Morreu no último domingo (22), o geólogo e membro titular da ABC, Márcio Martins Pimentel. O professor e pesquisador da área das ciências da Terra faleceu aos 59 anos em Brasília, onde exercia o cargo de professor titular no Instituto de Geociências da Universidade de Brasília (UnB).

Márcio Pimentel ficou conhecido por sua pesquisa em geocronologia, tendo fundado entre 1995 e 1997 o Laboratório de Geocronologia do Instituto de Geociências da Universidade de Brasília, o qual foi coordenador até o ano de 2009. Obteve grande destaque também nas áreas de geologia regional e geotectônica.

Nascido no Rio de Janeiro em 1959, Márcio cursou o primeiro grau nos colégios Joaquim Nabuco e Santo Inácio, no bairro de Botafogo. Entre 1978 e 1985, realizou a graduação e o mestrado em geologia na Universidade de Brasília. Em 1987, foi para a University of Oxford, na Inglaterra, e em 1991 concluiu lá o doutorado em geologia. No Canadá, realizou o pós-doutorado na Universidade de Quebec entre os anos de 1992 e 1993. Em 2002, concluiu outro programa de pós-doutorado, desta vez nos laboratórios de SHRIMP da Australian National University, na Austrália.

Como professor, atuou na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) entre 2009 e 2013, e na Universidade de Brasília (UnB) entre 1989 e 2009, e posteriormente de 2013 até a sua morte.

Na área da pesquisa, Pimentel tornou-se um grande nome na aplicação da geoquímica de isótopos radiogênicos (Rb-Sr, U-Pb, Pb-Pb, Sm-Nd e Re-Os), utilizando a aplicação de isótopos de Pb em projetos de monitoramento ambiental. Seu trabalho passou a ser conhecido também por sua descoberta, na década de 90, de extensas áreas do Centro-Oeste brasileiro, formadas por rochas juvenis de arco magmático intraoceânico do Neoproterozóico, constituindo o que se chamou de arco magmático de Goiás.

Ao longo de sua trajetória, acumulou diversos prêmios e conquistas. Foi pesquisador 1A do CNPq. Recebeu, em 1992, o prêmio Martelo de Prata da Sociedade Brasileira de Geologia, em 1998, foi eleito Membro Associado da Academia Brasileira de Geociências, em 1999, foi agraciado com o Prêmio Fausto Alvim de Excelência Acadêmica, e em 2000, recebeu da Academia Russa de Ciências o Prêmio Geológico Internacional L.A. Spendiarov. Em 2000, recebeu o prêmio José Bonifácio da Sociedade Brasileira de Geologia e foi eleito membro da Ordem Nacional do Mérito Científico na classe Comendador.

Também geólogo e membro titular da ABC, Alcides Nóbrega Sial lamentou a morte do grande amigo: “O Prof. Pimentel, que nos deixou precocemente (apenas 59 anos), era um dos maiores expoentes da geologia nacional, com expressiva  contribuição científica (número e sobretudo qualidade).  Dentre o legado científico deixado figura a criação do laboratório de isótopos radiogênicos da UnB, fruto de enorme dedicação e profundo conhecimento adquirido na Inglaterra (Oxford onde obteve o Ph.D.), Canadá e Austrália (pós-doutorados), além de interação com mais de 200 cientistas do Brasil e exterior.  Deixa uma lacuna difícil de ser preenchida.” Em comunicado para a ABC, Sial completou:”Tinha nele um dos melhores amigos nas geociências, um irmão.”