Com pais cientistas e uma enorme curiosidade desde criança, Ana Leonor Chies Santiago Santos já dava indícios de que seguiria a carreira de cientista ainda durante a infância. Amante das ciências, Ana escolheu a física para se profissionalizar e hoje trabalha pesquisando a formação e evolução das galáxias.

O pai, microbiologista, e a mãe, geneticista, trabalhavam na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre, cidade onde Ana nasceu e cresceu. Ela lembra que a dança e a ciência foram paixões que apareceram muito cedo em sua vida, e que aos três anos já fazia balé clássico. Na escola, suas matérias preferidas eram as ciências no geral e história.

Dividida entre as ciências humanas e as exatas, a cientista chegou a pensar em cursar direito na graduação. Mas, como ela mesma explica, o interesse em saber como as coisas funcionavam prevaleceu, e então em 2001 ingressou no curso de física da UFRGS para se tornar astrofísica.

Durante a graduação, Ana Leonor começou a fazer iniciação científica em astronomia com a professora Miriani Pastoriza, membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), que co-orientou Chies no mestrado. A cientista lembrou os exemplos que teve ao longo da faculdade: “as professoras Miriani Pastoriza e Thaisa Storchi Bergmann sempre foram exemplos de mulheres que faziam de tudo”. Sobre a época do mestrado, lembra que o ambiente do Departamento de Astronomia sempre foi alegre e que se sentia muito feliz em poder ser pesquisadora ali.

Em 2007, orientada pelo professor Basilio Santiago, Chies concluiu o mestrado em física na UFRGS, e no mesmo ano foi para a Holanda fazer o doutorado em astrofísica, na Utrecht University. Lá, foi orientada pelos professores Soeren Larsen e Christoph Keller, “O estilo de trabalho era bem diferente do Brasil. Aprendi a ser mais independente”, completou a cientista.

Em 2011, iniciou um programa de pós-doutorado de quatro anos na University of Nottingham, Inglaterra. No mesmo ano em que terminou o curso, fez outro pós-doutorado, dessa vez no Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas, na Universidade de São Paulo (USP).

Atualmente, Ana Chies trabalha como professora e orientadora na UFRGS, e tem se dedicado a pesquisa das galáxias com análise de dados de observações em telescópio. Ela especifica: “Mais precisamente, galáxias que ainda tem gás disponível para formar estrelas e sofrem transformações em aglomerados de galáxias e aglomerados globulares, conjuntos de estrelas unidas gravitacionalmente que nos ajudam a entender as diferentes etapas de formação de galáxias elipsoidais. ”

A cientista diz que adora conhecer novas pessoas e culturas, e que dentro da ciência a diversidade é um fator que pode agregar muito. Ela se mostrou honrada em receber o título de membro afiliada da Academia Brasileira de Ciências e completou: “Tem tanto trabalho a ser feito para melhorar as políticas de ciência nesse país… Sempre penso, do que adianta fazer ciência no topo do mundo, se não pudermos mudar o mundo? ”