A conservação marinha foi o tema de destaque do documento assinado pelas Academias de Ciências dos países membros do G20 (Estados Unidos, China, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Índia, Brasil, Itália, Canadá, Coreia do Sul, Rússia, Austrália, México, Indonésia, Turquia, Arábia Saudita, Argentina, África do Sul e a Comunidade Europeia), por meio do fórum de diálogo especializado, o Science 20 (S20).

Seguindo-se à reunião pioneira na Alemanha em 2017 e na Argentina, em 2018, representantes das academias nacionais no S20, reunidos em Tóquio, discutiram a proteção dos oceanos em relação ao lixo plástico e ao impacto das mudanças climáticas.

Dados do Conselho de Ciências do Japão, apresentados na reunião, mostram que o grupo de países do G20 é responsável por 82% de toda a ciência produzida no mundo a respeito de oceanos.

Na reunião do S20, o Brasil foi representado pelo Acadêmico Luiz Drude de Lacerda, professor do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC) e diretor-científico da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), que participou na redação e revisão do documento a ser apresentado e referendado em Osaka.

O primeiro-ministro do japão recebe as recomendações do S20 e interage com os cientistas

A reunião ocorreu em 6 de março, na sede do Conselho de Ciências do Japão, em Tóquio.

As recomendações do grupo do S20 foram entregues ao primeiro-ministro japonês Shinzō Abe, para serem apresentadas no encontro anual do G20, em junho próximo, em Osaka.

Duas estratégias foram muito discutidas em relação à redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) e de contaminantes, particularmente de plásticos. Os países mais desenvolvidos, como Japão e Alemanha, mostraram claramente a opção baseada em incrementar do uso de tecnologias limpas e na reciclagem, embora tenham sido muito debatidas as dificuldades de suas aplicações sob diferentes situações. Mesmo em um cenário mais otimista, concorda-se que menos da metade dos plásticos liberados para o ambiente poderão ser reciclados. Por outro lado, apesar dos acordos multilateriais, as emissões de CO2 continuam a aumentar em taxas crescentes.

Estas constatações sugerem fortemente que o impacto positivo desta ação é, no minimo, limitado, e que sua escolha deverá ser acompanhada de medidas de mitigação e adaptação. Desta forma, enquanto a melhoria da tecnologia existente e o desenvolvimento de novas tecnologias “limpas” são fundamentais para diminuir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e de contaminantes, ações simultâneas visando o aumento na resiliência dos ecossistemas costeiros e marinho ao ambiente do cenário criado pela mudança climática global é urgente. Esta opção foi particularmente debatida pelos representantes de países emergentes.

Mitigação e adaptação às mudanças globais devem ser focadas em aumentar a eficiência do sequestro de carbono pela reabilitação dos ecossistemas costeiros, em particular dos manguezais e pradarias de fanerógamas submersas de água salgada. Além de aumentar o sequestro do carbono, isso também irá aumentar a filtragem dos nutrientes derivados do continente evitando a eutrofização. Também irá aumentar a proteção dos litorais, face ao aumento da frequência de eventos extremos e da erosão costeira, devido ao aumento do nível do mar. Transplante de corais também pode ser uma estratégia rápida para recuperar áreas de branqueamento, devido ao aumento da temperatura do mar. Esforços neste sentido devem ser incentivados em programas científicos multilaterais e ser uma prioridade no financiamento internacional da ciência.