Nos dias 12 e 13 de setembro, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) promoveram o encontro “Grandes Projetos de Colaboração Internacional da Ciência Brasileira”. Reunidos no auditório da ABC, coordenadores dos principais projetos de grande porte, multiusuários e integralmente vocacionados para a colaboração internacional discutiram seus projetos, desafios e formas de financiamento.
Long-Baseline Neutrino Facility (LBNF)
O professor Ettore Segreto, do Instituto de Física da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), apresentou a instalação Long-Baseline Neutrino Facility (LBNF). O programa, idealizado, coordenado e financiado por meio de uma cooperação internacional, foi elaborado para a execução do experimento Deep Underground Neutrino Experiment (DUNE).
O DUNE tem como motivação científica o estudo da física de oscilação de neutrinos, nucleon decay e física e astrofísica da explosão de supernova. “Os neutrinos são partículas fundamentais, neutras, com probabilidade de interação com a matéria muito pequena e por isso são difíceis de serem detectados”, explicou o professor. Uma vez que a construção da LBNF for finalizada, ela acomodará o feixe de neutrinos com maior intensidade do mundo e a infraestrutura necessária para apoiar enormes far detectors criogênicos.
O experimento é realizado por mais de 1000 colaboradores, de 175 instituições e 32 nações diferentes, incluindo a Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (Cern, na sigla em inglês). Segreto destacou que o Brasil exerce um papel de liderança dentro da colaboração e que a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) é a instituição que tem realizado investimentos pelo lado brasileiro. Ele informou também que o consórcio busca o investimento de US$ 10 milhões para o projeto.
Coherent Neutrino-Nucleus Interaction Experiment (Connie)
Irina Nasteva, professora do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), introduziu o projeto Coherent Neutrino-Nucleus Interaction Experiment (Connie). O experimento tem como missão a detecção do processo de espalhamento coerente de neutrinos em núcleos de silício. A professora ressaltou que este procedimento pode ser utilizado para indicar uma nova física, além de estimular as pesquisas sobre oscilações de neutrinos, matéria escura e modelos de transporte de energia em supernovas. O detector Connie está localizado no laboratório adjacente ao domo do reator nuclear Angra II.
A cooperação por trás do experimento tem cerca de 25 membros e é formada por instituições do Brasil, Argentina, México, Estados Unidos, Paraguai e Suíça. Sobre o investimento feito pelo lado brasileiro, o projeto recebeu R$ 300 mil e conta com a infraestrutura e apoio da Eletronuclear. Atualmente, a colaboração reivindica recursos para a ampliação da infraestrutura no laboratório de neutrinos, desenvolvimento de infraestrutura para laboratório de Charge Coupled Devices no Rio de Janeiro, pós-doutorandos e cooperação científica.
Durante sua apresentação, Nasteva destacou que o Connie cria a possibilidade para o Brasil de assumir papel de liderança e sediar o próximo grande experimento de neutrinos de baixas energias.
Genome Project-write (GP-write)
Apresentando o projeto Genome Project-write, participou, via chamada de vídeo, o Acadêmico e pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Elibio Rech. O GP-write é uma pesquisa internacional gerida por um grupo multidisciplinar de líderes científicos envolvidos com engenharia genética que irá reduzir o custo de genomas a cerca de 1000 vezes ao longo de 10 anos. O Acadêmico explicou que o projeto busca causar um grande impacto na área da saúde, ampliando o acesso à tecnologia de fronteira na área de genomas para a sociedade.
O consórcio é formado por cerca de 200 cientistas, de 100 instituições e empresas em 15 países diferentes. Representando o Brasil, Rech destacou a participação do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Biologia Sintética. Sobre os custos, ele indicou que o orçamento estimado para o projeto é de US$ 13 milhões.
Rede Nacional de Física de Altas Energias (Renafae)
Encerrando o evento, a professora do departamento de física da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Carla Göbel, apresentou a Rede Nacional de Física de Altas Energias (Renafae). O projeto tem como objetivo principal coordenar as atividades dos grupos atuantes em física de altas energias e, em particular, as atividades associadas às grandes colaborações internacionais.
O programa científico atual da Renafae conta com grandes projetos baseados em atividade colaborativa, como experimentos no Cern, um programa de detecção e física de neutrinos, o Observatório Pierre Auger (raios cósmicos) na Argentina, o Cherenkov Telescope Array (CTA) no Chile e computação de alto desempenho (Grid).
Göbel explicou que para realizar essas colaborações e experimentos, a Renafae deve oferecer contribuições em dois campos: o do trabalho e o financeiro. Sobre o investimento, a pesquisadora explicou que, anualmente, a Renafae contribui com US$ 800 mil para auxiliar nos custos da manutenção e operação dos experimentos. Ela indicou ainda os desafios enfrentados na área financeira, como a dificuldade de assinar acordos internacionais de cooperação e a preferência por investimentos em pesquisadores individuais e financiamentos de curto prazo.
Assista às apresentações na íntegra:
Grandes Projetos de Colaboração Internacional da Ciência Brasileira
#EventosABC | Confiram a transmissão do segundo dia do evento Grandes Projetos de Colaboração Internacional da Ciência Brasileira, oferecido através da parceria entre a Academia Brasileira de Ciências e a SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da CiênciaSaiba mais sobre o evento: https://goo.gl/bTVSEg #ABCiencias #CiênciaGeraDesenvolvimento #TodosPelaCiência ┉┉┉┉┉┉┉┉┉WWW.ABC.ORG.BR• Facebook: www.facebook.com/abciencias• Twitter: www.twitter.com/abciencias• Instagram: www.instagram.com/abciencias/• Canal da ABC: www.youtube.com/academiabrasciencias• Anais da Academia: www.facebook.com/aabcjournal
Publicado por Academia Brasileira de Ciências em Quinta-feira, 13 de setembro de 2018