Desde criança, Eduardo Costa Girão sempre teve um apreço maior pelas ciências exatas. Na adolescência, tinha certeza de que gostaria de trabalhar com números. Mas o novo afiliado da Academia Brasileira de Ciências (ABC) só não esperava que fosse a física, e não a matemática, que se tornaria sua verdadeira paixão na vida adulta.

Eduardo nasceu em Fortaleza, no Ceará, em 1982. Guarda boas lembranças da infância simples e tranquila, com partidas de futebol com os amigos da vizinhança e as viagens a Morada Nova, no interior do estado, para visitar a avó paterna. “De lá vem minhas melhores lembranças da infância: o contato com a natureza quando íamos a um rio nas imediações da cidade, o doce de leite que vovó fazia e a lapinha que ocupava uma sala inteira e que ela montava todos os anos no natal”, lembrou o cientista.

Ainda assim, Eduardo conta que a vida da família foi marcada por dificuldades e revelou a gratidão pelo esforço que seus pais realizaram para dar a ele e a irmã uma boa educação. Na escola, sua matéria favorita era matemática e por isso tinha vontade de participar das olímpiadas estudantis nesta área. Sem ter tido essa oportunidade, participou então da Olímpiada Brasileira de Física. Passou tanto tempo estudando física para obter um bom resultado no teste que, no momento do vestibular, acabou optando pela graduação neste campo.

Em 2002, ingressou no curso de física da Universidade Federal do Ceará (UFC) e, já inserido na iniciação científica, passou a se interessar mais pela pesquisa do que pela docência. Ele conta que o professor Josué Mendes Filho foi o responsável por sua atuação no estudo de nanomateriais e por seu primeiro contato com o mundo da simulação computacional.

Após a conclusão do bacharelado em 2005, no ano seguinte Eduardo ingressou no mestrado, também na UFC. Em 2008 iniciou o doutorado na mesma universidade, mas, desta vez, com período sanduíche no Instituto Politécnico Rensselaer, em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Durante seu trabalho no exterior, o cientista teve a oportunidade de conhecer novas teorias aplicadas ao estudo de nanomateriais e trabalhar com o desenvolvimento de códigos computacionais. Ele recorda: “Foi um tempo muito produtivo, e também de muito trabalho. Muito trabalho mesmo, pois ao lembrar daquele ano, tenho a impressão de trabalhei dois anos em um só. Foi um tanto extenuante, mas tenho para mim que foi um dos melhores aperiodos da minha vida, porque acho que cheguei no auge da minha paixão pelo tipo de trabalho que fazia”.

Hoje, Eduardo Girão é pesquisador e professor na Universidade Federal do Piauí (UFPI). Atua na área da nanociência, investigando as propriedades de novos materiais por meio de ferramentas da física computacional. Ele explica que a nanociência estuda as propriedades de materiais com dimensões minúsculas e, portanto, “é o primeiro passo para gerar novas tecnologias a partir da natureza”. Isto, inserido na prática das simulações computacionais, permite que os cientistas explorem um número imenso de novas possibilidades”. O que fascina o Acadêmico na área é justamente a possibilidade de investigar “como fenômenos ocorrendo em um mundo minúsculo podem ter efeitos e consequências que se mostram aos nossos olhos”.

Para o físico cearense, integrar o quadro de membros afiliados da ABC é uma responsabilidade que ele espera atender positivamente, contribuindo para o reconhecimento da ciência pela sociedade e estimulando jovens a se engajarem na carreira científica.