. Pedro II; e a Biblioteca repleta de obras raras que contam os avanços ao longo desses quase dois séculos.

Serviço:
Dia: 30/06 – terça-feira
Horário: das 18:00 às 20:00
Local: Web Hall da ANM na plataforma Zoom