Ex-ministro  e CIência e Tecnologia (1992-1995), o Acadêmico José Israel Vargas manifesta-se sobre comentários presidenciais em carta aberta, encaminhada ao presidente da ABC, Luiz Davidovich, em 21/7:

“Prezado colega Luiz Davidovich,

Tendo sido convidado pela Academia para participar de reunião dos ex-ministros de CT&I para deliberar sobre a atual situação gerada pelo Governo Federal, informei que lamentavelmente não poderia comparecer por razões de doença. Face à atual surpreendente manifestação do Presidente da República em resposta aos termos lançados a público pelos ex-ministros desejo manifestar-me solidário com a oportuna manifestação. Associo-me igualmente à reação de nosso colega Ricardo Galvão em defesa da integridade e probidade dos membros do INPE no exame que o Instituto Nacional de Pesquisa Espacial vem competentemente realizando sobre o desmatamento da floresta amazônica, entre outras valiosas ações públicas.

Os agressivos termos usados pelo Presidente sobre o manifesto dos ex-ministros de Ciência e Tecnologia chocaram-me profundamente e levam-me à seguinte reflexão: nem o Presidente, nem os ex-ministros de CT, todos do gênero masculino, inclusive o próprio presidente, têm noção do que seja a gravidez. Quanto à gravidade, nem o presidente e nem alguns dos ex-ministros têm noção do que seja este fenômeno, como sabemos explicado por Albert Einstein no seu famoso texto sobre a relatividade geral. Noto enfim, que o Presidente também não tem noção da gravidade de suas sucessivas manifestações sobre os mais variados assuntos. Lamento dizer que elas trazem à mente o famoso dito de Voltaire que “a ignorância é cega e atrevida”.

Aparentemente o Governo Federal, com algumas exceções, parece considerar errado e condenável tudo o que se construiu no passado (antes de mim, o dilúvio), contrário ao famoso moto atribuído a Luis XV “aprés moi le déluge”.

Rogo ao prezado colega o obséquio de fazer chegar às mãos dos ex-ministros a presente mensagem, autorizando-o a divulgá-la pela Academia, caso a estime de interesse.

Abraço,

José Israel Vargas