Sala da exposição “Museu Nacional Vive – Arqueologia do Resgate”, no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro. Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil
Antropologia, botânica, entomologia, geologia e paleontologia, invertebrados e vertebrados são as áreas contempladas entre os 170 itens selecionados pela Comissão de Resgate do Museu Nacional (MN) para a exposição “Museu Nacional Vive – Arqueologia do Resgate”. Sediada no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no Rio de Janeiro, a mostra vai até 29 de abril e conta ainda com peças que não foram danificadas pelo fogo ou estavam emprestadas pelo MN.
Entre os itens em exibição estão o Meteorito Santa Luzia; animais taxidermizados; o crânio de um jacaré-açu; ânforas, lamparinas e vasos, romanos e etruscos pertencentes às coleções de D. Pedro II e da Imperatriz Teresa Cristina; e esculturas de Shabti de Haremakhbit de faiança, do Egito Antigo.
Diretor do Museu Nacional e membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Alexander Kellner comenta: “Perdemos muito. Ainda precisamos fazer um trabalho extremamente delicado de recomposição do acervo, onde vamos precisar inclusive que os colegas de outros países nos auxiliem para que a gente consiga fazer essa recomposição. Mas, mesmo assim, é fundamental que a gente enfatize que nem tudo foi perdido. E é justamente o que a gente mostra na nossa exposição”.
A mostra foi concebida por uma curadoria coletiva, formada por curadores, professores e profissionais de todas as áreas de pesquisa do MN, construída no processo, e em um curto espaço de tempo. O cerimonial de abertura, no dia 25 de fevereiro, lotou o 2º andar do CCBB com funcionários do museu e demais agentes da cultura e da ciência brasileiras.
A professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Rogéria de Ipanema, doutora em história, elogiou a capacidade de todo o corpo do museu de “se reinventar e se reorganizar” para fazer uma exposição em um importante centro de divulgação como o CCBB. “Essa exposição dá uma dimensão pequena do que é o museu, mas grande por conta do momento simbólico, do quanto ele não se entrega, do quanto ele é desejado, e do quanto ele pode e as universidades têm capacidade de gerir, de fomentar a pesquisa, o ensino e a extensão, para a cidade e para o país”, completa a professora.
Réplica feita por estudante de 13 anos entra para o acervo do museu
Réplica do Trono de Daomé, feita pelo estudante Miguel com papel machê, na exposição “Museu Nacional – Arqueologia do Resgate”, no CCBB Rio de Janeiro. Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil
Uma reprodução do Trono de Daomé, peça africana incorporada ao acervo do Museu Nacional em 1818, chamou atenção e comoveu os visitantes da exposição. Elaborada pelo estudante Miguel Monteiro Nunes, de 13 anos, a réplica em tamanho natural, feita de papel machê e verniz, foi concebida para um projeto da escola de Miguel, o Colégio Américo de Oliveira, em Marechal Hermes, Rio de Janeiro.
A ideia, explica a vice-diretora e coordenadora pedagógica, Eliana Cordeiro, surgiu da comoção do corpo docente com o incidente que atingiu o museu em setembro de 2018. Cada turma ficou sob responsabilidade de um professor ou professora, que adotou um dos temas trabalhados no acervo do MN.
Orientada pela professora de geografia Janaína Braz, a turma de Miguel recebeu o desafio de pesquisar sobre o acervo da sala “Kumbukumbu: África, Memória e Patrimônio” e reproduzir uma de suas obras. “Eu até falei, ‘Mas Miguel, você vai fazer esse trono sozinho?’, ele respondeu ‘Vou professora, vou fazer sozinho'”, lembrou Janaína. Sob orientação da professora e com a ajuda de sua tia, Miguel conseguiu entrar para o acervo do Museu Nacional.
Seção de Assistência ao Ensino do Museu Nacional continua a promover atividades de popularização da ciência
Além das exposições “Museu Nacional – Arqueologia do Resgate” e “Quando nem Tudo era Gelo – Novas Descobertas no Continente Antártico“, o Museu Nacional segue atuando na divulgação científica por meio de sua Seção de Assistência ao Ensino (SAE).
Todo domingo, de 10h às 17h, a SAE realiza atividades de popularização da ciência para o público da Quinta da Boa Vista. Chefe da SAE, a pedagoga Sheila Nicolas Villas Bôas informa ainda que a SAE estará trabalhando em parceria com os educadores museais do Programa CCBB Educativo – Arte e Educação durante a exposição.
Educadores da SAE e do Programa CCBB Educativo reunidos em frente ao painel da exposição, no CCBB. Foto: SAE / Facebook