Um dia, acampando no interior do Rio de Janeiro, o pequeno Diogo olhou para o céu e ficou maravilhado com aquele gigantesco “pano preto, cheio de furos iluminados”. Quando chamou seus pais para admirarem também, eles lhe explicaram sobre a Via Láctea, o Universo e sobre os cientistas que faziam do estudo da natureza e seu funcionamento uma carreira. Hoje, o físico Diogo de Oliveira Soares Pinto entra para o grupo dos tais cientistas, realizando pesquisa teórica em informação quântica.
Nascido em 1981, Diogo de Oliveira Soares Pinto passou toda sua infância na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. Lá, desde que estivesse com os amigos, se divertia fazendo qualquer coisa: soltando pipa, jogando futebol ou bolinha de gude. Na escola, suas disciplinas favoritas eram história e literatura. Foi só no ensino médio que veio o encantamento pela física, mas a vontade e imaginação para buscar os porquês da vida sempre estiveram por ali.
Com a mãe trabalhando no serviço público e o pai advogado, na escolha da graduação Diogo ficou dividido entre direito, engenharia mecânica e física. Por sorte, teve a oportunidade de visitar a Usina Nuclear Angra 2, em Angra dos Reis, antes de tomar a decisão. Ele lembra a experiência: “Fiquei impressionado com tudo aquilo e como a energia nuclear poderia ser usada no processo de geração de energia elétrica. Saí dali com certeza de que física era a carreira que queria seguir”.
De 2000 a 2003, Diogo realizou a graduação em física na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Foi por volta de 2002 que o Acadêmico começou a fazer iniciação científica com o professor Pedro Pascutti no Instituto de Biofísica da UFRJ. Com ele conheceu a física estatística de moléculas biológicas, a partir de simulações computacionais. “Essa iniciação científica foi muito importante para a minha formação como pesquisador, pois me ofereceu um primeiro contato com pesquisa, colaborações científicas, apresentações em conferências”, comenta.
Foi durante a graduação também que Diogo Pinto descobriu na física teórica e nos fundamentos da física os seus maiores interesses, durante as aulas de Introdução à Teoria Quântica de Campos do professor Henrique Boschi. O cientista destaca ainda o período que passou no Departamento de Física da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) com o professor Welles Morgado. “Aprendei muito sobre física teórica e estatística, o que moldou uma parcela considerável do meu conhecimento e minha maneira de trabalhar até hoje”, declarou.
De 2004 a 2009, fez doutorado sanduíche no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e na Universidade de Aveiro (UA), em Portugal. O cientista revela que a fase foi bastante intensa, mas a melhor de sua formação. Com os professores Ivan Oliveira (CBPF), Roberto Sarthour (CBPF) e Mario Reis (UA), aprendeu mais sobre o papel do pesquisador em ciências físicas e a investigar temas ligados aos fundamentos da teoria quântica.
Depois realizaou estágio de pós-doutorado no Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC/USP), onde trabalha como professor atualmente. Como pesquisador, Diogo Pinto tem buscado compreender as vantagens que propriedades exclusivamente quânticas dão aos protocolos de processamento da informação. Um exemplo de seu trabalho está na metrologia quântica, que estima parâmetros de um sistema para utilizar em dispositivos tecnológicos ou comparar com teorias subjacentes. Ele explica: “Uma boa forma de visualizar a importância desse tema é na estimativa da temperatura de CPUs de computadores. Se essa temperatura aumentar muito e nada for feito, certamente o computador pifará e todo trabalho será perdido. Portanto, estimando-se esse parâmetro podemos determinar que a partir de uma dada temperatura um protocolo deve ser rodado para evitar mau funcionamento e avarias”.
Hoje, o físico compartilha seu gosto pela literatura com a esposa e a filha, que está para completar dois anos. Quanto à paixão pela ciência, ele espera que, como membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências (ABC) no período de 2019 a 2023, possa dividi-la com toda a sociedade, planejando ações de divulgação científica e que promovam o desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil.