Leia o artigo da Coalizão Ciência e Sociedade, grupo que inclui diversos Acadêmicos, publicado em 20/5:
O Dia Internacional da Biodiversidade é comemorado anualmente em 22 de maio. A data, criada pela Organização das Nações Unidas, é uma oportunidade para destacar a importância da diversidade biológica e, mais ainda, a necessidade de sua proteção sistemática em todos os ecossistemas do planeta. Em 2020, no Brasil, a data é um grave alerta sobre as fortes conexões entre bem-estar humano e a conservação da natureza.
O doloroso e, infelizmente, previsível avanço da pandemia de Covid-19 abriu as entranhas da desigualdade social e econômica e mostrou os impactos negativos dos movimentos de descrédito da Ciência no Brasil. Ao incansável esforço de comunicação, prevenção e apoio aos setores da sociedade mais duramente atingidos, se contrapõe a falta de liderança central responsável e empática.
Mesmo com as evidências científicas acumuladas nas últimas décadas sobre as relações entre degradação ambiental e o surgimento de novas zoonoses, o Brasil segue apresentando dados alarmantes de avanço do desmatamento, invasão de terras indígenas e medidas de relaxamento da fiscalização e da legislação ambiental. O mais alarmante é que essas ações vêm sendo patrocinadas por autoridades que deveriam defender e proteger o patrimônio ambiental de todos os brasileiros.
Está em marcha a degradação dos valores e missões e a perda de autonomia de instituições de Estado como a Funai, o Ibama e o ICMBio. Em nome de uma visão expropriadora que beneficia setores específicos da sociedade, gestores dessas instituições se voltam contra suas funções de manutenção dos direitos constitucionais dos povos indígenas e de proteção do meio ambiente que, sabidamente, gera múltiplos benefícios diretos para toda sociedade.