A Sociedade Brasileira de Física (SBF), em parceria com a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), organizou um painel transmitido pelo YouTube, no dia 26/6, em homenagem ao físico Roberto Salmeron, que faleceu no dia 17/6. Salmeron foi membro da ABC, pesquisador em diversas instituições internacionais, como a Escola Politécnica de Paris, e é reconhecido por suas contribuições à física de partículas.

Em memória a Roberto Salmeron, Luiz Davidovich, presidente da ABC; Rogerio Rosenfeld, presidente da SBF; Ildeu Moreira, presidente da SBPC; João Varela, professor da Universidade de Lisboa; Paulo da Veiga, professor da Universidade de São Paulo; e Alberto Santoro, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e responsável por coordenar o evento, se reuniram para homenagear e relembrar do papel físico para a ciência brasileira.

“Um lutador e defensor das ciências e de seu financiamento”, lembrou Alberto Santoro ao iniciar o evento. Santoro foi aluno de Roberto Salmeron, a quem deve a escolha por se tornar pesquisador de física de partículas e deixar a carreira de engenharia.

Luiz Davidovich, que é físico, lembrou das contribuições de Salmeron para a ciência e educação brasileiras. “Salmeron era multidimensional como formador de estudantes e como  liderança institucional”, disse. Davidovich também recordou sobre alguns momentos em que viu em Salmeron a inspiração pela continuidade da própria carreira ao observar, enquanto era aluno de graduação, a criação da Universidade de Brasília (UnB), que contou com a participação do físico. “Se hoje sou presidente da ABC e estou lutando pela ciência foi porque tive a influência de pessoas como Roberto Salmeron”, afirmou.

O presidente da SBPC, Ildeu Moreira, também físico, destacou entre as contribuições de Salmeron à história da ciência brasileira a defesa do cientista pela constituição da pesquisa aliada ao ensino. “É um mantra que defendemos até hoje e que ele colocava desde 1965”, disse. As ligações entre Salmeron e outros cientistas, como Abrahão de Moraes e Gleb Wataghin, também foram lembradas por Moreira por demonstrarem a característica inclusiva de Salmeron. “Uma pessoa que merece todo respeito e que os jovens deveriam conhecer”, pontuou.

João Varela foi um desses estudantes acolhidos por Salmeron durante seu doutorado. Recém-chegado à França, Varela deixava seu país, Portugal, após o fim da ditadura salazarista, para estudar na Escola Politécnica de Paris, onde conheceu o cientista. “Me recebeu de braços abertos”, afirmou. “Roberto era um pai científico, uma pessoa de muita visão”, recordou Varela, ao destacar a importância do físico para a implementação dos estudos de física de partículas em Portugal.

O reconhecimento que Roberto Salmeron recebia do exterior era utilizado pelo cientista como uma forma de internacionalizar o ensino do Brasil. Segundo Paulo Veiga, foi de Salmeron a ideia de difundir um programa de dupla diplomação entre a Escola Politécnica de Paris e as instituições de ensino superior brasileiras, como a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Avalio que essa ação transformou as perspectivas de ensino no Brasil”, concluiu.