Nascido em bairro humilde, na periferia da cidade de Jundiaí, em São Paulo, o passatempo de Tiago Pereira da Silva na infância era brincar com os vizinhos na rua e criar seus próprios brinquedos. Sempre gostou de saber como as coisas funcionavam, e encontrou nas ciências exatas a inspiração necessária para suas próximas invenções. O mais velho de três irmãos, Tiago foi o primeiro a ingressar na faculdade e sempre incentivou os irmãos a fazerem o mesmo. Hoje, são todos graduados.
No ensino fundamental, o menino já tinha interesse maior nas ciências e na matemática. No ensino médio, optou por uma formação técnica e, posteriormente, quando trabalhou na indústria, percebeu que, para entender como os equipamentos funcionavam, teria que retornar aos estudos da física e da matemática.
Entre 2001 a 2004, Tiago Silva realizou o bacharelado em física na Universidade de São Paulo (USP). Logo no primeiro ano de faculdade começou a fazer iniciação científica, no Laboratório de Fenômenos Não-Lineares, coordenado pelo professor José Carlos Sartorelli. “Eu resolvi tentar fazer pesquisa logo que vi meu nome na lista de aprovados. Pedi demissão do meu trabalho e resolvi que ia passar o tempo todo na faculdade estudando”, relembra.
No último ano da graduação, iniciou direto o doutorado em matemática aplicada pela Universidade de Potsdam, na Alemanha. Por lá ficou até 2007, quando realizou o pós-doutorado no Helmholtz Center for Mind and Brain Dynamics. De 2007 a 2015, chegou a cursar outros programas de pós-doutorado – na USP, no Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa), na Universidade Humboldt de Berlim (Alemanha) e no Imperial College London (Reino Unido).
Desde então, passou a dar aulas no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP (ICMC-USP), onde também atua como pesquisador.
Para explicar seu projeto de pesquisa, o cientista faz a seguinte analogia: “Quando estamos numa festa de aniversário, prontos para cantar parabéns, no começo as palmas ficam bagunçadas, mas bem rapidinho, sem ninguém combinar, todos batem palmas juntos. Isso também acontece no nosso coração. Ele é formado por milhares de células. Assim como a gente, cada célula bate palma do seu próprio jeito, mas quando elas estão juntas passam a atuar de maneira muito organizada e fazem nosso coração funcionar. Eu quero entender a regra que a natureza usa para gerar tanta ordem assim”.
Tiago Pereira da Silva diz que gostaria de entender porque a ordem surge nesses sistemas de maneira espontânea. “Esse problema de ajuste de ritmos de forma espontânea é o problema não linear mais antigo de história de ciência moderna. De maneira espetacular, a matemática nos permite descrever as regras que tornam esse comportamento coletivo possível em diversos sistemas”, completa o Acadêmico.
Pai de três filhos, outra preocupação de Pereira é a divulgação científica, especialmente para crianças que têm poucas oportunidades de discutir o tema no seu dia a dia. Como membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências (ABC), para o período de 2019 a 2023, Tiago Pereira deseja atuar nas escolas e debater sobre os cientistas e a ciência que é feita no Brasil.