Leia o comentário do Acadêmico Norberto Peporine Lopes (FCFRP-USP), presidente da Sociedade Brasileira de Química, sobre o Nobel de Química 2018:

Três cientistas foram laureados, em 2018, pelas pesquisas no desenvolvimento de novas enzimas e anticorpos para uso nas mais diversas áreas, como novos produtos farmacêuticos, detergentes, catálise verde e biocombustíveis. Os vencedores foram o britânico Sir Gregory P. Winter e os norte-americanos Frances H. Arnold e George P. Smith.

Metade da premiação de nove milhões de coroas suecas (£ 770.000) vão para a doutora Arnold. A pesquisadora foi agraciada por suas pesquisas em biologia sintética, com foco em novas estratégias para evolução enzimáticas, realizadas no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech). Através de suas observações foi possível introduzir mutações genéticas específicas, visando a obtenção de enzimas estáveis e altamente ativas. O foco destas enzimas é, principalmente, a degradação de celulose, permitindo um salto significativo no desenvolvimento de produtos a partir de biomassa, incluindo combustíveis verdes para jatos comerciais.

Frances H. Arnold, George P. Smith e Sir Gregory P. Winter

A segunda metade do prêmio foi destinada às pesquisas realizadas por Sir Winter e Dr. Smith,  pelo desenvolvimento da metodologia de “Phage Display“, técnica que proporciona a síntese e a expressão de peptídeos/proteínas na superfície de vírus filamentosos. Estes vírus, conhecidos como fagos, infectam bactérias. Os pesquisadores desenvolveram uma tecnologia para projetar fagos geneticamente modificados que pudessem apresentar, em sua superfície (capsídeo viral), peptídeos/proteínas para uso nas ciências básicas e aplicadas, com potencial uso para terapias e diagnósticos. Um ponto de grande interesse da sociedade em geral é o fato de esta tecnologia permitir a produção de anticorpos recombinantes humanos, hoje já empregados no tratamento de diversos tipos de doenças como câncer e doenças autoimunes.